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Afeganistão - sábado, 24 de abril de 2010 às 22h58min

Eu deixei cair a minha mochila no meu beliche e me larguei nele com um suspiro. Eu tinha feito tudo o que poderia pensar para manter a minha mente ocupada e fazer o tempo passar mais rápido. Nada realmente funcionou. Eu estava de pé desde o amanhecer, saí para uma corrida, tive uma reunião com o meu Comandante, limpei minhas armas, e lavei cada peça de roupa que eu tinha, que estavam agora dobradas no meu baú.

Olhando para o relógio na parede, eu suspirei e gemi, puxando o meu cabelo – essa merda estava precisando desesperadamente de um corte – e apoiei os cotovelos nos joelhos. O tempo estava me matando. Ao mesmo tempo em que parecia voar, fazendo essa tentativa de conversa via Skype parecer mais próxima, tinha momentos em que rastejava como um caracol.

O problema era... Eu não tinha a porra de ideia do que eu queria.

Por um lado, eu queria desesperadamente que natasha aparecesse online hoje. Se ela aparecesse, o que significava que iríamos realmente fazer isso, que seus e-mails surpreendentes iriam continuar a chegar, e que alguém lá fora dava a mínima para mim - um belo e surpreendente alguém.

No pouco tempo que esteve me escrevendo, ela tinha se tornado muito importante. Não porque enviava os pacotes de cuidados mais impressionantes ou fazia os melhores cookies do maldito planeta; era por causa de sua preocupação imediata, seu coração aberto, e sua insistência de que eu não estava sozinho. Era a maneira que ela tinha de me acalmar, ela deixava tudo melhor. Nosso senso de humor combinava de um jeito que... nunca foi assim com ninguém que eu já conheci, e tudo isso aconteceu tão facilmente entre nós.

E agora, eu não me sentia mais sozinho. Pela primeira vez em muito tempo, eu tenho alguém que realmente se importa com o que acontece comigo. Peggy - a minha própria namorada maldita - não tinha sequer se importado com onde eu estava ou o que eu estava fazendo aqui... e nunca me enviou nada. Nunca passou pela sua mente.

Por outro lado, era este último pensamento que me preocupava mais e a razão que eu tinha que dar natasha a opção de interromper essa coisa toda. Eu não quero que ela perca seu tempo com alguém que poderia possivelmente não sobreviver. Ela era jovem e tão fodidamente bonita e brilhante. Ela merecia tudo, e eu não poderia lhe dar nada. Eu tinha certeza de que foi isso que tinha finalmente feito com que a minha ex desistisse, essa sensação de que a vida está passando, e para quê? Por alguém que pode ser que não volte para casa?

Levantando-me e deixando a minha mochila onde estava, eu abri o meu baú e peguei o meu laptop. O quartel estava quase vazio, a maioria dos homens estava no refeitório. Era noite de cinema. O resto dos homens estava em patrulha. Eu entrei no escritório do Comandante e coloquei o meu computador em cima da mesa.

Como sempre, eu verifiquei meu e-mail em primeiro lugar, e o meu coração despencou quando não havia nada novo. Eu balancei a cabeça, irritado com o quanto eu precisava das palavras dela e sua calma, seu humor forte para manter a minha cabeça acima da água. Inferno, eu nem sabia o quanto eu precisava disso até aquela primeira carta aparecer sem aviso prévio.

Eu fiz o login no Skype, e deixei a janela aberta enquanto eu buscava algo que ela tinha solicitado. Música. Mas não qualquer música... algo que eu tivesse tocado.

Incapaz de me segurar, eu abri a foto da natasha - aquela em que ela estava prestes a sair com as meninas. Ela estava bonita, com uma roupa azul brilhante, seu cabelo cor de morango  estava preso, e eu podia ver bem seu rosto. Eu sorri, revirando os olhos. Se um dia eu tiver sorte o suficiente de sair daqui e encontrar esse cara chamado James, eu iria seriamente verificar suas faculdades mentais. Ele tinha que ter caído de cabeça. Repetidamente. Se não, então havia algo seriamente errado com a porra do cara.

Me assustava quão rapidamente as coisas tinham progredido entre nós. Dois meses? E nós ainda não tínhamos nos encontrado cara a cara. Analisando o quadro, eu percebi que realmente não se tratava de sua aparência. No entanto, uma parte de mim se perguntava se tivéssemos nos encontrado na rua ou em um bar... se teríamos ficado ligados tão rápido? Será que toda esta situação parece estranha, simplesmente porque nos conhecemos de uma forma pouco ortodoxa? Garanto que dois meses em uma relação de face-a-face seria completamente diferente. E eu garanto que não teria sido tão extremamente aberta e honesta.

Eu cliquei nas minhas músicas um pouco mais, fazendo o máximo de esforço para não olhar para o relógio. Assim que eu encontrei o punhado de músicas que eu queria que ela recebesse, meu computador soou com um alerta de chamada recebida. Com o meu coração, bolas, e estômago na garganta, eu cliquei para abrir a janela.

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