10 | o acordo

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MAIS À NOITE, estou deitada na minha cama, sob as cobertas, finalizando a minha leitura depois de assistir ao filme Ela é o cara com Hádria, que cochilou faltando vinte minutos para acabar

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MAIS À NOITE, estou deitada na minha cama, sob as cobertas, finalizando a minha leitura depois de assistir ao filme Ela é o cara com Hádria, que cochilou faltando vinte minutos para acabar. Não consigo dormir. Até aquele momento, não tinha tido notícias de Martin.

Reviro nas mãos o livro lotado de marcações. Até anotei algumas partes que poderiam me ajudar no namoro falso, caso ele acontecesse de verdade. Começo a me questionar se aquele garoto tinha mesmo intenções de aceitar a minha proposta, ou se estava me torturando para o seu deleite pessoal.

Então, ouço batidas suaves na minha janela.

Dou um salto com o susto, porque o meu quarto fica no segundo andar da casa. Alguém teria que escalar para chegar até a minha janela. Escalar a árvore que ficava no nosso quintal, mais precisamente, pois as paredes externas do sobrado eram completamente lisas.

Só então reconheço a silhueta alta e magra do sem coração.

— Você quer me matar? — Sussurro, abrindo a janela e estendendo a mão para que ele entrasse no meu quarto. Martin aceita o auxílio, todo desajeitado. — Eu estava prestes a gritar pega ladrão!

— Não faça isso — ele arregala os olhos castanhos para mim. — Eu podia cair daqui.

— Como você subiu?

— Usei a árvore.

— Não consigo te imaginar escalando uma árvore.

— Por que você está sussurrando? — Martin franze as sobrancelhas.

— Você é um garoto, e está no meu quarto depois das dez — justifico. — Meus pais não vão gostar nada disso.

Martin, então, se ergue em toda a sua altura. Ele devia ter um metro e oitenta, senão mais. Eu não era tão baixinha quanto Renata, e era mais alta que Kim, e mesmo assim tínhamos uma diferença expressiva entre nós. Preciso erguer o queixo para encará-lo.

Quando o faço, percebo o quanto ele está perto de mim.

Perto mesmo.

Tão próximo que eu consigo sentir um cheiro gostoso de sabonete vindo dele. Algo suave, mas meio amadeirado. Masculino.

De supetão, fico muito consciente do meu pijama com uma estampa de docinhos, e dou um passo atrás. Tenho dificuldades de sustentar o olhar dele, porque começo a notar sua aparência.

Ele está diferente do garoto metido e rebelde, com os cabelos espetados, roupas pretas e cinto de rebites que eu estava acostumada a ver. Seu cabelo ainda está molhado do banho, penteado para trás, exibindo seu rosto para mim. Veste uma camiseta de algodão preta, e uma bermuda esportiva cinza que lhe dava um ar casual.

Engulo em seco, levando meus olhos até os dele. Pare de encarar, Aurora.

— Eu não podia exatamente usar a porta, se vou falar sobre o nosso namoro falso — diz ele, me lembrando que aquela era uma reunião de negócios. Tínhamos um acordo para firmar.

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