Equivocos

3K 304 318
                                    

Eu fiquei algum tempo entre a vontade de ir, e o medo de ser alguma armadilha. Vanessa também não gostou nada da ideia, mas no fim, depois de muita conversa, decidimos juntas ir até lá.

Depois de nos apresentarmos na portaria, entramos no prédio. Era um condomínio fechado, poucos andares, mas um local aconchegante e aparentemente confortável.

Olhei o celular conferindo o número do apartamento, 605, toquei a campainha e continuei de mãos dadas com a Vanessa, ela também estava nervosa.

— Oi, entrem. — Disse a menina que nos observou. — Fiquem a vontade. Querem beber alguma coisa?

— A gente está com pressa. — Vanessa respondeu sem muita paciência. E eu apertei sua mão tentando fazê-la parar.

— Claro, não se preocupem. Serei breve. — Disse ela apontando para os sofás e se sentando em uma poltrona a nossa frente.

Juliana era uma morena bonita, alta, seus olhos eram num tom mel quase esverdeados. Ela usava um longo vestido azul claro, seus cabelos molhados e o cheiro de perfume no ambiente não escondia que ela acabara de tomar banho a pouco.

— Melissa, quando eu soube o que aconteceu com você, não me restou dúvidas de que foi o Flávio quem fez isso. — Iniciou ela sem rodeios.

— Você não sabe...

— Ele fez o mesmo comigo. — Disse me cortando. — Por muito tempo eu odiei você, sem saber que você era tão vítima quanto eu.

— Eu nem te conheço. — Respondi enquanto Vanessa acariciava minha mão com carinho.

— Quando Flávio se envolveu com você, eu estava noiva dele. — Disse ela se levantando e me entregando uma aliança com uma data gravada, ao lado do nome dele. — Eu te odiei por imaginar que você era amante dele e sabia tudo.

— Não faz sentido. — Respondi devolvendo a aliança para ela.

— Ele estava com nós duas ao mesmo tempo, e eu descobri por acaso. — Ela voltou a se sentar enquanto tomava um pouco de chá. — Um dia ele estava dormindo comigo, eu acordei um pouco mais cedo e o celular dele estava na sala, você mandou uma mensagem de bom dia chamando-o de amor, e perguntou a que horas ele iria te buscar. Eu fiquei muito irritada, mas não disse nada, e resolvi investigar. — Ela sorriu e me olhou, encarando a janela em seguida. — Ele não conhecia uma prima minha que estudava na mesma universidade que vocês dois, e ao meu pedido, ela me mandou várias fotos de vocês de mãos dadas pelo campus, e aos beijos...

— Eu não sabia... jamais teria ficado com ele se soubesse. — Ela me olhou e assentiu.

— Ele dormia comigo quase todos os dias na época, e óbvio que quando ele não dormia aqui, eu sabia que ele estava com você. — Ela olhou nos meus olhos e fez uma pausa. — Ele chegou um dia cheirando a álcool e a perfume feminino, já era tarde. Eu fiquei tão irritada que explodi e joguei na cara dele tudo o que eu sabia, e ele claro, não gostou nenhum pouco de ser descoberto.

Ela se levantou e trouxe um documento, era um boletim de ocorrência com a data próxima dos relatos, e nós realmente já estávamos juntos.

— Eu parti para cima dele fora de mim, e ele me agrediu. E se não fossem os vizinhos ligarem para a polícia, ele não teria parado. Como vocês podem ver, eu tenho medida protetiva contra ele. Ele está proibido de se aproximar de mim.

Por acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora