Capítulo 12

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Jim Gordon acordou com o som abafado do despertador ecoando em seu quarto escuro. Ele abriu os olhos lentamente, a claridade suave da manhã filtrando-se pelas cortinas pesadas. O relógio marcava 6h30, e a rotina começava como sempre: banho gelado, café forte e a leitura rápida dos relatórios que o aguardavam no tablet ao lado da mesa de jantar. Ele era meticuloso, calculista, um homem cujo sucesso dependia de cada detalhe observado e cada variável controlada.

O projeto em que estava envolvido não era para qualquer um. Tratava-se de um experimento ousado, financiado por entidades que preferiam o anonimato, envolvendo riscos que a maioria dos cientistas jamais consideraria. Mas Jim não era como a maioria. Ele tinha uma visão, uma ambição que superava qualquer limite ético que pudesse ser imposto por sua própria consciência.

Ao terminar o café, ele vestiu o seu terno, ajeitou a gravata e caminhou até o escritório improvisado no subsolo da instalação Abyssus. O local era estrategicamente posicionado para garantir que nenhum olhar indesejado pudesse se aproximar das operações. As paredes frias e cinzentas eram adornadas apenas com telas de monitores, cada uma mostrando diferentes ângulos das câmeras que monitoravam as cobaias - ou como ele preferia chamar, os convidados.

Jim desceu pelo corredor até o centro de comando. Um silêncio inquietante preenchia o ar, quebrado apenas pelo som ocasional de teclas sendo pressionadas pelos técnicos que monitoravam os dados em tempo real. Ele cumprimentou a equipe com um aceno breve e dirigiu-se à sala de observação principal, onde a visão de diversas câmeras em alta definição revelava o grupo de indivíduos isolados na ilha.

Esses jovens, forçados a lutar pela sobrevivência em meio a predadores que não faziam parte do habitat natural, eram o foco de seu trabalho. Cada movimento, cada escolha e cada interação entre eles estava sendo cuidadosamente analisado para entender até onde poderiam ser levados antes de quebrar. A pesquisa não se tratava apenas da resistência física, mas da resistência mental - uma exploração dos limites da mente humana quando confrontada com o medo, o desespero e a morte iminente.

Ele ajustou o volume de um dos monitores e se acomodou em uma cadeira reclinável. O diálogo entre Peter e os outros chamou sua atenção.

"Precisamos abrir essa caixa," dizia Peter. "E depois, precisamos de um novo plano... não podemos continuar assim."

Jim sorriu. Ele apreciava a capacidade de liderança emergente de Peter, mesmo que o jovem estivesse relutante em assumir tal papel. Mas, para Jim, esse era o tipo de comportamento que esperava que surgisse - a luta pela sobrevivência que inevitavelmente colocaria alguém no comando.

As imagens mostravam as expressões dos outros enquanto Peter lia a mensagem deixada na caixa. As palavras eram cuidadosamente escolhidas para alimentar o medo, mas também a esperança. Uma combinação perigosa e poderosa.

"Estão nos manipulando como marionetes," murmurou Peter, a câmera focada em sua expressão tensa.

''Vamos enganá-los - disse Isa. - Mostrar que estamos dispostos a qualquer coisa para sobreviver, enquanto preparamos algo maior.''

"Boa tentativa," pensou Jim, com um leve sorriso. Ele admirava a coragem, mas sabia que o controle estava sempre nas mãos daqueles que observavam de fora. O grupo poderia tentar resistir, mas ele e sua equipe haviam planejado cada etapa com uma precisão quase militar.

- Sr. Gordon? - perguntou Lory na porta do local.

- O que? - respondeu ele em um tom sério.

- O seu amigo xerife está aí.

- O que?

- Sim e ele quer falar com você.

- Maldição, o que é agora?

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