ALEXA, PLAY DRIVE LICENSE — OLIVIA RODRIGO.Meu sono naquele dia estava sendo indescritível. Precisava trabalhar e ter concentração para minhas obrigações, mas à cada cinco minutos, bocejava incansavelmente. Tudo que eu mais queria no mundo era a minha cama e poder hibernar ou ter um bom cochilo. Não tinha conseguido dormir direito nas últimas noites apenas pensando em Hannah e em toda a situação. Eu conhecia sua cabeça de vento e se não tivesse se cuidando como deveria, eu a daria um belo sermão. Essas coisas não são brincadeiras.
É como se meus pensamentos fossem uma premonição da realidade, pois Hannah passa pela porta da cafeteria e o sininho toca. Imediatamente meu sono se vai e eu encaro minha irmã atentamente enquanto a vejo vindo em minha direção, sorridente.
— Oi, amor. — Se senta no banquinho. Continuo com minha expressão séria.
— Precisamos fazer seus exames, Hannah. — Vou direto ao ponto, pegando um pano úmido que estava ali perto e passando no balcão.
— Eu já fiz. — Paro imediatamente minha ação. — Vim te mostrar.
Eu fito cada movimento da minha irmã mais nova enquanto ela tateia sua bolsa e logo retira alguns papéis da mesma, me entregando. Seco minhas mãos e os pego, passando os olhos pelas letras pequenas dos exames com atenção. Realmente, parecia estar tudo certinho, porém, eu solto um suspiro fundo.
— O que foi? — Parece não entender minha reação.
— Queria ter ido com você — A entrego a papelada de volta. — Por que não me chamou?
— Achei que estivesse ocupada, já que ultimamente nossos pais estão sendo mais rígidos em questão de folga e outras coisas. — Concordei. Era realmente verdade. Fazia um bom tempo que eu não tinha um sossego desse ambiente infernal que é o meu local de trabalho.
— O Nathan foi com você? — Ela me olhou. — Ele tá sendo presente, Hannah?
— Ele não me acompanhou — Respondeu, balançando sua cabeça negativamente. — Mas sim, está preocupado até demais. Me manda mensagem todos os dias perguntando se preciso de algo. Ontem mesmo ele foi na porta de casa me fazer companhia.
Engulo em seco, porém forço um sorriso. Ele estava cumprindo suas obrigações como pai e isso era o mínimo. De qualquer maneira, eu estava extremamente feliz pela minha garotinha, mesmo que tudo isso tenha custado a presença de Nate em minha vida.
Não posso mentir e nem ser egoísta. Sinto falta dele, de sua parceria e tudo mais que correlacionasse nós dois, mas já tinha passado. Eu sempre soube que pessoas eram passageiras e torcia pra que Nathan não fosse uma delas, mas tinha acontecido. Não tinha nada o quê fazer. Eu o amava com todo o meu coração como meu melhor amigo e quem eu queria levar pra toda vida, e por isso queria que fosse feliz. Sendo pai, com a minha irmã e sendo pra minha sobrinha o cara mais companheiro do mundo, como ele sempre foi comigo e com as pessoas que ele se importava.
— Certo — Debrucei meus cotovelos no balcão. — Quando vai contar pros nossos pais?
Percebo a feição de Hannah mudar. Ela suspirou e assim como eu, engoliu em seco. Era nítido o desconforto em sua face.
— Não sei como dizer à eles. — Arregalei os olhos.
— Você precisa, Nana. — Ela concordou. — Não pode esconder isso por muito tempo. Sabe que nossa mãe descobre tudo.
— Eu sei disso, Bella. Eu sei. Não é fácil, tudo bem? — Eu expirei, assentindo. — Preciso de tempo.
— Todo o do mundo. — Hannah me mostrou um sorriso fraco e eu beijei sua bochecha. — Então, gravidinha, veio só pra ver o meu rostinho lindo ou quer alguma coisa?
— Me vê cinco donuts e Latte, por favor. — Assenti, me retirando do balcão e indo preparar seu pedido.
Como o esperado, o dia correu como uma lesma. Soltei dos pulmões cansados um suspiro de alívio ao trancar a cafeteria. O único pensamento que me tranquilizava é que eu me manteria nesse emprego até ter dinheiro o suficiente para começar e terminar minha faculdade. Eu meteria o pé desse lugar e iria avançar em meu sonho. No caso, ansiava muito por isso.
Caminho para longe do estabelecimento e em direção à minha casa. Minhas mãos estão enterradas nos bolsos da calça de moletom e meus cabelos estão presos num rabo de cavalo alto. Ultimamente eu só ando de cabelo preso. Além do calor que meus fios ansiavam em me dar, eu não via mais tanta graça assim em me olhar no espelho. Precisava mudar e queria. Quando coloco uma ideia na cabeça, nem uma marreta é capaz de tirar. Porém, pensaria bem sobre o assunto. Fazer uma merda irreversível em meus cabelos me dariam uma crise de nervoso.
Levanto a cabeça para atravessar a rua e quando chego na calçada oposta, dou mais alguns passos pra frente. Então, meus olhos se esbarram com aquele corpo de longe. Aquelas mesmas roupas largas, aquele cabelo sempre escondido dentro de um boné e aquela mesma cara de garoto problema, mesmo que no fundo, ele fosse como uma pelúcia de loja de brinquedos. Nathan estava caminhando pela mesma calçada que eu, carregando sua postura reta e o ar de machão. Eu não sabia se era um castigo ou uma benção vê-lo depois de tanto tempo desde que brigamos. Céus, como ele fazia falta.
Não demorou muito para que ele percebesse a minha presença também. Mais passos pra frente e ficávamos cada vez mais próximos um do outro. Agora, sua pose de intocável tinha murchado. Ele não conseguia sustentar o olhar em mim por mais de dois segundos e sempre abaixava a cabeça. A dor de olhar em seu rosto e não poder pular em seu colo para abraça-lo fortemente é de rasgar o peito. Sinto que poderia mover um carro só com a força da saudade.
Mas, ainda assim, o orgulho e o ego eram maiores. Estavam sempre lutando entre si para ver quem era mais destrutivo.
Por isso ao passar do meu lado, nossos olhares se cruzaram uma última vez e de forma profunda. Assim como eu, suas mãos estavam escondidas dentro de bolsos, só que eram de seu moletom e ele umedeceu os próprios lábios ao me ver, uma atitude que tinha quando não sabia direito o quê fazer. Aquela curta fração de segundos pareceu durar décadas. Nossos corpos se moviam para direções opostas em câmera lenta, como se nenhum dos dois quisesse continuar. Era nítido que nós dois não aguentávamos mais se auto maltratar desse jeito.
Mas ainda assim, nós o fizemos.
Aquele momento foi o suficiente para quando eu já tivesse o mais afastada possível de Nathan, apressar os passos loucamente até a minha casa e passar os portões do meu prédio com o peso de um caminhão entalado na garganta. Eu torcia para que o elevador fosse parecido com uma bala de canhão, para poder chegar até o meu apartamento tão rápido quanto eu corri. Mesmo que demorasse, eu praticamente voei para dentro da minha casa quando cheguei. A porta se fechou, minhas costas grudaram como imãs na superfície da mesma e meu corpo caiu sentado no chão. Minha mão repousada sobre a boca abafava os sons do meus soluços. As lágrimas caem copiosamente, como cópias de uma impressora. Meu coração estava em pedaços e o motivo tinha nome e sobrenome.
Nos melhores momentos da minha vida, ele sempre esteve ao meu lado, curtindo, gargalhando e fazendo merda comigo. Agora éramos como completos desconhecidos. O pior de tudo é que eu não teria coragem de mover um músculo para ir atrás dele. O orgulho e a dor de tudo que já passou prevalece e talvez seja maior do que o desespero de não o ter mais comigo.
Nathan tinha ido embora e levou uma parte de mim consigo.
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tomara que eu exploda
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𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. • hiatus!
Fanfiction❝Feliz aniversário, Bella. ❞ na qual Bella recebe do seu melhor amigo uma transa de aniversário. cover por @venusunrise @shawntoxic, 2020. ⚠️: NÃO aceito adaptações.