Descobertas

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Fazia dias que eu não via a Vanessa no meu horário de almoço, isso porque eu e Marta nos encontrávamos no apartamento dela, já que era a cada dia mais difícil ficarmos longe uma da outra.

— Finalmente... — Disse Vanessa se sentando de frente para mim pegando o cardápio e decidindo o que pedir. — E sua gata, te deu uma folga hoje?

— Ela estava indisposta. — Respondi olhando para ela. — Está gripada.

— E não foi cuidar dela?

— Não, ela queria descansar. — Respondi bebericando meu suco de laranja.

— Quando ele volta?

— Ele ainda não me disse com precisão, mas estou ansiosa para que isso aconteça, não aguento mais esperar para esclarecer tudo pessoalmente.

Ela assentiu e voltou atenção para sua refeição. Eu não via a hora de Flávio voltar para resolvermos tudo de uma vez. Eu queria muito ficar com a Marta sem o sentimento de culpa por ele não conseguir entender que eu falava sério sobre o término da nossa relação.

Estava em casa preparando uma torta para o jantar quando ouvi meu celular tocar, e para minha surpresa, era Michele.

— Oi, Michele, que surpresa boa. Como você está?

— Bem. — Ouvi seu sorriso largo e sua voz abafada. — Eu já estou na cidade, quando podemos nos ver?

— Se quiser, agora! — Respondi feliz. — Vem, estou preparando o jantar. Vou te mandar o endereço.

— Ótimo. Não demoro.

Michele logo chegou em sua bike, nos abraçamos e ela entrou olhando para mim. Me lembrei do abraço dela em Marta e esperaria o momento certo para questiona-la sobre aquele dia.

— Eu consegui um trabalho em uma academia. — Disse ela enquanto jantávamos.

— Que bom, está gostando daqui?

— Sim, só não conheço quase ninguém ainda. Estou morando bem pertinho de você.

— Podemos sair qualquer dia desses. — Respondi.

— Eu conversei com a Marta naquele dia. — Disse ela tocando no assunto, e agradeci por não ter que perguntar. — Pedi desculpas pelas coisas que fiz no passado, e até nos abraçamos.

— Eu vi. — Confessei olhando para ela.

— Fico feliz por ter resolvido isso. A gente quando é nova faz muita coisa sem pensar nas consequências.

Depois de conversarmos bastante, ela foi embora, e ficamos de marcar uma baladinha na sexta-feira à noite. Eu disse que levaria a Vanessa, e ela não se opôs.

Algumas vezes eu falava com o Flávio por minutos no fim do dia, e era a cada instante mais irritante vê-lo fingir que estava tudo bem e esperar calmamente que ele voltasse de viagem.

Naquela noite, eu estava sensível, depois da ligação com ele, eu chorei por horas seguidas e não consegui dormir nem tão cedo, ele conseguia me fazer sentir a pior pessoa do mundo.

No horário do meu almoço como sempre, me encontrei com ela. Marta não gostou muito de saber que eu tinha me encontrado com a Michele e que tinha combinado de sair com ela mais tarde, por mais que eu tivesse deixado claro que não tinha o menor interesse nela. Sinto que as vezes eu preciso manter o controle da situação e me impor, porque nem mesmo o Flávio costumava me impedir de fazer o que eu gostava, e com a Marta não será diferente.

— Você está muito tensa. — Disse Vanessa se aproximando com uma taça de gin me entregando. — Não vai me dizer que deu uns beijos na garota também...

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