Era noite, estava frio, e eu entediada. Meu vestido brilhante demais em comparação à outras garotas que saiam para festejar, no estilo inglês, que no caso, não combinava nada comigo, afinal minha preferência sempre foi espartilho e saia rodada. Já estávamos em 1919, mas eu não abria mão da moda francesa.
Eu sabia, sabia que não deveria ir, sabia que se papai descobrisse, eu ficaria trancada pelo resto da minha vida, mas algo falou muito mais alto do que a minha obediência. Vesti meu robe e desci as escadas, encontrei papai pronto para ir até a casa dos Blackburn's jogar coisas estúpidas e fumar charuto de homens estúpidos. Desejei boa noite à ele, disse que iria dormir, e subi para o meu quarto. Então comecei a me arrumar, realmente era um vestido lindo, provocante demais para o meu gosto. Prendi meus cabelos longos e enrolados nas pontas, deixando metade solto, me senti bonita.
Mamãe estava desmaiada, então apanhei meu casaco e fui até a janela do quarto de Henry, filho do caseiro, mandei dissesse onde estava o nosso Ford T, então entrei no carro e dirigi até o Palace, um hotel de luxo com um salão de festas enorme. Chegando ao baile, estacionei, vesti meu casaco de pele, e me dirigi até o salão, fiquei encantada, e apavorada, muitas pessoas ricas, bebidas, e uma droga que nunca tinha visto, um pó branco em vidrinhos, mais tarde, descobri o nome, chamavam de neve, eu acho.
Já que já estava ali e não tinha como voltar atrás, fui até o bar e pedi uma dose de rum, afinal era a bebida que todas as moças tomavam, como não entendia nada sobre, detestei, mas continuei a tomar. Então avistei um de meus vizinhos na porta do salão, entrei em desespero, o que eu poderia fazer se ele me visse? Então em um instante toda minha rebeldia e tentativa de me provar algo, foi por água à baixo. Fui adentrando a festa, para conseguir desaparecer em meio à multidão.
Eu não fazia idéia de quem ele era, mas desastradamente esbarrei nele derramando metade da minha bebida em seu paletó caro e de altíssima costura, pedi desculpas desesperadamente. Então ele tirou o copo de minha mão, foi tão rápido que nem reparei como fez para sumir com o copo, me puxou pela cintura, e começou a dançar. Confesso que se não fosse pela vergonha que senti no momento, me afastaria rapidamente, ficamos nos encarando, ele cheirava à cigarro e whisky, de um jeito bom.
- Qual o seu nome?
Fiquei um tempo em silêncio.
-Eu preciso ir.
Então sai rápido demais para pensar em qualquer outra resposta. Olhei para trás uma única vez, ele me olhava partir. Encontrei o carro em meio à muitos outros, e dirigi desesperadamente rápido até em casa. Meu pai com certeza não voltará ainda, no caminho fiquei me perguntando como conseguia ser tão estúpida. Subi as escadas na ponta do pé, nenhum dos empregados estavam acordados, além de Henry que me ajudou guardando o carro.
Me aprontei para dormir, mas antes escondi meu vestido e sapato, qualquer vestígio do que fiz naquela noite devia sumir. Deitei na cama torcendo pra acordar de um sonho. E o pior, o sono não aparecia.
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Shelby
RomanceThomas Shelby, o rei de Birmingham. Conhecido de muitas formas em muitos lugares, comigo era apenas Thommy. inspirado na série peakyblinders, katheryn e sua família é de minha criação, os demais personagens foram retirados da série.