As vezes custava acreditar que eu de fato estava grávida, já que a minha menstruação não estava atrasada como era de se esperar, e eu até usava DIU, já que a pílula me fazia mal. Eu repeti os exames tentando inutilmente ter um resultado diferente, o que não aconteceu, estava mais do que confirmado, eu estava grávida e desesperada!
Marta não me atendia, seu celular agora estava desligado, e Flávio me bloqueou de todas as formas que eu poderia contacta-lo. Eu errei com ele, sim, mas eu agora esperava um filho, e não podia guardar isso só para mim, ele precisava saber.
— Você tem certeza? — Perguntou Vanessa tocando minha mão enquanto estávamos estacionadas em frente ao prédio que Flávio morava.
— Eu preciso fazer isso. — Respondi. — Me espera aqui.
Eu subi tentando manter a calma, não seria fácil revê-lo novamente, embora a poeira já tenha baixado semanas após aquele trágico dia. Toquei a campainha e ele abriu, seus olhos azuis estavam carregados de cansaço, ele estava destruído tanto quanto eu. Vi pelo o seu semblante que ele estava incrédulo ao me ver, como se eu fosse uma assombração.
— Devo admitir que você tem muita coragem de aparecer na minha frente depois do que fez. — Disse com tensão na voz.
— Eu não estaria aqui se não fosse importante. — Respondi nervosa. Meus joelhos mal se mantinham firmes.
— Seja rápida, não quero estragar ainda mais a minha noite com a sua presença.
Eu ia entrar, mas ele fez sinal para que eu parasse aonde eu estava. E entendi que eu precisava falar o que quer que seja ali mesmo, na porta.
— Me perdoa pelo que você viu, eu nunca quis magoar você... — Eu tentei começar pedindo perdão, e ele me cortou irritado.
— Vai para o inferno, vagabunda. — Ele ia fechar a porta quando eu segurei ainda olhando para ele. — Sai da minha frente antes que eu perca a cabeça.
— Eu estou grávida, Flávio.
Seu olhar era confuso, eu não esperava que ele me recebesse bem, que ficasse feliz com a notícia, ou que quisesse fazer as pazes, aliás, nem eu mesma queria isso. Ele bateu a porta na minha cara e eu fechei os olhos secando as lágrimas, saindo em seguida dali.
— Como foi? — Perguntou Vanessa assim que entrei no carro.
— Melhor do que eu esperava.
Vanessa maneou a cabeça e tocou minha coxa com carinho. Eu nem sabia como agradecer, ela cuidou de mim por todos esses dias, e em momento algum me julgou, por mais que eu merecesse.
— E ela? — Questionou Vanessa, sobre o sumiço da Marta nesse momento em que eu mais precisava dela.
— Não faço ideia. — Respondi. — Mas não duvido que ela tenha ido embora do país, e até entendo o lado dela, mas o que me deixa magoada é ela não ter nem a consideração de me ligar.
Michele chegou na minha casa e me olhou, ela beijou a Vanessa e se sentou perto de mim. Elas estavam juntas, não sei bem desde quando, porém me sentia feliz em vê-las começando algo que aparentemente ia muito bem.
— Eu sei que mereço todos os julgamentos possíveis, Michele, mas eu juro que tentei terminar com ele. — Disse voltando a chorar, eu estava muito sensível enquanto explicava minha real proximidade com a Marta. — Eu conheci ela em uma balada um dia antes de nos conhecermos oficialmente, a Vanessa está de prova que era para ser algo apenas casual, tanto que nem o nome dela eu sabia na ocasião. Quando Flávio nos apresentou, foi um choque...
Michele ouvia atentamente o meu relato de como tudo aconteceu, eu ainda não tinha sido sincera porque era difícil de admitir, o quanto eu errei em me apaixonar por ela, e o quanto eu fui errada com ele. Ela me abraçou, e disse que conhecia Marta o suficiente para saber que ela estava com problemas, ou apenas tentando fazer as pazes com o Flávio, já que era louca pelo filho, porém era algo que eu não conseguia imaginar que aconteceria um dia, ele não me perdoaria, ele jamais perdoaria a mãe.
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Por acaso
RomanceQuantos acasos podem surgir em nossa jornada, e mudar completamente o rumo dos nossos planos? Melissa estava prestes a firmar o seu noivado com Flávio, quando por ironia do destino, encontrou alguém que balançou completamente as suas estruturas des...