24 | amigos que se apaixonam

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FICO SENTADA EM uma poltrona na sala de televisão enquanto Martin arruma três colchões com lençóis macios e travesseiros no espaço entre o móvel de fórmica escura e os sofás

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FICO SENTADA EM uma poltrona na sala de televisão enquanto Martin arruma três colchões com lençóis macios e travesseiros no espaço entre o móvel de fórmica escura e os sofás. Era tipo uma festa do pijama, só que em vez das minhas amigas, seria com meu irmão e meu namorado falso, que se revezariam a noite toda na minha vigília, para o caso de eu passar mal.

É um exagero, se quer saber minha opinião. Eu estou bem.

Minha sogra me deixou tomar banho em seu banheiro cheio de produtos caríssimos e tinha até me emprestado um pijama de seda para passar a noite. Fiquei 30% do tempo efetivamente tomando o banho, e os outros 70% fazendo bolhas de sabão, fingindo que eu estava no meu próprio videoclipe.

Agora que estou envolta em um tecido gostoso, com a cabeça em um travesseiro super macio, me sinto uma princesa e estou flutuando em um mundo feito de glitter e coraçõezinhos coloridos.

Estou perfeitamente bem.

Não há nada de errado comigo.

Deitada sobre seus lençóis do colchonete que Martin arrumou para mim, deixo minha cabeça pesar, só então percebendo que eu estava mesmo cansada. Podia jurar que estava deitada em uma nuvem, que estava me acalentando.

— Vou colocar algo para a gente assistir, mas esse — ele toma o controle remoto das minhas mãos — é o controle do ar-condicionado, Aurora.

Olho, confusa, para o controle que claramente não tinha botões suficientes para comandar uma televisão. Dou de ombros, e volto a me acomodar no travesseiro.

— Hádria está saindo do banho e vai dormir em cinco minutos, provavelmente. Combinamos que ele vai pegar o segundo turno do plantão-Aurora. Ele também caprichou na bebida, e isso vai dar um tempo para ele descansar antes de ficar de olho em você.

— Eu veto carros, armas e explosões — emburro a cara, cruzando os braços e não dando a mínima para aquele falatório. — Qualquer filme de ação.

— Vamos assistir Supernatural — diz ele, sem dar margem para que eu questione nada. — Eu comecei a reassistir esses dias — ele clica no pôster da série com a foto daquele menino que também faz Gilmore Girls. O alto, de cabelo castanho brilhante e cara de cachorrinho que caiu da mudança. Ele é bem bonito.

Mas o Martin é mais.

— Nunca dei muita bola para essa série — digo. — É muito longa.

— Você e Renata são viciadas em Grey's Anatomy — retruca ele, fazendo alusão ao fato de que aquela série também era bem longa, com 20 temporadas na conta.

— Cada segundo vale a pena.

Supernatural também.

— Tem romance?

— Não é o foco.

Levo a palma da mão até a boca e assopro, fazendo um ruído bem infantil e nem um pouco lisonjeiro. Martin solta uma risada sincera, passando as mãos nos cabelos loiros.

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