Capítulo final

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Longos meses se passaram, e por aqui, casa cheia. Isso se deve à proximidade com o natal. Meus pais vieram na última semana, e estão grudados na Yasmin que também sente muita falta dos avós, já que só temos tempo para estar com eles, aos finais de semana.

Michele ainda não chegou porque o trabalho não a liberou antes, mas Vanessa está há alguns dias ao meu lado, combinamos de reunir todo mundo para celebrar o primeiro natal da minha filha, e claro, aproveitar a oportunidade de ficar pertinho dos meus amores.

Raquel passou por aqui no dia de ontem, para deixar um presente para a Yasmin. Nós conversamos um pouco sobre assuntos profissionais, e ela foi embora em seguida, ia viajar com a família do marido que mora na Alemanha.

Marta? Bem, desde o nosso último encontro conturbado, não nos vimos mais. Porém, ela mantém contato com minha mãe, continua a depositar mensalmente dinheiro para a Yasmin, e sempre que pode, tenta ir até a casa dos meus pais aos finais de semana, quando sabe que eu não estarei lá.

O Flávio felizmente me deixou em paz, ele saiu do país, e ao que tudo indica, para sempre. Um tempo antes do meu ilustre ex noivo ir embora de uma vez, eu e Juliana decidimos que ele merecia um bom corretivo, até negociamos o serviço, mas ele foi embora antes do previsto, e acabamos não tendo êxito em nossa vingança, quem sabe um dia...

De todas as coisas que eu vivi na minha vida, a Juliana certamente é um dos meus melhores acasos. Quem diria que de uma conversa tensa, nasceria uma grande amizade? Sim, nós somos apenas amigas. Eu sei que talvez em algum momento, com a carência gritando e a falta que a Marta me faz, eu pensei em investir na Juliana, porém, a amizade entre nós se fortalecia todos os dias, e já não dava mais para vê-la de outra forma. A Juliana me ama tanto, que até se mudou para mais perto de mim, matando a Vanessa de ciúmes e inveja. E confesso que eu me divirto muito com isso.

Infelizmente depois da Marta, eu não tive olhos para mais ninguém, o meu amor e dedicação, são agora todos voltados unicamente para a minha filha. Eu nunca a esqueci, embora quisesse de todo coração apagá-la da minha memória.

— Se eu soubesse que você se escondia na casa da tia Raquel, eu teria aparecido antes. — Disse Gabi entrando. — E minha sobrinha?

— Brincando com a Vanessa. — Respondi abraçando-a.

A Gabi mantinha uma relação um pouco... confusa com a Vanessa e a Michele, segundo elas, não existia uma relação, mas elas viviam juntas em todas ocasiões e datas comemorativas, e tinham ciúmes umas das outras, além de compartilharem um pouco de tudo, principalmente a cama.

A casa estava cheia, mas o meu coração vazio. Eu estava trancada naquele quarto há algum tempo, tentando inutilmente ficar bem. Como eu posso ainda amar alguém que me magoou, e que não se importou com isso? Como posso todos os dias colocar a cabeça no travesseiro e pensar nela pelo menos uma hora inteira antes de dormir?

As vezes me pergunto se um dia vou conseguir esquecê-la, se é possível o amor se tornar uma lembrança boa, e até mesmo se o meu coração pode encontrar outros caminhos.

Eu me pergunto diariamente se ela está bem, se ela ainda pensa em mim, se ela tem alguém... sim, são pensamentos frios que me machucam todos os dias, não consigo sequer imagina-la beijando outra mulher. Se eu verdadeiramente a amo, eu não deveria desejar que ela seja imensamente feliz, independentemente se for nos braços de outra pessoa? Eu acho que essa teoria ridícula, é de alguém que nunca amou de verdade.

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