06 | o melhor amigo do meu irmão

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— VOCÊS ACHAM QUE eu me escondo atrás dos meus livros? — pergunto, quando Renata, Kim e eu nos encontramos no intervalo da aula na manhã seguinte

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— VOCÊS ACHAM QUE eu me escondo atrás dos meus livros? — pergunto, quando Renata, Kim e eu nos encontramos no intervalo da aula na manhã seguinte. Olho nervosamente para os lados, para me certificar de que ninguém está ouvindo.

— Não. — as duas respondem rápido demais.

Bem assim mesmo. Nada de "O que você quer dizer com isso, Aurora?". Ou mesmo um "De onde você tirou essa bobagem?". De repente, me arrependo de ter trazido aquele papo à tona. Não estou tão preparada quanto pensei para debater a minha falta de experiência amorosa e a minha voluntária retirada do circuito de namoros adolescentes.

— Achei que vocês perguntariam o que eu quero dizer com isso.

— Nós sabemos o que você quer dizer com isso. — Renata esclarece, sem fazer contato visual comigo; hoje, ela está usando um penteado com uma pequena coroa e usa um colar que não deixa dúvidas de que a homenageada da vez é a Rainha Charlotte, de Bridgerton — Se você passa mais tempo lendo, do que vivendo.

— Se prefere a ficção à realidade — Kim reforça.

— E vocês acham isso de mim? — insisti, ao perceber a evasiva.

— Eu acho o máximo. — Kim interveio, empolgada — Você sempre tem uma história boa para contar, e nós nunca temos momentos estranhos de silêncio. Você me recomendou uns livros super legais com representatividade não-binária que me ajudaram muito no meu processo. É bom que, após a sua curadoria, eu sempre recebo as melhores indicações e nunca preciso ler um livro ruim.

— Mas isso não é um problema? Digo, o meu escapismo.

— Por que seria? — Renata ergue as sobrancelhas para mim.

— Eu nunca me apaixonei, mesmo sendo uma grande entusiasta do romance.

— Meramente circunstancial — Kim ajusta os óculos de grau sobre a ponte do nariz, bancando o intelectual. — Você já quis beijar um garoto antes, certo?

Bento Medeiros, sim.

— Certo.

— Mas ele estava comprometido.

— Sim.

— Então pronto — Renata diz. — É uma questão de pessoa certa na hora certa. E tudo bem se você nunca se apaixonar por ninguém. Relacionamentos românticos não te definem.

— Eu sei que não. Eu não teria um problema se eu não fosse uma pessoa que... quer... viver um romance. — Olho nervosamente de um amigo para o outro, me sentindo inadequada. — Eu quero. Só... nunca aconteceu. E eu fui me acostumando com a ideia de que nunca aconteceria. Mas minha irmã ficou noiva e-

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