22 | frases específicas que se repetem

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— OLÁ, POMBINHOS — RENATA cantarola ao se juntar à mesa de biblioteca em que eu e Martin estudávamos

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— OLÁ, POMBINHOS — RENATA cantarola ao se juntar à mesa de biblioteca em que eu e Martin estudávamos.

Ele, por querer melhorar as notas e reforçar sua fachada de "bom menino" perante os pais.

Eu, porque minhas notas eram péssimas e isso me dava um pouco de vergonha em casa, considerando que eu era a irmã de um gênio, Zizi.

Pombinhos? Por favor, nunca repita isso — resmunga Martin, que sempre fica meio rabugento quando tem que estudar. Penso na nossa conversa sobre a Lista, e no que uma protagonista raio-de-sol faria naquele momento. Desenho um coração na folha de seu caderno com minha caneta cor-de-rosa, arrancando-lhe uma risadinha nasal.

— Se continuarem sendo tão fofos — continua a minha amiga, os olhos escuros mirando o desenho que brilhava contra o papel branco —, vou repetir sempre. Além do mais, já faz um mês que vocês são oficiais. Até agora não se acostumaram?

Ela remove o jaleco branco, em cujo bolso havia bordado Dra. Miranda Bailey com as próprias mãos. Sua fantasia de hoje homenageava nossa personagem favorita da série Greys Anatomy, que tinha uma abundância de romances. Eu já tinha assistido vinte temporadas e assistiria a mais vinte.

— Vocês andam sumidas — desvio do assunto, desesperada para não ter que dar satisfações. — Você e Kim.

— Finalmente terminamos os looks da nossa apresentação — Renata bate palmas silenciosas, controlando a empolgação por estarmos em uma biblioteca.

— Isso significa que eu posso ver?

— Sim — dizem Renata e Kim, que se juntava a nós, ao mesmo tempo.

Estavam começando a me assustar um pouco, falando juntas ao mesmo tempo toda hora. E de onde Kim tinha saído? Eu não o tinha visto chegando.

Ele joga uma pasta na minha frente, idêntica à que tinha os logotipos que fez para A Banda, só que contendo as nossas fantasias.

Eu, o manequim curvilíneo no meio, vestia o que parecia ser um uniforme típico de uma escola tradicional. Bem diferente dos uniformes simples que vestíamos em nossa escola, esse envolvia um paletó com um brasão, uma camisa de botões branca e uma saia. O manequim de pele negra ao meu lado direito, usava uma fantasia de anjo: vestido branco com a cintura marcada, asas brilhantes e uma auréola dourada. Por fim, o manequim de baixa estatura e cabelos encaracolados usava um paletó vermelho vivo com calças combinando, tinha chifres e asas como que pareciam de morcego, também vermelhas.

Martin espicha o pescoço para examinar os desenhos.

— Renata, Kim, isso é incrível — ele passa os dedos pelo papel, embasbacado. — Sério.

— Eu adorei — endosso. Vejo o rosto de Kim corar um pouco com os elogios, porque, embora as ideias sejam de Renata, foi ele quem desenhou tudo.

— Já estou costurando — Renata conta. — Minha mãe disse que eu podia pegar os tecidos que quisesse do ateliê e usar a máquina de costura dela, que é bem melhor do que a minha. Talvez eu precise da ajuda de vocês, mas só nas partes das fantasias que precisem de cola quente, não se preocupem. Aquela pistolinha me dá medo. Ah, e Aurora, eu terminei a primeira versão do texto. Mandei o arquivo para o seu e-mail, para que você possa revisar.

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