𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀

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Eu passo a mão nos cabelos e encaro meu reflexo no espelho logo após escutar o chamado de Hayes para o recado que Nash tinha pra dar na sala. É mais um fim de tarde que o sol se põe e todos da casa se preparam pra descobrir qual é a nossa próxima parada. O dia inteiro, escutei Beatrice reclamando que não aguentava mais bares, pois de acordo com ela, as bebidas bem expostas nas prateleiras a cobiçavam e era esse o motivo de ter ressaca todos os dias. Não sei qual é o pior papo de bêbado, esse ou a mentira que nunca mais tocaria em bebida.

Sorrio ao ver o bronze que minha pele estava criando. Mesmo sabendo que Taylor me mataria se descobrisse que eu não passava tanto protetor solar, estou eufórica só com a ideia de não carregar mais o fardo da falta de vitamina D.

Dou um nó na cordinha do meu short cinza de moletom e me retiro do quarto, já podendo escutar a baderna vinda do andar de baixo enquanto desço as escadas. As pessoas dessa casa são muito barulhentas. Eu amo isso. Não suportaria conviver duas semanas num lugar como esse do lado de pessoas silenciosas, quando eu mesmo não sou nem um pouco quieta.

Logo ao chegar na sala, tenho a visão de Hayes e Nate brincando de lutinha no meio do carpete e o resto dos meninos sentados em sofás de lados opostos, como se tivessem num ringue de luta profissional. Eles falavam alto, indicando para cada um dar alguns golpes, como "joga ele no chão" ou "chuta o saco". Meus olhos reviram bruscamente com toda aquela cena.

— Vocês não conseguem passar um minuto sem se comportar como animais? — Me aproximo deles com os braços cruzados na altura do peito. Imediatamente, os que estavam sentados nos sofás param de gritar e Hayes e Nate voltam pras suas posturas de humanos, como se nada tivesse acontecido.

— A patroa chegou! – Dallas exclama, se levantando do sofá e vindo até mim. Ele passa o braço pelos meus ombros num abraço lateral.

— Eu até te chamaria de escravoceta — Hayes diz, também caminhando em minha direção. — Se eu não fosse do mesmo jeito.

Agora, Hayes abraça minha cintura e me puxa pra ele, fazendo eu rir. Esses garotos são mesmo loucos.

— Eu e os meninos combinamos uma coisa — Cameron dá alguns passos pra trás, deixando Hayes me abraçar. — Amanhã você fará o almoço.

— E por acaso eu tô comendo algum de vocês? — Ergo a sobrancelha.

— Quem me dera. — O Grier mais novo suspira e logo geme de dor ao levar uma cotovelada minha. Ele também encolhe os ombros percebendo o olhar matador de Nate em cima dele.

— Nathan disse que sua lasanha é uma delícia. — G também se levantou do sofá.

— O pudim também! — É a vez de Johnson falar.

— Ansiosa pra experimentar essas delícias! — Taylor aparece na sala de mãos dadas com Nash.

— Só não entra na cozinha, porque é capaz de você colocar fogo nos dois andares dessa casa. — É o que Nash diz segundos antes de levar um tapa bem dado no peito. — Porra, amor!

— Bem feito. — Taylor sorri pra mim.

— Enfim — Nash vai até o meio da sala como sempre e ajeita o carpete bagunçado com os pés. — Hoje não vamos pra nenhum bar.

— Graças à Deus. — Beatrice resmunga no canto da sala, fazendo todos rirem. Percebo que logo após isso, Gilinsky se aproxima dela e a abraça, deitando seu rosto no próprio peito. Eu acharia extremamente fofo se eu não soubesse do jogo que um faz com o outro.

— Não iremos pra um bar, mas de qualquer forma, espero que todo mundo encha a cara — O Grier mais velho puxa o próprio celular do bolso e passa os dedos na tela, dando a entender que falava com alguém. — Consegui um camarote de graça no show do Bruno Mars.

Minhas pálpebras somem de tão arregalados que meus olhos ficam. Meu queixo despenca e percebo que não sou a única a ter essa reação. Todos presentes na sala estão tão chocados quanto eu. Bruno Mars? Camarote? De graça? É muita informação pra minha cabeça.

— Os portões irão abrir às 21:00. Portanto, tentem não demorar muito. Tenho certeza que vai lotar. — Guarda o celular de volta no bolso. — Então, o que me dizem?

E então, todo mundo começa à comemorar e falar sobre o show. Um sorriso nasce no rosto de Nash e inevitavelmente, no meu também. Confesso que de início achei que ele gostava de esbanjar o próprio dinheiro e por isso mostrava pra todo mundo sua vida de luxo. Agora eu entendo. Ele gosta de reunir todo mundo, animar os amigos e se divertir com eles.

Hayes, que até então estava com o braço preso em minha cintura, beija a minha bochecha rapidamente antes de sair e ir em direção aos meninos. Nós não tínhamos muita intimidade. Na verdade, eu ainda não tenho com todos os meninos. Mas o clima da casa é muito bom, sinto que todos estão na mesma vibe. Por isso sei que nos daremos muito bem. Ainda falta bastante tempo para nos conhecermos totalmente.

Um sorriso no canto da minha boca aparece em meu rosto ao ver Nate caminhando até mim, mas se desmancha totalmente quando Hannah se põe na minha frente. Nathan para de andar no mesmo instante com uma expressão confusa, a mesma que a minha.

— A gente pode conversar? — A menor pergunta. — Por favor.

Eu suspiro e por cima de seu ombro, aceno com a cabeça pra Nate, indicando que estava tudo bem. Ele concorda e manda um beijo no ar pra mim antes de sair andando. Seguro o sorriso que ansiava em dar.

Caminho até o jardim da casa, notando que já estava anoitecendo e a lua se mantinha firme no alto do céu. Não poderia demorar muito, tinha consciência do quanto eu enrolava para me arrumar.

— Quero te pedir desculpas. — Sua fala faz eu retirar os olhos da lua. — Por todo o meu comportamento nos últimos dias, pelo jeito que estou te tratando. Eu sei que não merece isso, só... Não sei. Acho que o ciúme move a mente das pessoas, principalmente da minha. — Ela abaixa a cabeça.

— Eu realmente não ligo pro jeito que você me trata ou deixa de me tratar, a consciência é toda sua. — Cruzo os braços. — Mas, eu me preocupo com você. Tem que parar de pensar no próprio umbigo e olhar na sua volta. Tava agindo feito criança.

— Eu sei. — Ela suspira. — Sei também que nunca me daria motivo pra ter ciúme. Sou boa em criar paranóias, você sabe.

Puxo meus lábios numa linha reta. Queria muito a contrariar, mas minha cara de pau é maior que isso.

— Está tudo bem. — Hannah levanta a cabeça.

— Mesmo? — Me olha como um cachorro molhado.

Mais uma vez no dia, reviro os olhos antes de puxa-la pra mim. Hannah me abraça desesperadamente. Passando os dedos pelas costas da minha irmã, penso o quão grande é o meu amor por essa garotinha. Queria poder a proteger de todo e qualquer mal desse mundo, mas também tinha que entender que ela está crescendo.

Crescendo até demais, penso.

𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. •  hiatus!Onde histórias criam vida. Descubra agora