Viagem em familia

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Assim que sai do trabalho, combinei com a Vanessa para conversarmos, eu precisava desabafar, estava ficando louca com tudo o que aconteceu.

— O que tem de tão urgente pra me falar, Melissa? — Olhei para ela que se sentou de frente para mim.

— Uma tragédia. — Fechei os olhos e balancei a cabeça angustiada.

— Aí, fale de uma vez! Estou ficando nervosa, não vai me dizer que está grávida. — Disse fazendo sinal e pedindo uma água para o garçom.

— Não. A mulher de ontem... — Comecei dizendo e ela me interrompeu.

— Por favor, Mel! Esquece isso, você vai se culpar a vida inteira?

— Vanessa, você pode me deixe falar? — Respirei fundo e olhei para ela que se calou. — A mulher de ontem é minha sogra.

— Que? — Ela praticamente gritou fazendo todos ao nosso redor olharem para nossa mesa. — Porra, você é azarada demais, como foi isso? Ela te reconheceu?

— Claro que sim. — Eu cobri os olhos com as mãos como se pudesse esconder o constrangimento. — O Flávio saiu cedo para o trabalho e ela estava lá, me esperando acordar. Meu Deus, eu estou muito constrangida, e com medo dela acabar falando para ele.

— Melissa, se acalme. Sei como tudo isso pode parecer embaraçoso e tal, mas tente ficar tranquila. O que passou, passou, bola pra frente, ela nem mora no país, logo ela vai embora e tudo volta ao normal, e duvido de verdade que ela vai falar para o filho, que transou com a noiva dele, imagine a reação do Flávio.

— É... você pode ter razão. — Respondi pensativa.

— Eu tenho. — Disse convencida. — A não ser que a sogra seja melhor do que o filho... — Encarei ela e franzi o cenho nervosa. — Se me lembro bem, você me disse que ela foi responsável pelo melhor orgasmo da sua vida.

— Está bem, chega desse assunto. Estou ficando em pânico só de pensar em vê-la novamente.

Ficamos algum tempo conversado e bebendo, enquanto jantávamos. Eu me sentia um pouco melhor, talvez pelo álcool, ou por entender que infelizmente nada poderia ser mudado.

Eu estava jogada no sofá vendo série e comendo chocolate, quando ouvi a voz do Flávio, e para o meu azar, ele não estava sozinho.

— Mel, estamos entrando. — Disse ele avisando e me sentei pausando a série. — Desculpa não avisar, mas decidimos de última hora.

— Sem problemas. — Beijei ele rapidamente e olhei para a Marta. — Tudo bem? Quer beber alguma coisa?

— Não, obrigada. — Respondeu ela.

— Vim te buscar. — Disse ele sorridente me abraçando. — Dona Marta mal pisa no país, mas quando está por aqui quer reunir a família toda.

— Não, não sei se... — Comecei a falar e congelei vendo-a se aproximar de mim tocando minha mão.

— Você não tem desculpas, Mel. É fim de semana e você já faz parte da nossa família.

— Viu? Até a minha mãe quer você com a gente. Arrume suas coisas.

— Tudo bem. — Respondi vencida pelo cansaço.

Quando entrei no quarto, percebi que eu estava usando só uma camiseta longa com uma calcinha velha e grande, peguei um vestido e entrei para o banheiro tomando um banho rápido.

Coloquei minha mochila no porta malas e me acomodei no banco de trás ajustando o cinto de segurança, enquanto Marta dirigia ao lado do Flávio que ia no banco da frente ao lado dela.

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