10 HP Torpedo

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Acordei em um pulo na hora que escutei alguém abrir a porta, as três pessoas mais importantes desse mundo entram no meu quarto com o café da manhã em mão, Dorotta segura uma bandeja, mamãe está com um objeto que desconheço, e papai com flores, essa com certeza é a melhor maneira de começar esse dia.
- Trouxemos o café da manhã senhorita.
- Também trouxemos um presente! - Mamãe diz toda animadinha.
Eu até tento esconder o quão emocionada eu fico diante disso, mas é impossível!
- Está chorando querida?
- Não pai! É só que eu... ah eu estou sim, eu vou sentir muitas saudades!
- Oh meu amor venha cá! - Mamãe diz se deitando ao meu lado e me abraçando, em seguida papai e Dorotta se juntaram a nós. Eu poderia passar o resto da minha vida aqui!
- Abra! Você vai amar! - Ela me entrega uma pequena caixa de veludo preta.
É um anel com o brasão da nossa família, com certeza feito em ouro. Não posso deixar de me lembrar da semelhança com os anéis que Thommy costuma usar, porém esse é menor e um pouco mais delicado.
- Uau mãe, isso é simplesmente perfeito, é lindo.
- Sua mãe queria te dar algo mais refinado, joias para ser mais exato, mas você tem a vida inteira para ter muitas joias - Ele faz uma pausa e coloca o anel no meu dedo indicador, onde se encaixa perfeitamente. - Isso, é o seu legado, sua família, não é só um anel filha, é para você não se esquecer de onde você veio.
- Pai eu amei! É perfeito, não poderia ter me dado algo melhor. - Digo isso enquanto lhe dou um abraço apertado.
- Bom chega dessa tristeza, precisamos nos apressar, afinal a universidade não fica aqui do lado! Vá tomar banho minha filha, seu pai e eu vamos nos arrumar.

Saio do banho e minhas roupas estão em cima da cama, nunca usei nada parecido antes, é um conjunto, saia e paletó, cinza escuro quase preto, com uma camisa de golinha branca por baixo, é moderno e muito elegante, me lembra a Polly Shelby com seus ternos femininos, porem esse consegue ser mais básico e juvenil, por incrível que pareça não fico parecendo uma senhora, mas sim uma mulher adulta e que trabalha em um cargo de alta posição em alguma companhia. Decido passar o batom vermelho que usei da outra vez, coloco minhas botas de couro preto, são lindas e estão praticamente novas. Decido fazer um coque baixo para poder usar o chapéu preto, deixando solta algumas mechas finas. Vai ser bom poder escolher todas as minhas roupas sem a Dorotta me vestir como uma boneca, mas eu vou sentir falta.
Ainda sentada em minha escrivaninha, viro para trás para poder observar esse quarto, o meu quarto durante toda a minha vida, sentirei saudade. O aperto no meu coração parece aumentar cada vez mais.

- Querida? - Ouço meu pai me chamar lá em baixo, o que me resgata dos meus devaneios nesse momento.
- Já estou indo! - Pego minha bolsa de mão, também em couro preto, se eu não me conhecesse diria que estaria parecendo uma Peaky Blinder agora, esse pensamento me faz rir.

Dou uma última olhada antes de fechar a porta atrás de mim, me certifiquei que o colar que ele me deu está no bolso do paletó.
- Oh filha olha só pra você! Já é uma mulher adulta! - Mamãe fala enquanto meu pai já estica o lenço do seu terno para ela, pois seus olhos já estão cheios de lágrima.
- Você está perfeita filha. - Os olhos do meu pai se enchem de lágrimas, mas ele é duro demais pra admitir chorar.
Me assusto quando Dorotta começa a soluçar e viro minha atenção para ela!
- Não Dorotta! Não chore!
Cindy está no pé da escada latindo para mim, aquele serzinho pequenininho tem meu coração, vou sentir tantas saudades. Coloco ela em meus braços e vou abraçar Dorotta.
- Eu preciso ir, mas você sempre vai ter um pedacinho meu contigo, quero que cuide da Cindy por mim.
- Oh senhorita Katheryn! - Ela chora mais ainda recebendo a Cindy em seus braços.
- Venha, vamos...
- Tchau Dorotta, eu amo você! - Deixo um beijo em sua testa e um em Cindy.
Quando saio para fora, estão todos os nossos funcionários, desde quem cuida da plantação, até os rapazes que cuidam dos nossos gados, e meu coração se aperta ainda mais, me despeço de cada um deles.
- Senhorita Katheryn, te desejo toda boa sorte desse mundo, você será uma grande mulher, fique com Deus! - Diz a mãe de Henry enquanto segura em minhas mãos, a barriguinha dela já começa a crescer,
- Obrigada Mary, não só por isso, mas por tudo o que já fez por nós, serei eternamente grata! Vejo que Sophie, ou John já começa a crescer, espero estar aqui no nascimento.
- Então, você não vai se despedir do seu velho amigo?! - Henry abre os braços para um abraço.
- Sentirei muito a sua falta Henry! - O abraço dele é forte e familiar. - Vê se não some Katheryn, também sentirei a sua falta.

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