05 | clichê universitário

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CUTUCO MEU JANTAR com o garfo, desconfiada

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CUTUCO MEU JANTAR com o garfo, desconfiada. Zizi preparou uma mesa linda para nós, mas eu ainda tinha minhas dúvidas sobre aquela história de ela ter cozinhado. Desde quando Zizi cozinhava? Não que eu esteja duvidando da capacidade dela de aprender, porque Zizi era uma espécie de gênio que só tira dez, fala quatro línguas e é aprovada com as mais altas honras em tudo que se presta a fazer.

Eu só não tenho certeza se isso se aplica à culinária.

Zizi havia cozinhado um filé ao molho madeira com batatas assadas. Aquilo não era sofisticado demais para uma iniciante? Eu certamente não saberia por onde começar, porque sou incapaz de fritar um ovo.

— Obrigado por me receberem — Martin comenta diante do silêncio sepulcral. Só então eu ergo a cabeça e percebo que todo mundo está hesitante. Me sinto péssima, porque Zizi está pálida.

— Você sempre é bem-vindo, querido — mamãe sorri.

— Mas é melhor não abusar da hospitalidade — aviso, arriscando um olhar provocativo para Martin.

— Aurora! — mamãe e Zizi me cesuram ao mesmo tempo.

— O que foi? É verdade... — começo a me defender, mas Felipe se ergue, todo pomposo. Perco a linha de raciocínio, pois reparo que ele estava vestindo um paletó de linho bem incondizente com a situação climática dentro daquela casa.

Estou falando do calor, não de Martin.

Só para deixar claro.

— Eu queria aproveitar a ocasião de estarmos todos reunidos em família e, bem... acho que o Martin pode ser considerado família, não é, Zizi?

Espero por uma confirmação da parte da minha irmã, mas ela não chega. As bochechas de Felipe ficam vermelhas, e a cor se espalha por sua testa e pescoço.

— Vai — Zizi resmunga para ele entredentes, dando-lhe um empurrão.

— Seu Eli, dona Lucinda — minha mãe se encolhe diante da formalidade. Odeia ser tratada como se fosse uma pessoa mais velha, e Felipe sabe disso.

O que só torna tudo mais estranho. O que está acontecendo?

— Fui muito bem recebido por vocês todos desde que comecei a namorar a sua filha, e sei o quanto é importante para a Zizi que eu possa ser considerado parte da família. O carinho que tenho por vocês certamente é comparável ao que sinto por aqueles com quem compartilho sangue. Zizi e eu, bem... já é algo que falamos há um tempo, e sabemos que precisaremos nos formar na faculdade antes, mas não faz sentido esperar quando nós dois temos tanta certeza do que queremos para o nosso futuro.

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