Por acaso

Embate

Devido alguns problemas que Marta teve, não nos vimos no último mês, e ela está um pouco insistente para vir me ver na casa dos meus pais, já que sabe que ficarei durante toda as minhas férias aqui, totalizando um pouco mais de dois meses longe uma da outra.

O pouco contato que tivemos nesse período, foi por chamada de vídeo, não era o bastante, mas era o que tínhamos no momento.

Estou na minha primeira semana de férias, e me sinto tão cansada como não me sentia a muito tempo, mas não posso negar que também estou feliz.

— Bom dia, filha. Já fiz o café. — Disse mamãe aparecendo na porta do quarto.

— Já vou, mãe.

Me sentei para tomar café e fiquei em silêncio ali, mamãe preparava o almoço enquanto conversava comigo. Ela estava leve e motivada, na verdade os meus pais estavam aliviados por me verem bem, e saberem que eu estaria com eles por bastante tempo.

Estava em chamada de vídeo com a Vanessa já fazia mais de trinta minutos só matando as saudades, eu sentia a falta dela, ela era maravilhosa, a melhor amiga que eu poderia ter.

— Mel, antes que eu esqueça de te contar, eu vi o Flávio ontem no shopping com aquela mulher. — Olhei para ela me questionando de quem ela estava falando.

— Qual?

— Aquela que estava no restaurante com a Marta, e que você morre de ciúmes. — Tentou me fazer lembrar.

— A Ingrid? — Podia chamá-la de vira lata também.

— Ela mesma. Eles estavam conversando concentrados e fiz o possível para ele não me ver. — Disse pensativa. — O assunto parecia sério, ou foi impressão minha.

— Estranho... O Flávio não suportava ela, desde quando viu elas se beijando. — Disse ao me recordar.

— Acho bom você ficar esperta, amiga. Nada une mais as pessoas do que o ódio. E convenhamos que os dois tem motivos de sobra para te odiarem. — Concluiu pensativa.

— Você tem razão. Os dois juntos, boa coisa não é. — Respondi ainda surpresa pela informação.

— Eu tenho outra coisa pra te contar. — Disse ela sorridente e encarei o celular.

— Tenho até medo. Fala! — Pedi.

— Eu e a Michele saímos para jantar ontem naquela pizzaria maravilhosa que tem uns palitinhos de queijo, sabe? — Perguntou e apenas assenti. — Então, nós estávamos lá, vinho vai, vinho vem, adivinha quem aparece?

— Não vai me dizer que a Gabi...

— A própria! Nós conversamos como adultas civilizadas, ela pediu desculpas formalmente para nós duas, e acabou pedindo mais bebida. Ficamos ali, petiscando, jogando conversa fora, até a Gabi soltar uma das pérolas dela. — Eu sorri já imaginando o que era.

— Não vai me dizer que vocês...

— Eu não sei nem explicar como chegamos naquele momento, mas quando dei por mim, já estávamos nós três na minha cama na maior pegação!

— Mentira! — Disse sem acreditar.

— A Gabi dormiu entre nós para você ter ideia. — Disse tampando os olhos. — Eu ainda não tive tempo de conversar com a Michele, ela está no trabalho, a Gabi também foi embora. Não sei o que pensar.

— Mas foi bom? — Perguntei curiosa.

— Maravilhoso... eu adoro a Gabi, você sabe! Só nunca rolou nada mais sério entre nós, porque ela não nasceu pra relacionamentos, né? E depois eu conheci a Michele e me apaixonei. Eu tenho muita química com a Gabi na cama, e tenho medo da Michele ter se magoado de alguma forma, não sei. Não sei, amiga. Nunca fiz isso.