20h16min
"Eu tentei muito manter as coisas amigáveis entre nós no início, mas eu acho que não posso. E eu não sei o que isso significa."
"Eu tentei ser um cavalheiro com esta coisa, mas eu tenho medo que quando nos falarmos amanhã, tudo o que eu comecei a sentir esteja estampado no meu rosto."
Enquanto eu estava sentada no sofá, olhando fixamente para a televisão, minha mente continuava voltando para o último e-mail de Steve - e essas duas passagens em particular. Dizer que suas palavras tinham me afetado seria um eufemismo. Era uma loucura - Eu sabia que era! - Mas parecia que ele estava sentindo como se eu fosse...
Que tudo isso tinha ido além da amizade para... algo mais.
Era assustador quão rápido meus sentimentos tinham se desenvolvido por um homem que eu nunca tinha conhecido pessoalmente. Desde a primeira carta, eu tinha ficado intrigada. Seu senso de humor - comparando sua ex cadela à Bruxa Malvada do Oeste, pelo amor de Deus - foi brilhante. Eu descobri que ele gosta de ler e que gosta de música tanto quanto eu - ser talentoso musicalmente foi um bônus adicional. Ele parecia ter uma personalidade intrigante.
Então, quando ele me chamou de ladra de cookies e me provocou por nem todos os seus cookies terem feito a viagem, ele me fez rir... na verdade eu ri como uma menina de doze anos de idade.
Nesses dois meses, a atração que eu sentia por steve, a pessoa - mesmo antes de ver quão lindo o homem era fisicamente - continuou a crescer. Ouvir a história de seus pais e do homem - Carlos Mendez - que ele tinha perdido em Kandahar tinha me mostrado o bom homem que ele era. Um homem insensível não teria cuidado do pai do jeito que ele tinha quando tinha apenas dezoito anos. Um homem sem caráter não teria ficado tão dividido sobre um homem em seu plantel ter morrido - como eu disse a ele, trata-se de uma guerra e haveria vítimas, certo? Mas não, Ele tinha pensado na esposa e filho do jovem soldado. Quando ele me disse que tinha escrito uma carta para a esposa do homem, eu fui incapaz de conter as lágrimas, sabendo o quanto ele estava se sentindo culpado pelo fato de que um jovem com toda a vida pela frente tinha morrido em seu lugar. Apenas um bom homem se sentiria dessa forma e seria capaz de expressar isso para alguém como Steve tinha feito. De muitas maneiras, ele me lembrava Yvan, porque o meu pai era o cara mais companheiro que eu conhecia.
Tínhamos gostos semelhantes para filmes, música, e isso parecia despertar provocações e flertes um do outro - e eu gostei disso. Fazia muito tempo que eu não apreciava uma conversa com um homem que não estava apenas ali apenas para me levar para a cama. Steve conseguia me acompanhar, em pé de igualdade, e isso era malditamente sexy e intrigante.
Meus pensamentos se voltaram para seu último e-mail. Eu estava feliz por ter esperado para abri-lo até depois da escola, porque eu não tinha certeza se teria alguma utilidade pelo resto da noite...
"Mas eu não posso fazer nenhuma promessa, Nathy, e isso me incomoda pra caralho. Você poderia ter qualquer homem implorando por sua atenção, que seja capaz de estar aí com você. Você merece um futuro, e eu não posso te prometer um. Você precisava saber essas coisas antes de nos falarmos pelo Skype amanhã, e eu estou te dando uma alternativa, porque você merece, mas eu vou estar amanhã online, não importa o que aconteça. Nem mesmo uma guerra poderia me impedir."
Ele me deu muito em que pensar. Por mais que eu estivesse sentindo essa conexão com ele e por mais inteligente, engraçado e sexy que ele fosse, eu queria continuar com... o que quer que isso fosse... com ele? Eu vivia todos os dias com a preocupação de que algum criminoso aleatório matasse Yvan. Eu poderia viver com o fato de que, pelo menos nos próximos seis meses, Steve estaria bem no meio de uma zona de guerra, e a qualquer momento, ele poderia ser tomado de mim?
O pensamento de perdê-lo assim me fez abraçar meus joelhos contra o peito, respirando profundamente para evitar a necessidade de correr para o banheiro e vomitar o meu almoço. Se algo acontecesse com ele, iria me devastar... e cortar contato agora não iria impedir que isso acontecesse.
Uma expressão atordoada cruzou meu rosto quando eu percebi o que isso significava.
Eu já estava bem encaminhada para ficar totalmente, incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonada por Steve Rogers.
Puxando a manta que eu tinha colocado em volta de mim mais apertado, eu me enrolei de lado no sofá, olhando para o teto, enquanto a minha mente tentava processar tudo o que eu estava sentindo.
Duas horas mais tarde, quando olhei para o relógio, eu decidi que não era tarde demais para ligar para as minhas meninas. Eu precisava de conselhos, e como esposas de soldados, elas eram perfeitas para os meus questionamentos. Pegando o telefone, eu disquei o número de Maria primeiro.
"Natasha!" Ela meio que gritou, fazendo-me afastar o telefone do ouvido e rir. "E aí?"
"Ei, espere. Deixe-me colocar Laura na conversa".
Ela concordou e eu mudei para uma nova linha e liguei para Laura, que atendeu depois de alguns toques.
"Desculpe, estava deixando os cachorros sair", ela disse, respirando com dificuldade. "Tive que correr até o telefone."
"Não tem problema. Maria está aqui também."
Elas se cumprimentaram rapidamente, e, em seguida, laura disse, "Ok, cospe. O que está errado?"
"Nada há de errado... realmente", eu me apressei em assegurar. "Eu só... preciso de alguns conselhos."
Me aconchegando ainda mais no sofá, eu respirei fundo e depois admiti o que eu vinha pensando duas horas antes.
"Eu acho que estou apaixonada por Steve."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coming Home By Sargent
Hayran KurguCOMING HOME é sobre um soldado que está no Afeganistão e uma professora que por intermédio de uma amiga começa a se corresponder com ele, depois de lhe enviar um 'pacote de cuidados' como retribuição por seu serviço pelo povo dos Estados Unidos.