Quando o som das portas da cafeteria se fechando invadem os meus ouvidos, eu suspiro de alívio por mais um dia, ter conseguido cumprir meu horário sem tanto estresse. Mamãe tinha me liberado mais cedo, justificante que eu tinha dado duro no dia de hoje e que eu merecia um pouco de descanso depois de tanta correria. Por isso, eu ainda via o céu claro, pois não estava tão tarde.Já fazia alguns dias desde que tinha voltado de viagem. Pra ser mais exata, cinco. Quase uma semana que eu tinha saído daquele lugar incrível e voltado pra minha rotina monótona. O bom de viajar é que não importa qual seja os acontecimentos, todo mundo sempre volta com uma visão diferente da realidade pra casa. Era isso que tinha acontecido comigo.
Os acasos em Malibu tinham mexido um pouco comigo. Não de forma ruim, mas pra eu talvez acordar da realidade de que eu não era mais adolescente. Me tocar que joguinhos nunca são saudáveis e só iriam me prejudicar. Portanto, por mais doloroso que seja tomar uma decisão difícil, é preciso. Eu não tinha mais saco pra lidar com isso.
Não é como se eu não soubesse que eu também estava errada. É claro que sim. Exatamente por isso que eu decidi por um ponto final em tudo. Minha paz, sempre, acima de qualquer coisa.
Paro de andar ainda na mesma calçada da cafeteria quando percebo um veículo se aproximando. Não era um carro e nem nada muito grande. Me permito sorrir levemente ao ver Nate em cima da sua inseparável moto. Mas, logo reviro os olhos, notando que ele está sem capacete. Nunca entenderei essa mania feia.
— Por que não tá usando capacete? — Cruzo os braços.
— Deixa de ser chata, sobe aí. — Aponta com a cabeça pra parte de trás da moto.
— Pra onde vamos? — Subo atrás de si no banco, ajeitando meus cabelos.
— Ver o pôr do sol.
Ele diz apenas, antes de dar partida com sua moto rapidamente pelas ruas. Seguro firmemente em sua cintura e descanso a cabeça em suas costas. Eu estava tentando esquecer tudo que saiu dos trilhos naquela viagem. Antes do meu aniversário, eu e Nathan éramos como carne e unha, por isso, não queria que toda a nossa relação se quebrasse por conta de acasos. Não merecíamos isso. Na verdade, nessa história toda, não teve ninguém que mereceu nada.
Hannah me telefona todos os dias para saber como estou. Cada vez que ouço sua gargalhada e leio seu nome no visor do meu celular, meu peito se enche de alegria. Porém, ao mesmo tempo, meu coração apertava. Eu não podia esconder por tanto tempo segredos daquele nível. Eu sou, de fato, muito egoísta.
Suspiro ao pensar nisso, relaxando ainda mais meu rosto contra as costas de Nate. Tudo está tão conturbado. Eu só desejava que as coisas se acalmassem e todo mundo fingisse que nada nunca aconteceu, mesmo que fosse impossível.
Não demora muito para que Nathan chegue até o nosso destino e estacione a moto perto dali. Sorrio ao reconhecer o lugar. Não tinha como esquecer, óbvio.
Viemos aqui diversas vezes durante a recuperação do Nathan contra o vício de cocaína. Ele sempre dizia que minha companhia o acalmava e o pôr do sol também. Por isso, é um ambiente de extrema importância. Não guardamos com lembranças ruins daquele momento péssimo, mas sim um símbolo que nossa amizade é maior do que qualquer coisa.
Ele me ajuda à subir na pedra grande e ao chegarmos lá em cima, eu me sento primeiro do que ele, com minhas pernas de índio. Meu rosto é refrescado pelo vento e permito fechar os olhos, relaxando totalmente. Percebi que Nate senta ao meu lado ao escutar o som de seus tênis tocando no chão e seu suspiro.
No fundo, nós dois sabíamos porquê estávamos ali. Aquele lugar sempre foi o nosso porto seguro. Nós dois sempre fomos o porto seguro um do outro, no entanto, estávamos nos deixando abalar por besteiras que subiram à cabeça. A luxúria de viver aventuras foi maior do que a verdade. E, honestamente, a verdade dói e a realidade uma hora chega pra todos. Nathan e eu tínhamos noção que não era mais o momento de brincar de casinha.
— Preciso que me perdoe — Chama minha atenção. — Por ter te envolvido em toda essa merda. Acho que acabei com a nossa amizade por puro ego. — Engole seco.
Pouso minha mão em seu colo onde ele tinha as dele reunidas e acaricio seus dedos.
— Você não fez nada sozinho. Todo mundo é um pouco culpado. — Observo seus olhos, que estavam claros devido ao sol no horizonte nos iluminando. — Só vamos esquecer essa história e fingir que nada nunca aconteceu.
Encaro atentamente Nate quando após minha fala, ele ri baixo e totalmente sem humor.
— Acho que o problema é esse, Bella. Talvez eu não queira esquecer.
Junto minhas sobrancelhas em confusão, enquanto Nathan fitava o sol se pondo atrás de toda a nossa cidade.
— A gente tem uma química boa. Me sinto bem do teu lado, você me proporcionou momentos e sensações que nunca tive com ninguém... — Ele passa a mão pelos cabelos. — Arabella, é tudo confuso demais.
— Nate... — Tento parar, mas ele nega com a cabeça.
— Não tô te pedindo em noivado. Eu só não aguentava mais você se referindo à nossas paradas como um erro. — Me faz respirar fundo. — Parece que, sei lá, você tá aqui por obrigação.
— Você sabe que não é nada disso. — Entrelaço meus dedos com o dele, apertando sua mão delicadamente. — Mas a nossa necessidade de transar e fingir que a realidade não existe só nos prejudicou. Não quero mais ter dor de cabeça com essa história toda, Nathan.
Ele abaixa a cabeça e fica em silêncio. Logo, morde os lábios.
— Eu entendo. — Coça a nuca. — Sabe que eu te amo, não sabe?
Sorrio boba e o puxo pra mim carinhosamente, o envolvendo em meus braços num abraço apertado e caloroso. Nate despeja um beijo em meu pescoço e, mais uma vez, repete que me ama em meu ouvido.
Sinto que tudo ficará bem agora.
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tchutchutchu não vai não amor (jojo voice)
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𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. • hiatus!
Fanfiction❝Feliz aniversário, Bella. ❞ na qual Bella recebe do seu melhor amigo uma transa de aniversário. cover por @venusunrise @shawntoxic, 2020. ⚠️: NÃO aceito adaptações.