𝐄𝐋𝐄𝐕𝐄𝐍 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀

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Concentração. Muita concentração. Foco, respira, volta à focar. Repito essas palavras diversas vezes dentro da minha cabeça enquanto passo o esmalte lentamente em minhas unhas, tomando o maior cuidado do mundo para não borrar. Não estava com tempo e nem dinheiro para ir numa manicure decente, então, optei por fazer sozinha. Pra mim não é um problema, já que eu passei minha vida inteira tendo que decorar as unhas de Hannah quando ela tinha alguma festinha pra ir. Ou, até mesmo, num dia qualquer.

Meu dente está fincado no meu lábio inferior e meus olhos fixos na unha que estou passando o esmalte roxo. O pincel desliza bem e eu sorrio ao ver que estava conseguindo êxito na missão. Foi questão de segundos pra minha satisfação se transformar em pânico ao perceber que uma pessoa havia invadido a minha casa ao berros.

Seguido do meu susto, borro minhas unhas e o frasco com o líquido roxo cai sobre o chão. Fecho meus olhos e conto até cinco. Namastê, Arabella.

— Por que você entrou no meu apartamento sem me avisar? — Junto minhas mãos na frente do corpo e Hannah desce o olhar pro esmalte que mancha o chão. Ela faz uma careta. Céus, minha vontade de voar em seu pescoço é impagável.

— Desculpa, queria te fazer uma surpresa. — Dá um passo à frente e eu ergo a mão, indicando para ela não sair de onde está. — Quer ajuda pra limpar?

— Não. Está tudo bem. — Suspiro.

Saio de onde estou para pegar um pano de chão úmido. Logo quando volto, percebo que Hannah ainda está parada no mesmo lugar com os olhos fixos nos pés. Ela balança os braços pra frente e para trás mostrando inquietação. Eu já conhecia essa garota como a palma da minha mão.

— Pode falar o que quer. — Digo já agachada e limpando aquele show de horrores lilás.

Ela aguarda alguns segundos e reparo que um sorriso cresce em seu rosto. Franzo a testa. Eu tinha medo de sua imaginação maluca.

— Vamos viajar! — Paro imediatamente de passar o pano sobre o chão e levanto meus olhos novamente para encara-la. Hannah tem euforia estampada na sua cara. Mais uma vez, eu conto até cinco mentalmente para não entrar em colapso.

— Como assim, Hannah? — Questiono temendo a resposta.

— Um dos amigos do Nate resolveu fazer uma viagem pra um lugar na praia. Acho que é em Malibu ou em um dos cantos da Califórnia, não sei. Mas alugou uma casa de praia gigantesca e chamou todos os meninos pra lá, inclusive o Nate — Parecia que aquele sorriso iria rasgar seu rosto à qualquer momento. — E eu me ofereci pra ir com ele e ele não negou! Mas como não vai nenhuma mulher, eu não queria ficar sozinha. Por isso te chamei! Você pode convidar Beatrice também se quiser. Vai ser divertido demais, irmã!

À cada palavra que ela dizia, minha cabeça ficava mais zonza e meus ossos se esquentavam. Meu Deus do céu.

— Você está completamente louca. — Me levanto do chão. — É óbvio que não vai pra uma viagem cheia de marmanjo. Se coloca no seu lugar, Hannah! Você não é adulta!

— Meu Deus, Bella! Que papo careta! — Ela bufa. — Por isso estou falando pra ir comigo. Prometo que vamos nos divertir. Além disso, você é melhor amiga do Nate e conhece os meninos. Pode ser uma nova oportunidade de fazer amizades.

— Não sei o que você pensa da vida, mas eu trabalho. Tenho afazeres e não estou afim. — Pego o pano do chão, já notando que a mancha roxa havia sumido.

— Isso não é um problema. — Novamente, ela sorri. — Conversei com a mamãe e ela vai colocar alguém pra te substituir nas próximas semanas. Dinheiro também não é problema. Pedi uma certa quantia pro papai e está tudo certo! — Hannah dá pulinhos. Meu olhar está turvo.

Não me lembro de ter virado mãe de uma adolescente. Cacete.

— Que quantia, garotinha? — Massageio as têmporas.

— Vinte mil. — Quase caio pra trás.

Eu nunca vou entender a mente de alguém que dá vinte mil dólares na mão de uma garota de dezessete anos pra viajar com homens que ela nunca trocou uma palavra. Há muitas coisas que eu não faço ideia. Não sei qual foi a mentira a vez que ela contou para que nossos pais permitissem que ela viajasse sozinha, qual o acordo que ela ofereceu pra ter vinte mil reais nas mãos, o que passou em sua cabeça pra se oferecer numa viagem que é obviamente uma reunião pra putaria... Jesus. Meu estômago está revirando.

— Hannah... não pode fazer essas coisas sem me comunicar antes. — A encaro com os olhos arregalados. Eu parecia, literalmente, estar explicando uma conta matemática pra uma criança.

— Estou te comunicando agora, ué — Suspiro. — Vamos ou não?

— Eu não sei, Hannah. — Sento no sofá.

— Irmã — Ela senta ao meu lado. Sua mão vai de encontro aos meus cabelos e seus dedos acariciam levemente meus fios. Eu fecho os olhos. — Faz tempo que não nos divertimos juntas, faz tempo que você não se diverte. Sua vida é só trabalho, casa, trabalho, casa. Sei que são suas obrigações, mas todo mundo merece ser jovem uma vez na vida — A olho de soslaio. — Quanto tempo faz que não curte de verdade? Sem contar com o seu aniversário.

É verdade. Fazia bastante tempo que eu não me rendia à bobeiras. Nem mesmo no meu aniversário eu curti tanto assim. Já que, eu passei o maior tempo daquela festa dentro do quarto de Nathan, experimentando todas as formas de prazer possíveis.

Essa lembrança faz um arrepio subir pela minha espinha. Nego com a cabeça lentamente. Agora não é hora disso.

Por mais relutante que eu esteja, no fundo eu sei que preciso de descanso. Mas é óbvio que minha maior preocupação não é essa e sim o fato de que minha irmãzinha está indo para uma cova de leões famintos. Ainda mais ela que está no início de uma paixãozinha. Tudo isso faz minha cabeça latejar horrores.

Eu respiro fundo. Não acredito nisso.

— Tudo bem, Nana. Eu vou com você. — A garota pula em cima de mim aos gritos. Seus braços me apertam e ela começa à distribuir beijos por todo o meu rosto. Por maior que seja a minha vontade de socar a sua cara, eu me rendo à seus carinhos deixando um sorriso escapar.

— Você é a melhor irmã do mundo. — Ela esfrega seu nariz contra o meu e se levanta do sofá. — Vou fazer um almoço pra gente. O que acha de macarronada?

Estalo meu dedo e aponto pra ela.

— Perfeito. — Ela sorri e logo se apressa para ir até a cozinha.

Solto o ar preso nos pulmões e pego meu celular às pressas. Disco o certo número e logo no primeiro toque, o chamador atende.

— Beatrice? Alerta vermelho.


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hmm e essa viagem aí hein rsrsrs

coro com coça e fogo no circo

𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. •  hiatus!Onde histórias criam vida. Descubra agora