14 | amor à primeira vista

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MARTIN AVISTA MINHAS amigas do outro lado da festa, ambas olhando para nós como se um objeto voador não identificado tivesse aterrissado no meio da piscina do prédio da Violeta

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MARTIN AVISTA MINHAS amigas do outro lado da festa, ambas olhando para nós como se um objeto voador não identificado tivesse aterrissado no meio da piscina do prédio da Violeta. Ele se inclina para falar ao meu ouvido, dizendo que eu vá preparar o terreno com elas, enquanto busca bebidas para nós e absorve o primeiro impacto com Hádria e os outros garotos.

Caminho até Renata e Kim e me distraio com a qualidade de suas fantasias. Eu já sabia que eles seriam os mais bem vestidos da festa, por questões óbvias, mas eles estavam simplesmente espetaculares.

Renata se vestia como a personagem Estelar, da série Jovens Titãs. Tinha removido as tranças e usava sua textura natural, colorida de um rosa avermelhado com o que eu supus ser uma coloração temporária ou mesmo tinta em spray. Usava um vestido roxo metalizado que agarrava sua figura de um jeito muito lisonjeiro, e o combinou com um casaco de pelos, botas acima do joelho e um colar que ela mesma tinha confeccionado, com pedras verdes que inclusive brilhavam no escuro.

Kim, por sua vez, usava uma peruca loira platinada, com tranças intrincadas decoradas por uma pequena coroa, e o vestido medieval preto tão característico de Rhaenyra Targaryen. Trazia sob um dos braços um dragão de pelúcia amarelo que colidia comicamente com aquele visual sombrio. Dei um sorriso, porque era uma representação perfeita da personalidade do meu amigo.

Esqueço que estou prestes a ter que dar explicações sobre o meu namoro falso, e me sinto idiota por estar vestindo uma camisa e um arco preto nos cabelos. Se não fosse pelo meu acessório – Martin –, acho que ninguém saberia do que eu estou fantasiada.

Sou lembrada, rapidamente, pela expressão horrorizada no rosto de Renata, que joguei uma bomba de fofoca no meio da nossa amizade.

— Eu acho que estou tendo um aneurisma — ela propõe, piscando furtivamente os olhos. — Meu cérebro deu algum defeito. Porque eu posso jurar que vi Aurora Moreau chegar nessa festa envolta nos braços de Martin Borges. E de fantasia combinando com a dele. É isso mesmo?

— É sim — Kim, muito mais discreta em sua incredulidade, confirma.

— Me belisca — Renata pede, estendendo o braço a Kim e abaixando o casaco para expor a pele.

Kim pega sua bochecha entre os dedos, sem muita força, em um gesto bem carinhoso. Isso arranca de Renata uma risada que quebra o clima tenso que havia se formado entre nós três, me deixando muito grata.

— Vocês não se detestavam? — ela me pergunta, ofegante. Tira um leque da bolsa roxa que carrega e começa a se abanar. A cena seria cômica, se minha cabeça não estivesse a mil tentando pensar na resposta perfeita para aquela pergunta. A mais convincente.

Aquelas eram as duas pessoas que melhor me conheciam no mundo e não cairiam em qualquer papinho furado. Após uma fração de segundo, sei exatamente o que dizer:

Enemies to lovers é o meu clichê favorito, vocês sabem.

— Não era você quem sempre dizia que se apaixonar pelo inimigo só era aceitável na ficção, e que você jamais aceitaria ser tratada como um lixo por uma pessoa que depois vem dizer que te ama incondicionalmente? — Kim segura o dragão de pelúcia junto ao peito.

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