Casamento

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Uma gripe forte fez com que eu tirasse o dia de folga, eu me sentia tão mal que não tinha forças nem para fazer minha própria comida. Pedi uma sopa para o almoço, e alguns remédios para tentar trabalhar no dia seguinte, de verdade? Eu sei que mereço tudo isso.

A minha relação com a Vanessa ainda estava difícil, eu tentei algumas vezes conversar com ela, mas vi que estava forçando as coisas e desisti por ora.

Eu comecei a me dedicar muito mais ao trabalho, passava horas e horas ali, estudando, trabalhando, e fazendo horas extras, consegui até levantar uma grana legal para uma reserva para as coisas que eu poderia vir a precisar no nosso casamento.

Hoje faz aproximadamente um mês que ela se foi, e não tem um só dia que eu não me sinta triste, magoada, ou que tenha saudades dela. E confesso ser um pouco mais difícil carregar todo esse peso nas costas sem ter alguém para desabafar.

— Você pode parar de me mandar flores? — Gritou Vanessa do outro lado da linha, e eu abri um sorriso. — Sei que não sou capaz de namorar alguém já que sou insuportável, mas você está atrapalhando os meus esquemas, inferno.

— Eu paro quando você me perdoar. — Disse vendo a Raquel fazer sinal para que eu fosse até a sala dela.

— Eu já perdoei! — Disse ela irritada.

— Pela metade. — Eu respirei fundo e fechei os olhos. — Sai comigo hoje para jantar, por favor.

— Vou pensar.

— Até as 20h. Beijo gostosa.

Eu sorri e me levantei indo até a sala da Raquel, ela estava em ligação, mas fez sinal para que eu esperasse, finalizando logo em seguida.

— Aqui está. — Disse me entregando um envelope branco. — Me caso no próximo final de semana, espero que esteja presente.

— Eu preciso ver, o Flávio vai estar viajando...

— Não tem problema, pode levar uma amiga no lugar do Flavinho. Já não chega a sua sogra que vai me fazer uma desfeita pela primeira vez em um casamento meu, aquela ingrata.

— Pela primeira vez?

— Sim, é o meu quarto casamento, nos outros três ela esteve presente. Não perco tempo com homem que dá trabalho, deu problema, é igual a eletrodoméstico, eu troco! — Eu sorri e prometi que iria, principalmente por ter a certeza que Marta não apareceria por lá.

Como eu esperava, Vanessa desmarcou o jantar, mas eu era paciente e reconquistaria sua amizade mais uma vez, e dessa vez, eu tinha o plano perfeito.

Se tem uma coisa que é quase unânime nesse mundo em termos de ser brega, é aqueles carros de som, com uma mulher de voz sexy, falando mensagens que ninguém consegue prestar atenção, tocando músicas românticas dos anos 80. Sim, ela vai me odiar, mas talvez possa me amar depois que o ódio passar.

Eu tinha terminado de jantar quando ouvi alguém querendo derrubar a minha porta na base do soco, será que é assim que funciona as propagandas de, trago seu amor de volta em sete dias?

— Você é idiota? — Gritou ela com as mãos na cintura. — Você tem ideia da vergonha que eu passei?

— Tenho sim. — Disse me sentando no sofá e sorrindo.

— E aquela faixa ridícula de volta para mim? Você quer acabar com a minha reputação?

— Foi fofinho, vai! Aposto que nunca ninguém te mandou um carro do amor.

— Graças a Deus esse inferno eu só vivi uma única vez! Já chega, Melissa!

Eu olhei para ela e vi que ela agora estava mais calma, e eu também. Embora eu saiba que nós explodimos uma com a outra por motivos diferentes, ambas tínhamos razões para isso.

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