Louis Windsor
Intensos, foi assim que foram meus dias.
Com coroação, aniversário, eventos, agenda pública, protocolos, reuniões de governo e viagens, quase enlouqueci em menos de quinze dias. Não só eu como Ilícia também. Eram tantos compromissos acumulados que realmente me arrependi de não ter adiado minha coroação para agosto. O trooping the colour era uma cerimônia e tanto, e, para meu azar, caia realmente bem perto da data do meu aniversário de verdade. O azar triplicava porque ele tinha sido mudado de data excepcionalmente naquele ano para uma semana depois da minha coroação.
Meu pai não teve o "prazer" de vivenciar o aniversário de Estado do soberano. Eu facilmente podia abrir mão de toda aquela pompa e ignorar completamente que eu fazia dezenove anos naquele ano. Se eu fosse levar em conta a lei de verdade, eu só deveria assumir o trono aos 21 anos, mas o reino precisava de estabilidade e todos creram que colocar o legitimo herdeiro de uma vez, mesmo que muito jovem, passaria essa estabilidade necessária.
Eu achava um gasto desnecessário todas as festas e cerimonias que iriamos fazer nos próximos dias, porém, todos disseram que o povo merecia comemorar um pouco depois de todas as desgraças que assolaram o país no último ano. Eu até mesmo obriguei meu departamento de imprensa a fazer uma espécie de plebiscito para ter certeza de que eu tinha o apoio do povo para aquelas extravagancias.
E, estranhamente, eu tive.
O que me levou a estar vestindo uma farda cheia de condecorações que eu sequer merecia, mas tinha exclusivamente por ser rei.
— Ainda não acredito que você vai me dar uma ordem real, ainda mais uma honra que meu pai não tem.
Ilícia estava florescendo, desabrochando como uma rosa na primavera. O sorriso radiante que ela ostentava combinava muito bem com a roupa estonteante e a tiara de politmore que passou a ser sua predileta. Imaginava que ela optaria por uma kokoshnik por fazer mais o estilo da casa real russa, mas errei grotescamente.
— Você é um serzinho irritante, loira.
Se algum dia eu desejei ter crescido junto com meus primos, essa vontade passou rapidinho quando todos eles vieram para cá. Pelo amor dos céus, era insuportável aguentar todos ao mesmo tempo. Estavam sempre gritando, brincando, comendo, discutindo... toda a paz e tranquilidade do meu palácio deu adeus assim que os quatro Baranoski pisaram aqui.
— Sua majestade, a rainha Isla chegou, senhor.
O riso de Ilícia cessou assim que o meu secretário fez o aviso. Eu não tinha muito contato com minha avó, principalmente depois que ela se isolou na Escócia e não olhou para trás. Ao invés de me ajudar, Isla Windsor virou as costas e não pensou duas vezes antes de me deixar para trás. Ilícia sequer já pode conhece-la de verdade.
— Leve-a para o salão da família. Meus tios e primos já foram informados de sua presença?
— Devem estar sendo nesse exato momento, senhor.
— Ótimo. Providencie uma bandeja de chá earl grey, biscoitos de cranberry com laranja e disponibilize conhaque escocês com gelo — instruiu Ilícia.
— Sim, madame.
Não podia negar que Ilícia era uma excelente anfitriã. Ela sabia exatamente qual chá pedir em qual situação, quando eu iria querer beber algo quente e até mesmo qual acompanhamento usar. Nunca achei que chá de maçã e pães de canela combinassem bem até que ela fez a combinação, desde então se tornou meu lanche favorito.
— Por que earl grey? Se não for com limão, é extremamente amargo.
— Propriedades calmantes. Imagino que talvez seja necessário.
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O Rei - Livro 3 da trilogia Windsors
FantasíaLouis Windsor sempre teve uma vida muito calma no palácio de Buckingham, pelo menos aparentemente. Aos olhos de todos, o filho caçula de Edward e Helena tinha uma vida fácil e tranquila vendo a irmã mais velha ser responsável pelo futuro do país enq...