Verdade

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Quando estaciono meu carro na frente da minha porta sinto como se fosse infartar, meu coração está tão acelerado que nesse silencio repleto de escuridão consigo ouvir meus batimentos.
Sei que quando entrar por aquela porta Carlos vai estar me esperando, e eu não sei mesmo como vou explicar toda essa merda... Acho que dizer a verdade basta, se quero iniciar um novo relacionamento com ele tenho que ser honesta, se não, não vai passar de uma mentira mais uma vez. Me envergonho só de pensar em dividir coisas sobre minha vida cercada de coisas ilegais e erradas, mas tenho que fazer.
Entro para dentro e fecho a porta atrás de mim com o máximo de cuidado para não fazer barulho, na esperança de ele estar dormindo, mas eu sei que não vai estar; subo os degraus da escada e paro de frente para a porta de seu quarto pensando muitas vezes se devo bater ou não.
- Carlos, se estiver acordado... Abra a porta, por favor.
E então ele abre.
- Posso entrar?
Ele se afasta e estica o braço para me dizer que sim.
- Eu te devo explicações, eu só vou falar e você só precisa ouvir, por favor sente-se. - sento na beira da cama esperando ele se juntar a mim.
- Bom, então vamos do começo... Como você sabe, meu pai é um homem de negócios, e ele conheceu um homem muito poderoso que possui muitos negócios e de grande influência aqui na cidade, ele fechou alguns negócios com esse homem, que é um gângster para ser mais exata e desde que ele entrou em nossas vidas tudo tem virado de cabeça pra baixo, nós fomos ameaçados de morte, eu fui sequestrada, e quase matei um homem. - Prefiro deixar de fora a parte de ter sido completamente apaixonada por esse mesmo homem. - E até então meu pai continua sendo sócio dele, eles roubaram algo de pessoas importantes e com o acidente do meu pai eu precisei ir resolver, eu não iria atirar em você de fato, só precisava que você me deixasse é muito menos te traria pra cá sabendo do risco, eu sei que é muito pra digerir e eu estou contando bem por cima, e eu entendo se você não quiser ter nenhum e envolvimento comigo, afinal essa seria uma sabia escolha a se fazer, mas peço que não mude sua opinião sobre mim, eu continuo sendo a mesma...
Tiro um peso das costas ao dizer tudo isso em voz alta.
- Isso não me faria mudar de opinião sobre você Katheryn! É, realmente eu não esperava isso, mas isso não te torna diferente do que você é, e eu gosto de você assim, e eu imagino o quão deve ser difícil para você ter passado por tudo isso, eu sinto muito, muito mesmo.
- Não sinta, você não tem culpa.
- Vem cá. - Carlos coloca seu braço em volta de mim enquanto me aconchego em seu peito.
- Vai ficar tudo bem. - Eu afirmo a ele.

- Já está tarde, eu vou me deitar... Obrigada por sempre cuidar de mim Carlos, amanhã prometo te recompensar, faremos muitas coisas e pra isso, você precisa descansar senhor Cifuentes. - Digo enquanto me inclino para beijá-lo e ele retribui enquanto coloca a mão no meu pescoço.
- Boa noite, amor. - Ele deixa um beijo na minha testa ao terminar de dizer a frase.

Quando fecho a porta do quarto atrás de mim, posso me sentir aliviada pela reação dele, ele está sendo fundamental para que eu atravesse isso sem desmoronar.
Tomo um banho o mais rápido possível, preciso deitar, estou exausta, cada parte do meu corpo quer deitar e dormir até tudo passar. Quando deito o sono logo vem, tento evitar de pensar no Thomas e na minha raiva, posso deixar isso para depois, preciso de paz pelo menos na hora de dormir.

- Senhorita Katheryn, hora de acordar. - Dorotta abre as cortinas deixando toda a luz do sol entrar no quarto e eu resmungo, até me dar conta de que a Dorotta está aqui, então sento na cama devagar.
- Dorotta, bom dia! Estou feliz em ver você! - Bocejo enquanto falo.
- Eu fiz seu café da manhã e já escolhi sua roupa.
Penso em reclamar pelo fato dela ter escolhido minha roupa e já sei o que vem por aí.
- Obrigada Dorotta, mas não precisava!
- Agora vem me dar um abraço. - Ela reclama e eu me arrasto até ela para um abraço aconchegante, eu precisava disso.
- Agora pode se sentar, vamos arrumar seu cabelo!
Como sempre definindo os cachos nas pontas deixando meio preso, o vestido que ela escolheu é branco, um dos que usei quando morava na casa dos Shelbys, mangas bufantes, comprimento até as canelas, rodado, e com amarrações atrás, extremamente delicado, o que não tem muito haver comigo no momento, mas uso mesmo assim, ela fica tão empolgada que não tenho coragem de estragar esses nossos momentos, coloco um camafeu delicado no pescoço e minhas botas de couro marrom, e faço uma maquiagem para me deixar com aspecto saudável, cor nas bochechas e nos lábios, só que dessa vez vou usar rímel, afinal não consigo parar de usar essa invenção maravilhosa.

ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora