Capítulo 13

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LEONARD BARANOSKI

Era intrínseca a mania que as pessoas tinham de se encaixavam em umtabuleiro de jogo de xadrez cada vez mais difícil de administrar. Cada um de nós não passava de peões enquanto os velhos governantes jogavam conosco. Intrigas de família se mostravam cavalos e bispos, sempre prontos para arruinar sua jogada ideal. Eu era um rei e Sophie minha rainha, mas sentia que estávamos cada vez mais limitados do que realmente devíamos.

Sempre tive controle de tudo. Fui criado para ser um czar, treinado desde as fraldas para organizar, governar e controlar tudo ao meu redor. Existia a perspectiva de que meu tio acabasse por ter um filho homem, mas eu sempre fui mantido como plano B e no final o plano B acabou chegando ao lugar certo.

E ganhei minha esposa de brinde.

Minha tia e prima conversavam animadamente com ela sobre a viagem que faríamos em breve para visitar a persona non grata da minha vida. Realmente, era peculiar que eu que era tão apegado a Louis quando criança, agora o detestasse fervorosamente. E eu nem podia boicotá-lo do jeito que queria porque ele colocou Ilícia à frente de todas as negociações entre Rússia e Reino Unido e minha irmã tinha estudado bastante sobre diplomacia e política, então era quase impossível enganá-la.

Eu fiquei sozinho.

Christian desapareceu, Elisabeth casou e Ilícia se vendeu ao inimigo.

Bem, eu ainda tinha minha Sophie. E eu amava essa mulher mais que tudo na vida.

Ela tinha se adaptado a vida no país mais rápido do que eu imaginava. Tudo convergia para deixá-la ainda mais maravilhosa naqueles ares. Principalmente os olhos que tanto me fascinavam. O cinza mercúrio intenso das írises ficava muito destacado contra a paisagem embranquecida da neve. E não era só eu quem pensava isso.

— Veja como Leonard a olha, Sophie, completamente devotado. — Sorri para minha tia.

Não tinha percebido quando a conversa tinha desviado dos preparativos das festas que iluminariam o país para o quanto eu era apaixonado pela princesa. Virei o copo de vodca na boca e decidi me juntar as mulheres já que eu tinha me tornado mesmo o assunto da conversa.

— Não é muito diferente do modo que Juan Carlos a vê, Irina, tenha a certeza disto.

A morena suspirou em menção ao noivo. Enquanto o mundo desabava na cabeça dos ingleses entre julho e janeiro, a vida da grã-princesa da Rússia ficava cada vez melhor e mais colorida. Era irônico ver que uma situação que despedaçou um lado da minha família acabou beneficiando outro.

— Eu realmente acho que vocês, Baranoski-Windsors, tem alguma fixação com famílias. Quando um se envolve com alguém de uma família, o resto todo vai junto — debochou Sophie. — Sabe, eu ainda tenho uma prima solteira caso vocês queiram casar Christian ou Louis.

— Elisabeth não deixaria. — Contive o riso lembrando do quanto minha irmã detestava a garota espanhola.

— Já perceberam que esse ano está sendo intenso para as famílias reais? — Irina evitou uma confusão. — Casamentos, mortes, coroações, só falta um bebê real — completou sugestiva.

Sophie atingiu um tom de vermelho que eu nem achei sem biologicamente possível graças a vergonha. Não contive a gargalhada. As pessoas não paravam de fazer esse tipo de sugestão desde que nos casamos e voltamos da lua de mel. Pelo menos isso abafava o escândalo que surgiu quando eu simplesmente determinei que ninguém atestaria a virgindade de Sophie avaliando o "lençol da primeira noite". Um país desenvolvido e evoluído impondo esse tipo de constrangimento e humilhação era o cúmulo. Ainda mais depois do que Sophie passou.

O Rei - Livro 3 da trilogia WindsorsOnde histórias criam vida. Descubra agora