03 | a nerd e o popular

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msanaluiza pediu mais, então aqui vai mais <3

RENATA JOGA UM pedaço de papel dobrado em formato de coração na minha mesa

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RENATA JOGA UM pedaço de papel dobrado em formato de coração na minha mesa. Estamos em uma enfadonha aula de geografia, da qual eu deveria estar tomando notas, considerando o estado do meu boletim na matéria.

Mas eu estou rabiscando minhas frases favoritas da última leitura no meu caderno, e treinando o estilo de caligrafia que eu preferia usar nas folhas em branco do meu fichário.

Você vai ter torcicolo se não levantar a cabeça pelo menos uma vez, era a mensagem.

Sorrio para o bilhete, porque ela estava certa. Arrisco um olhar em sua direção. Hoje minha melhor amiga prendeu as tranças no topo da cabeça e decorado com pequenos berloques dourados. Usa brincos também dourados e geométricos, delineado preto nos olhos e os lábios de brilhantes gloss. Um pouco de iluminador acentua os ossos de sua bochecha e valoriza sua pele negra.

E ela tinha feito tudo aquilo antes das sete da manhã. Lenda.

Viro o papel que ela tinha arremessado em minhas mãos e escrevi no verso:

Nehemia?

Passo o bilhete de volta para Renata, que faz que sim com a cabeça. Ela gosta de se vestir como personagens negras de todos os tipos de ficção. A homenageada do dia era uma princesa de um dos livros que eu a tinha forçado a ler, Trono de Vidro.

É uma das formas que ela encontrou para expressar sua criatividade, considerando que na nossa cidade não temos muitas opções para aqueles que desejam seguir uma carreira no teatro ou em moda, seus dois maiores interesses.

Embora não seja muito da leitura, Renata gosta quando eu dou sugestões para suas produções, porque faz muito sucesso nas redes sociais. Ela tem, tipo, um bazilhão de seguidores. Além de se fantasiar na internet, ela gosta de se expressar no dia a dia, mesmo quando é obrigada a vestir o uniforme da escola.

Eu nem dou conta de sair de casa com o cabelo desembaraçado na maioria dos dias, e Renata faz delineado e monta um look coeso. Repito: lenda.

Passamos o resto da aula fingindo que estamos prestando atenção na professora, até sermos salvas pelo gongo: o sinal do intervalo.

Saímos da sala em silêncio, encontrando Kim, que tinha sido separado de nós duas na divisão de salas de aula do começo do ano.

Aparentemente, nós três juntos falávamos demais.

— Temos fofocas? — pergunto casualmente enquanto nós três nos acomodamos no banco de concreto em que costumamos passar os intervalos de aula.

Eu tinha passado as últimas quarenta e oito horas imersa no mundo das fadas. Tinha perdido a noção do tempo e estava totalmente por fora das novidades do colégio.

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