Capítulo 16

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O dia se arrastava de maneira opressiva, e o sol impiedoso lançava seus raios sobre a pequena ilha, intensificando o desconforto dos sobreviventes. A derrota de Charlie e Ethan, marcada pela perda da caixa, havia deixado o grupo com um sentimento de desespero renovado. As palavras de consolo de Elizabeth, embora bem-intencionadas, eram insuficientes para dissipar a crescente sensação de que estavam lutando uma batalha perdida.

Katy sabia que a única lata de sopa restante não seria suficiente para alimentar todos, e as forças deles estavam cada vez mais esgotadas. A ideia de uma nova atividade, onde poderiam ganhar mais suprimentos, era a única esperança a que podiam se agarrar. Mas, no fundo, todos sabiam que corriam o risco de perder em troca daquilo.

Tim, estava perturbado, não só pelo fracasso na busca pelos suprimentos, mas também por Ethan. Algo no homem não lhe parecia certo, mas ele ainda não conseguira colocar o dedo no que exatamente estava errado. Com o tempo, porém, Tim estava determinado a descobrir o que estava fora do lugar.

Charlie, por sua vez, havia se recolhido em silêncio, mantendo-se distante do grupo. Enfiou uma mão no bolso, retirou seu saco plástico, pegou uma seringa do kit médico com um líquido marrom derivado de seu pó e injetou em seu braço, enquanto olhava para o belíssimo pôr do sol no lago.

Ao cair da noite, o grupo se reuniu ao redor de uma fogueira improvisada. O fogo lançava sombras dançantes sobre seus rostos cansados, e a sopa racionada circulava entre eles. As porções eram pequenas, mal suficientes para aplacar a fome, mas ninguém reclamava. Eles estavam juntos nisso, e a solidariedade era o único conforto que lhes restava.

- Não podemos continuar assim - disse Katy, quebrando o silêncio. - Se continuarmos perdendo suprimentos e não encontrarmos uma maneira de nos alimentar, os tubarões serão o menor dos nossos problemas...

- Concordo - disse Peter.

- Acho que podemos criar algumas armas improvisadas - sugeriu Isabelle. - Temos materiais na casa que podem ser úteis. E se conseguirmos encontrar uma maneira de nos defender, poderemos ter uma chance.

- Armas são uma boa ideia, mas também precisamos ser mais estratégicos - disse Elizabeth. - Precisamos antecipar o próximo movimento deles. Estão nos testando, e precisamos ser mais espertos.

- E quanto a ele? - interrompeu Tim, apontando discretamente para Ethan, que estava deitado um pouco afastado, descansando após o extenuante dia. - Alguém mais acha estranho que ele tenha conseguido chegar aqui vivo, enquanto o amigo dele foi devorado?

O grupo trocou olhares incertos. Eles não queriam suspeitar de Ethan, especialmente depois do que ele passou, mas não podiam ignorar as palavras de Tim. Algo não parecia certo, e isso estava começando a incomodar a todos.

- Ele pode estar dizendo a verdade - disse Katy, hesitante. - Mas devemos ficar atentos, só para garantir.

A desconfiança, que antes era direcionada apenas aos cientistas que os haviam colocado naquela situação, agora começava a se estender ao próprio Ethan. O peso da sobrevivência estava corroendo a confiança entre os membros do grupo, e a dúvida era uma arma perigosa, que poderia fragmentá-los ainda mais.

O amanhecer trouxe com ele uma névoa densa, que envolveu a ilha em um manto úmido e abafado. As palavras trocadas na noite anterior ainda pairavam sobre eles, e a incerteza sobre o próximo passo a ser dado pesava como chumbo em suas mentes.

Katy foi a primeira a se levantar, encontrando Ethan sentado na varanda, olhando para o nada, com uma expressão de dor que ela não podia ignorar. Aproximou-se lentamente, sentando-se ao seu lado.

- Como você está? - perguntou ela, com a voz suave.

Ethan ergueu os olhos para ela, e por um breve momento, Katy viu algo diferente neles. Uma mistura de culpa e medo, que ele rapidamente tentou esconder.

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