Os papeis dos sonhos

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Na manhã seguinte sou acordada da melhor forma impossível, Cindy! Ela está me lambendo e pulando em cima de mim, não consigo nem acreditar, que ela está aqui!
- Bom dia senhorita Katheryn! - Dorotta está ao lado da minha cama, com os olhinhos cheios de lágrimas!
- Ah meu Deus! Me diga que não estou sonhando. - É inevitável não me emocionar ao levantar da cama para abraçar Dorotta, sempre fomos ligadas, ela cuida de mim como ninguém! Me sinto completa novamente.
- Oh senhorita Katheryn, não sabe como esperei por esse momento, senti tanto sua falta. - Ela segura em minhas mãos. - Venha vamos te arrumar!
- Espera, preciso te dar mais um abraço!

Durante o banho ela lava os meus cabelos, ela sabe que não precisa fazer isso, mas insiste, conversamos sobre tudo o que aconteceu, contei como foram os meus dias, e ela disse que ficou na casa de seus pais, e que foi muito chato sem mim, tenho tanto amor por essa mulher, é quase tanto quanto sinto pela minha própria mãe. Dorotta não era nova, mas também não era velha, ela trabalha conosco desde que nasci, já insisti diversas vezes para que ela se casasse e fosse viver a vida dela, mas ela não me larga por nada nesse mundo.

- Dorotta pode escolher meu vestido! E todo o resto! - Ela adora me vestir, acho que as vezes ela pensa que sou a boneca dela.
- Oh senhorita, quero que vista aquele vestido rodado, verde claro de cetim com florzinhas brancas, coloque com uma meia calça, a branca de preferência, e com algum sapatinho branco, ficará linda, adoro esta combinação, ah e não podemos esquecer do laço no cabelo que faz par com o vestido!

Uma combinação um tanto infantil, mas por ela faço de tudo. Dorotta tinha que trabalhar com moda.
O vestido é bonitinho, ele tem a gola V e é ombro a ombro, mas com todos esses acessórios, fico parecendo uma criança montada pela mãe.

Ela faz um penteado meio preso, meio solto, prendendo com o bendito laço, e é claro, com um pouco do creme para o cabelo brylcreem que era uma espécie de novidade aqui na Inglaterra, ela modela os cachos das pontas do meu cabelo perfeitamente, eu viro uma verdadeira boneca assustadora, mas ela adora então fico feliz!

Me olho no espelho e começo a pensar, as moças usam batom vermelho, olhos pintados de preto e sobrancelhas finíssimas, o batom é bonito, mas agradeço pelas minhas sobrancelhas arqueadas e "normais" no meu ponto de vista, não é fina como das moças e nem grossa como as de um rapaz, não tenho planos de mudar, mas o sonho de dorotta é mexer nelas para afinar como está na "moda" segundo ela.

- O Henry já voltou? - Fazia tempo que não via o filho do caseiro, nós éramos grandes amigos, e ainda assim mal me lembrei dele, qual é o meu problema?
- Sim senhorita, a mãe dele está grávida! Não é maravilhoso?
- Não me diga! Teremos um bebê na fazenda, isso é fantástico. - Estou tão feliz e entusiasmada, quero ver todos eles, quero ver os cavalos.

- Bom dia mãe, bom dia pai, bom dia meninas.
- Senhorita Katheryn é maravilhoso ver você novamente. - Diz a Mary com um sorriso no rosto, é uma das moças da cozinha.
- Oh minha lindinha! Venha cá para te dar um beijinho, você cresceu! - Essa é Laura, é uma senhora, também cuidou muitíssimo de mim, mas depois foi trabalhar na cozinha devido ao fato de sua comida ser excepcional e quando cresci mais um pouquinho, ficou só a Dorotta mesmo. É tão bom vê-la e abraçá-la.
- Coma meu amor, você está muito magrinha, vá sente-se. - Ela adora me empanturrar de comida.
No meu preto tem ovos fritos, toast, e tomate frito também. Por mais que seja típico do meu país, nunca entenderei a linguiça no café da manhã, meu pai come todos os dias com feijão branco, e para beber tem chá preto graças a Deus! Senti falta do chá preto na casa dos Shelbys, era apenas leite.

- Mal vejo a hora de ver todo mundo, ver os bichinhos e tudo mais!
- Ah querida, teremos que ir até a cidade, eu você e sua mãe, mas mais tarde quem sabe dê tempo de você ver todo mundo.
- Vamos fazer o que na cidade?
- Temos que ir ao banco, e você precisa ver uma coisinha, mas não me perturbe, só vai saber na hora.
- Tá bom então... Vocês souberam, a mãe de Henry está grávida! Isso não é maravilhoso?!
- É mesmo? Que maravilha, um bebêzinho! Papai diz e mamãe se expressa pela felicidade em seu olhar. Nós amamos bebês, eles são tão lindos, o sonho do meu pai é ser avô, lamento pai, mas vai demorar. O restante do tempo passa rápido e mamãe me chama pra irmos ao centro.

Como é bom andar de carro só nós três, chamei Dorotta mas ela disse que queria organizar meu armário, então acabou ficando. Estou muito curiosa para saber o que estamos indo fazer, perguntei umas trinta vezes pro meu pai, mas chegamos ao banco e ele nos pediu para que esperancemos aqui fora, mamãe e eu conversamos enquanto esperávamos.
- Você sabe o que é, não sabe? Pra que todo esse mistério?
- Você já vai ver, deixe de ser ansiosa, faz mal! - Ela diz apertando minha mão, como um pedido para me acalmar.
Meu pai sai de lá e nós vamos até a cafeteria do outro lado da rua.

- E agora vocês já podem me contar? - Digo enquanto olho o menu.
- Preciso de mais alguém aqui para te contar. - ele faz uma pausa, olhando através do vidro procurando esse tal alguém. - Olha o homem chegou! - Ele se levanta e levanto minha cabeça tão rápido para poder ver quem é, não conheço.
Após uma saudação calorosa entre os dois, papai nos apresenta.
- Essa é minha filha Katheryn, é sobre ela que eu venho lhe falando. - comprimento o homem baixinho e com um bigode engraçado, chamado Frank, aparentemente, em seguida ele se senta conosco.
- Filha, este homem... - estou torcendo para não ser sobre um casamento com o filho de alguém, eu surtaria. - trouxe os papéis para nós te matricularmos na universidade de Oxford! - Sinto minha pressão cair, ele não pode estar falando sério!
- Papai, isso é sério?
- Não, ele veio pedir sua mão em casamento! - A expressão em seu rosto é risonha.
Minha boca se abre e fico sem palavras, é como ir do céu ao inferno em segundos.
- Brincadeira meu amor! É sério você vai pra faculdade! - Os três gargalham da minha cara.
- Você vai para Oxford, Oxford minha filha! - Mamãe me abraça e beija minha cabeça umas mil vezes, enquanto estou de boca aberta, não consigo acreditar. O Frank nos dá todas as informações que precisamos saber, detalhes da pensão de moças que ficarei morando, detalhe dos valores de faculdade, entre outras coisas. O dia correu perfeitamente bem, porém eu ainda estava com aquela sensação de "não posso acreditar nisso".

No jantar, Dorotta aparece com um papel na mão, uma espécie de carta.
- Essa carta chegou hoje para o senhor, é dos Shelbys. - Quando ela diz o sobrenome dele em voz alta, sinto me estômago revirar ao pensar em como ele está agora, ou onde está.
Papai abre a carta e eu não consigo evitar...
- O que diz??? - Meu tom saiu meio preocupado demais, mas acho que não perceberam.
- Um baile. Depois de amanhã a noite, no palace, ele quer requer a nossa presença.
- Oh, um baile, isso parede divertido. - Mamãe diz antes de enfiar uma garfada de assado com batatas na boca.
O baile, ele me avisou, parte de mim ficava extremamente feliz por saber que vou vê-lo novamente, a outra parte tem medo.

Quando subi para o meu quarto, entrei no armário para procurar o vestido vermelho que Polly havia me dado, e lá estava ele pendurado entre os outros, o cetim era lindo, um tom de vermelho inesquecível. Estou ansiosa demais. O dia de hoje está tão bom que não parece nem realidade.

ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora