Presente de formatura

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Alguns meses se passaram e as coisas estavam mais calmas, pelo menos aparentemente. Eu não vi, ouvi, e nem soube mais nada da Marta, e para mim parecia ser o suficiente.

— Amor, você está linda! — Disse ele tocando minha cintura e me analisando. — Minha arquiteta.

Eu sorri e saímos para o ginásio da universidade, eu hoje estaria recebendo o meu diploma, e me sentia feliz por ter concluído essa fase da minha carreira, e dessa vez, já trabalhando na área. O Flávio estacionou, e antes que eu pudesse descer do carro, ele tocou minha mão e sorriu.

— Espera, tenho um presente pra você. — Ele tirou uma caixinha do bolso e me entregou. — Na verdade esse presente foi sua sogra que mandou, ela não pôde vir, e foi a forma de estar presente.

Eu senti meus lábios tremularem, e tentei me concentrar para que Flávio não percebesse. Ela enviou um anel de formatura, e um colar delicado, que acredito ser a joia mais cara que eu já tive na vida.

— Gostou?

— Sim, amei. É lindo. — Coloquei o anel e Flávio colocou o colar em mim.

Flávio foi para a arquibancada com os demais convidados, e eu fui com o restante da turma me preparar para o evento. Vanessa me viu e veio em minha direção me abraçando.

— Pensei que tinha dito que não teria um anel de formatura. — Disse ela analisando o meu anel. — É lindo, Mel.

— Acabei de ganhar. — Respondi e ela arqueou a sobrancelha. — Marta mandou pelo Flávio, junto com este colar.

— Ela não consegue manter a distância, né? Eita amorzão.

— Eu até pensei em recusar, mas não consegui. — Confessei olhando-a.

— Essa história ainda não acabou, escuta o que estou dizendo.

Estava sentada de mãos dadas com a Vanessa enquanto a cerimônia começava, eu olhava para aquele anel e não podia deixar de pensar nela, por um instante queria abraçá-la contra o meu corpo e agradecer pessoalmente, eu nem sei explicar o quanto essa mulher ainda mexe comigo mesmo estando tão longe de mim.

A cerimônia foi rápida, saímos dali poucas horas depois para o nosso restaurante favorito para jantarmos. Flávio fez carinho na minha mão, tocou meu rosto enquanto me olhava.

— Já pensou na data? — Ele olhou para o garçom que trazia o cardápio e eu fiz o mesmo, encarando-o em seguida.

— Não. Você pensou? — Perguntei.

— Não, porque achei que você quisesse decidir.

— Eu não tive tempo, amor. — Tentei me justificar. — Foi uma loucura esses últimos meses, mas agora já passou e prometo pensar com calma.

— Pensou pelo menos na nossa lua de mel?

— Eu escolho a data do casamento, e você aonde vamos passar nossa lua de mel, combinado? — Disse.

— Tudo bem.

Após chegarmos em casa, tomamos banho e transamos como de costume. Flávio já dormia profundamente ao meu lado, e eu me levantei indo para a cozinha preparar um leite morno na intenção de relaxar e conseguir dormir.

Meu pensamento estava longe, eu tomava meu leite sentada em um canto do sofá, encarando meu anel de formatura. Eu odiava a sensação de estar dando importância demais para um deslize sem importância. Talvez o que mais me incomoda, é o fato da Marta ser minha sogra, será que se ela fosse qualquer outra pessoa, eu já tinha esquecido?

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