Apesar do furacão que passou na minha vida nas últimas horas, eu estava me sentindo mais leve por Marta finalmente saber a verdade sobre a minha filha, e um pouco arrependida por não ter sido sincera de uma vez.
Minhas mãos agora doíam, eu bati tanto naquela desgraçada que nem sei como consegui parar, pior que infelizmente sei que as coisas não ficarão assim. O que impede Ingrid de contar tudo para o Flávio? O que impede o Flávio entrar na justiça para tirar minha filha de mim?
Os pensamentos aumentavam minha ansiedade, e aquela noite foi impossível dormir ou me afastar da minha pequena. Eu passei a noite toda velando seu sono, e as vezes me permitia chorar de pavor por pensar na possibilidade de perdê-la.
Me despedi dos meus pais, e da minha filha bem cedinho antes de sair para o trabalho. Era um pouco mais de 5h da manhã, e tudo ainda estava escuro, eu ainda não conseguia aceitar o fato de precisar me despedir.
Eu tinha terminado de tomar café da manhã e estava entrando na empresa, quando vi um policial fardado a procura de alguém.
— Melissa, esse senhor está te procurando. — Eu me aproximei ao ver o segurança me chamar, e olhei nervosa.
— Senhora Melissa? Preciso que me acompanhe, a senhora tem alguns esclarecimentos a prestar.
Antes de ir, pedi ao segurança que informasse a Raquel sobre o acontecido. Meu coração batia de forma ensurdecedora dentro do peito, fechei os olhos procurando me acalmar, mas eu sabia bem o que tinha acontecido, aquela piranha tinha me denunciado, pena que não bati mais!
Eu nem sei quanto tempo esperei para ser ouvida, quando entrei na sala, me senti deslocada ali. Um homem velho que cheirava a naftalina, observou o meu corpo dos pés a cabeça, apontou para uma cadeira com um estofado desgastado e eu me sentei em silêncio. Depois dele, mais dois homens entraram na sala e um deles soltou uma risada que me fez me encolher ainda mais em meu acento.
— Você deve saber por quais motivos está aqui, e o porquê devo ouvir você. Se você colaborar quem sabe não te libero logo. — Os outros homens na sala sorriram disfarçadamente e eu senti meu rosto queimar de ódio e vergonha.
— Com licença. — Disse um homem alto e engravatado entrando ao lado de um policial. — A Melissa é minha cliente, o senhor só poderá interrogá-la na minha presença.
O homem a minha frente pareceu não gostar muito da intromissão do desconhecido, que eu também sequer sabia quem era, mas naquele momento me sentia aliviada por ter sua proteção.
Com algum tempo de interrogatórios e esclarecimentos, fomos liberados após o advogado pagar uma multa evitando que eu fosse presa. Quando saímos da delegacia, Marta estava de óculos escuros, fumando um cigarro encostada em seu carro.
Eu me aproximei dela um pouco sem jeito, e ela olhou para nós, prendendo a atenção ao advogado que veio me salvar.
— Obrigada, Marco. Passo amanhã no seu escritório. — Disse ela.
— É um prazer, Marta. Até amanhã.
Ele saiu nos deixando a sós. Ela me olhou em silêncio e continuou a fumar pensativa. Meu coração estava acelerado e eu mal conseguia formular uma frase para iniciar o assunto.
— Obrigada, Marta. — Foi tudo o que consegui dizer naquele momento.
— A Raquel me ligou, e eu não podia deixar de intervir. Entra no carro, vou te deixar no escritório.
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Por acaso
RomanceQuantos acasos podem surgir em nossa jornada, e mudar completamente o rumo dos nossos planos? Melissa estava prestes a firmar o seu noivado com Flávio, quando por ironia do destino, encontrou alguém que balançou completamente as suas estruturas des...