Capitulo 11

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O motor do jet ski rugiu ao ser ligado, quebrando o silêncio pesado que pairava sobre a ilha. O vento frio do início da manhã fez Isa estremecer levemente enquanto ela se acomodava atrás de Peter, segurando-se firme na lateral do veículo. O lago, que antes parecia uma extensão calma e serena, agora era uma ameaça latente, um território perigoso onde predadores espreitavam abaixo da superfície. Peter acelerou o jet ski, cortando as águas escuras em direção ao ponto onde a caixa deveria estar. O barulho do motor parecia amplificado pela tensão, e cada movimento na água, cada pequena ondulação, fazia os dois se entreolharem com medo de que algo emergisse de repente.

- Lembre-se do plano - disse Peter, a voz tensa. - Quando chegarmos perto, você joga o braço no lago. Isso deve distraí-los tempo suficiente para pegarmos a caixa.

Isa assentiu, tentando controlar o medo que ameaçava tomar conta dela. O braço de Jason, enrolado em um pano ensanguentado, estava seguro ao seu lado, um lembrete macabro da brutalidade do que enfrentavam.

O lago parecia ainda mais vasto e ameaçador à medida que se aproximavam do ponto onde a caixa estava flutuando, presa a uma boia. A água era profunda e escura, o ambiente perfeito para os predadores que sabiam estar espreitando.

Quando estavam a uma distância suficiente, Peter desacelerou o jet ski. O som do motor diminuiu, e o silêncio mortal voltou a tomar conta do ambiente. Eles podiam ver a caixa flutuando, mas o perigo estava em todos os lugares à sua volta.

- Agora, Isa - murmurou Peter, os olhos fixos na água ao redor.

Com um nó no estômago, Isa pegou o braço enrolado no pano e jogou-o na água, um pouco distante da caixa. O pano flutuou por um momento antes de começar a se encharcar e afundar lentamente. A água logo começou a se agitar, pequenas ondulações formaram-se ao redor do pano. Algo estava se aproximando.

Peter aproveitou o momento de distração e acelerou o jet ski em direção à caixa. Ele parou a poucos metros de distância, preparando-se para fazer o movimento rápido de puxá-la para o veículo.

Isa olhava para trás, o coração disparado. As ondulações aumentavam, e a sombra de um tubarão apareceu logo abaixo da superfície, atraída pela isca.

- Vai logo, Peter! - Isa instigou, sua voz carregada de urgência.

Peter esticou o braço e agarrou a caixa, puxando-a com força em direção ao jet ski, no instante em que uma boca irrompeu a água em direção a sua mão, batendo no veiculo o derrubando no lago.

- AAAAAAAH!!! - gritou Isa.

Peter observou uma rede que se estendia pelas profundezas do lago. Ao se aproximar, percebeu que não era uma simples rede submersa. O material parecia ser um composto avançado de polímeros condutores, algo que ele nunca havia visto antes. Entrelaçadas com fios de metal altamente condutores, as malhas da rede estavam ligadas a uma fonte de energia invisível, que gerava uma corrente elétrica constante, causando o efeito de faíscas azuis que iluminavam a água em um padrão pulsante.

Essas faíscas não eram aleatórias. Elas eram o resultado de um fenômeno conhecido como descarga de corona, onde a alta tensão aplicada na rede ionizava o ar ao redor, criando um brilho azulado. Esse efeito era amplificado na água, onde as propriedades dielétricas do líquido aumentavam a intensidade das faíscas, criando um espetáculo de luzes que se projetava das profundezas para a superfície.

Peter se aproximou da rede com cautela, sentindo o calor irradiando dela. Mesmo através da água, ele podia perceber a intensidade da energia sendo liberada. Sabia que aquilo não era algo comum. As faíscas azuis, embora pequenas, indicavam uma diferença de potencial considerável, e ao estender a mão para tocá-la, ele sentiu uma leve corrente elétrica percorrer seu braço. Era um choque baixo, mas o suficiente para alertá-lo sobre o perigo daquele artefato submerso.

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