Capítulo 12

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ELISABETH DE ÓRLEANS BOURBON

Relaxada entre os lençóis da cama do meu marido, deixei que minha cabeça se mantivesse leve com pensamentos sobre minha noite com ele ao invés dos problemas que espreitavam os corredores da nossa casa.

Não era costume que os casais reais dormissem na mesma cama, o certo era que a esposa convidasse o marido a partilhar sua cama sem muita frequência, mas eu não ficava longe de Andrews. Nunca. Mesmo que eu tivesse meu próprio quarto bem de frente para o dele, interligado por uma sala comum e os quartos de vestir.

Era estranho, para mim, como funcionava a dinâmica da vida real. Ainda mais a de uma pessoa casada. E em quatro meses de casada com o Delfim, sendo a princesa da França, minha vida tinha despencado de cabeça para baixo, depois rolado por uma ribanceira até se afundar no mar. Tinha uma pequena ideia de como seria minha vida depois do enlace, porém, jamais conseguiria imaginar aquela magnitude.

E eu me sentia cada vez mais sufocada com essa vida. Cada vez mais me distanciavam de Andrews, limitavam meus contatos externos, ignoravam minhas opiniões. E com a coroação de rainha chegando, temia que fosse ocultada de vez. Eles me viam como um fantoche, onde eu responderia a cada comando efetuado por eles, principalmente pela minha sogra, cuja única opinião importava.

— Você está com um rostinho preocupado.

A voz rouca do meu marido — céus, como ainda era estranho chamá-lo assim — causou arrepios em meu corpo. Sua mão encontrou minha cabeça em um cafuné e eu enfiei ainda mais meu rosto em seu peito, inspirando seu cheiro misturado ao meu. Isso sim era o ponto alto da nossa rotina. Decidimos ainda na primeira semana aqui que não traríamos problemas de fora para dentro do nosso quarto, e estava funcionando.

— Só estava pensando em como minha vida mudou, nossa vida. — Encontrei as esmeraldas que eu tanto amava e sorri, estendendo a mão para encontrar seu rosto. — Vamos ser coroados em dois meses, Leonard e sua irmã em quatro, Louis em vinte dias. Somos os monarcas mais jovens do continente.

— Não me importo com a Coroa, já tenho você — ronronou, galante. — E foi muito difícil conquistar a minha esposa perfeita.

Meu corpo se ascendeu com seus toques em minha cintura. A boca chegou ao meu queixo dando suaves mordidas, causando um frenesi de expectativa. Não tínhamos muito tempo até que alguém viesse atrás de nós, eu sabia. Era sempre assim, eu tinha pouco demais de Andrews, muito menos do que eu queria de fato.

— Você tem reunião com o conselho no primeiro horário — sussurrei entre arfadas.

Pelo sorriso que meu belíssimo marido abriu, a reunião era a última coisa com a qual ele estava preocupado.

*****

Algum tempo depois, meu rosto ainda estava afogueado. Minha sogra discursava sobre os deveres que eu deveria assumir que pertenciam a ela e as joias da casa real, porém, eu estava com a cabeça o mais distante possível disso. Alguns jornais estavam espalhados pela mesa entre nós duas, em meio ao jogo de chá e fotos das joias que eu podia usar na coroação de Louis, na minha e na do meu irmão.

Louis. Meu primo seria, enfim, coroado rei do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, com minha irmã ganhando um posto da mais alta honra ao seu lado. Aos 16 anos, de alguma forma que me fugia ao entendimento, Louis conseguiu convencer todo seu conselho a transformar Ilícia, uma princesa imperial russa menor de idade, a ser a regente no caso de sua impossibilidade.

Tínhamos primos distantes, que só bem depois descobri, que poderiam assumir esse papel, mas, de alguma forma, era minha irmã caçula que iria desempenhá-lo. Leonard estava espumando de raiva, entretanto, depois do último chilique que eu dei por cuidar de algo que não fosse a minha própria vida, decidi ficar bem longe desses conflitos. Com meu sogro no hospital, meu marido era o regente e eu como sua consorte tinha problemas o suficiente para me ocupar.

O Rei - Livro 3 da trilogia WindsorsOnde histórias criam vida. Descubra agora