Família

644 49 6
                                    

Três semanas se passaram, foram semanas intensas de estudo, mas Carlos me ajudou em muitos trabalhos após a aula na biblioteca, fomos tomar sorvete quase todos os dias, e em todos os dias ele me trouxe em casa.
Emily e eu estávamos super empolgadas com os encontros entre ela e o rapaz da biblioteca, eu tive que dar um empurrãozinho... Na verdade um empurrãozão, joguei um livro do alto da prateleira na cabeça dele enquanto ela olhava os livros na mesma prateleira na qual eu estava escondida atrás, foi engraçado e agora eles saem todos os dias praticamente, ela já está apaixonada e eu tenho certeza que ele também...

Hoje é sexta feira e Carlos me trouxe em casa, no início da semana me fez um convite para uma festa de aniversário do seu amigo da faculdade, e a festa seria na casa desse tal amigo. Só consigo pensar que queria que Emily estivesse aqui para palpitar na minha escolha de roupa.
E sobre a dor... Ela ainda estava aqui, não havia sumido, mas estava se curando, Carlos me fazia tão bem, mas eu continuo relutante a aceitar que estou gostando dele, não sei o que aconteceria se ele partisse meu coração... Sinto que dei uma esfriada com ele, por puro medo e sei que ele percebeu isso, mas ele consegue continuar sendo paciente e respeitando totalmente o meu espaço.
Agora estou no meu quarto, - Senhorita Katheryn! - A senhora Margot me gritou lá de baixo e eu desço depressa, parece importante.
- Aqui querida, sua mãe está no telefone, quer falar com você!

- Alô, oi mamãe!
- Oi filha, você está bem?
- Sim, estou, aconteceu alguma coisa? Nunca liga nesse horário.
- Bom... Seu pai, ele caiu e se machucou, quebrou a perna.
- O que!? Como isso aconteceu?
- Eu não disse antes para não te preocupar... Bom ele estava trabalhando, estava montado no cavalo, e o cavalo se assustou, disparou a correr e seu pai tentou se segurar, mas ele não conseguiu...
- Nossa mãe, que chato!
- Eu não te pediria isso se não fosse importante... Nos temos um carregamento muito importante para fazer, mas como ele não consegue andar ainda, ele disse que gostaria que você se encarregasse...
- Carregamento? Isso é tão simples... Nossos homens já sabem o que fazer, são só legumes.
- É que... - A voz dela está estranha. - É muito importante alguém supervisionar, eu só não faço pois terei que fazer outra coisa enquanto mandamos a mercadoria para o Porto.
- Tá bem... Eu vou, só me diz o que tem de errado mãe!
- Quando você chegar nós conversamos... Tome muito cuidado na estrada filha, não pare por nada.
- Tá bom então, está bem pode deixar...
Isso está muito estranho, não duvido que seja algo ruim... Meu estômago gela só de pensar que eu terei que voltar pra lá agora, não quero vê-lo por nada nesse mundo, e ainda tem Carlos, terei que falar para ele que não poderei acompanhá-lo e que sairei da cidade nesse fim de semana.
- Senhora Margot, estou indo para minha cidade, é importante, pode avisar Emily por mim?
- Posso filha, está tudo bem? - Ela me encara com aqueles olhos de bambi.
- Está sim, voltarei domingo provavelmente, pegarei algumas roupas e já vou...

Vou pegar só o necessário, algumas roupas mais novas, não quero usar os vestidos de boneca, então pego dois conjuntos de paletó e saia, um vestido preto, e já estou usando minhas botas, pego também meu sobretudo, o tempo está para mudar... Enfio tudo na minha mala de mão e desço as escadas.
- Querida coma algo antes de ir e use o banheiro, é perigoso parar na estrada à noite.
Faço três sanduíches e pego água depois de usar o banheiro.
- Tchau senhora Margot, não se preocupe, ficarei bem.
Completo o tanque de combustível e coloco um pequeno no porta malas, tenho medo de ficar sem.
Quando entro no carro começa a garoar, o que me deixa apreensiva por dirigir na chuva...

Não consegui ligar para Carlos, então decido ir até o apartamento dele para avisar que ficarei fora, não sei se deveria, ou se é necessário, mas farei mesmo assim.
Bato na porta estreita na minha frente, aqui é tão bem localizado, a praça está em frente, deve ser maravilhoso de se morar!
Ninguém atende então bato mais forte e chamo pelo seu nome.

ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora