Capítulo 4

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CHRISTIAN BARANOSKI

Pensar na minha família se tornou um pensamento constante desde que eu entrei no trem para a França.

Eu sabia que era uma idiotice da minha parte fazer Elisa cobrar Louis por suas atitudes em relação a coroa quando eu mesmo o tinha convidado a ir comigo. Louis tinha seus motivos para negar a coroa, não o faria por puro capricho, eu tinha certeza disso. A questão é que nunca fomos próximos o suficiente para saber quais eram esses malditos motivos.

Quando eu decidi que partiria, sabia que apenas um amigo meu me seria útil. Justino tinha muitas dívidas comigo e um pé no submundo, o que seria muito útil para me esconder da minha família intrometida e que não sabia respeitar a vontade alheia. Custava não colocar metade dos investigadores da Inglaterra e da Rússia atrás de mim?

Talvez eu fosse um tanto chiliquento, como Justino tinha acusado, por ter saído tão dramaticamente da Inglaterra. Leonard nunca me perdoaria por deixa-lo para trás em um momento tão decisivo da vida dele quanto as vésperas de sua coroação. A acusação de drama aumentou com a questão da minha aparência, já que eu realmente estava andando como um bandido suspeito por todo lugar.

A questão é que Elisabeth era como um holofote e sua luz não ficou restrita apenas sobre ela, Leonard como futuro czar também não era muito discreto, então meu rosto estava mais que reconhecível por todos os lados. Mesmo com os cabelos tingidos e as lentes de contato, as pessoas ainda me olhavam duas vezes, procurando algo em meu rosto, sentindo a familiaridade. Maldita genética que me fazia impressionantemente parecido com meus irmãos.

Justino soube que teria problemas comigo assim quando eu discuti com uma senhora em uma venda. Para meu mais completo azar, ela estava assistindo um pronunciamento da minha irmã na TV quando eu entrei no lugar procurando comida para voltar a minha cabana precária. Bastou um olhar para meu rosto para que a idosa me associasse à minha irmã caçula. Foi por isso que meu velho amigo decidiu me tirar as pressas de lá. Afinal, sua cabeça também estaria em risco se Leonard descobrisse que foi ele quem me ajudou a fugir. Meu irmão odiava Justino com todas as forças.

Eu não podia sair de casa até que ele encontrasse algum novo lugar para que eu me escondesse. Ordens expressas do meu "protetor". Enquanto isso, restou a mim tentar entender o que estava acontecendo nas casas dos meus irmãos, porque não era sempre que um monarca fazia um pronunciamento como o que Elisabeth estava fazendo. Meu queixo foi ao chão quando descobri.

Eu estava perdido no meio do gelo, Leonard iria casar, Louis era um cadáver ambulante e Elisabeth tinha praticamente declarado guerra a Itália. Realmente as coisas estavam animadas na minha família, ironicamente falando. Sentia-me egoísta em pensar que os abandonei justo em um momento tão tenso, mas eu precisava desse ato egoísta ou iria surtar. Perguntei-me internamente se isso era a realidade da situação ou o que eu repetia para mim como alívio de consciência.

Tecnicamente falando, eu surtei e fugi porque levei um pé na bunda. Não havia nada mais fútil que isso.

Meus olhos estavam presos no comunicado gravado de Elisabeth. A televisão de péssima qualidade que eu tinha na cabana era suficiente para me mostrar o então atual panorama político dos países. Com a ofensa, obviamente todos os acordos econômicos entre Reino Unido e Itália estariam cortados e sem Elisabeth poder se casar com Andrews, restaria apenas a opção de se escorar na aliança mais forte que tinham, a Rússia. Porém, o que não seria levado em conta é que, quando Leonard assumisse, a economia teria um abalo por causa da instabilidade de um governo recém-iniciado.

Se eles não agissem rápido, o Reino Unido iria à falência em dois tempos.

Mas eu não tinha nenhuma forma de ajudar. Mesmo que eu me casasse visando um acordo, ele seria russo e não inglês porque eu era príncipe imperial da Rússia e não da Inglaterra. E também porque eu estava perdido em algum lugar entre a puta que pariu e onde judas perdeu as botas, mais conhecido como fim do mundo.

O Rei - Livro 3 da trilogia WindsorsOnde histórias criam vida. Descubra agora