𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀

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Eu distribuía sorrisos por onde passava. Gargalhava, bebida do meu copo e de ambos, dançava e me arrisco à dizer que também beijei algumas bocas. Bocas essas que eu provavelmente nunca mais veria na vida. Pra falar a verdade, eu não estava pensando muito nisso. Só focava em curtir meu último dia literalmente como se não voltasse mais. A viagem tem sido incrível, os dias tem sido perfeitos apesar de acontecimentos mínimos.

Não deixei os ocorridos dos dias passados me abalarem. Não queria transmitir uma energia ruim pra ninguém num dia tão especial. Verdadeiramente, estou feliz. Animada por ter me dado a chance de conhecer pessoas novas, lugares novos e vivenciar experiências que nunca esquecerei. Sei que aqui, fiz amizades que levarei pra vida, se me permitirem. Está tudo bem, afinal.

Antes da noite chegar, eu passei a tarde toda aconchegando Hannah em meus braços e não deixando mais ela cair. Por mais desapontada com suas últimas atitudes eu estivesse, ela sempre seria minha garotinha. Protegerei ela até a minha morte, se fosse preciso. Acho que fiz um bom trabalho, pois agora, ela ria e dançava junto à mim. Deixei até que ela bebesse e curtisse seu último dia. Eu não estava no direito de cobrar algo dela, não mesmo.

Eu já não podia dizer o mesmo sobre Nathan. Estávamos sem nos falar. Sabia que na maior parte do tempo, seu olhar estava sempre sobre mim e por mais desconfortável que isso fosse, não deixei me abalar. Por enquanto, é melhor assim. Cada um no seu quadrado, sem cutucar a ferida de ninguém. Não era a hora disso.

Acabei por descobrir que a prancha que peguei no outro dia para fugir da mini discussão que tivemos era de Dallas. Achei até que ele não iria gostar de eu ter colocado a mão em suas coisas sem pedir, muito pelo contrário. Quando soube, fomos até a praia e ele me ensinou alguns truques para surfar melhor do que eu já estava praticando. Ele é uma das amizades que eu quero levar pra vida, sem dúvida.

Parece que ele é algum tipo de bruxo que lê pensamentos, pois assim que passa pela minha cabeça, Cameron surge ao meu lado com seu sorriso inseparável e seu copo com algum drink na mão. Ele balançava os ombros totalmente desengonçado, arrancando uma gargalhada alta minha.

— Você me concede uma dança, minha vossa senhoria? — Pergunta, estendendo sua mão em minha direção. Sua graça faz com que eu revire os olhos.

— Só aceitarei porque você está realmente muito bonito hoje. — Pisco um olho pra ele, estendendo pra minha mão pra si e me deixando levar assim que ele me puxa.

Com nossos corpos colados, dançamos de forma bem desajeitada por conta do álcool e rimos inúmeras vezes dos passos que ele inventava na hora. Quando uma música de batida gostosa se inicia que eu logo reconheci ser Too Good do Drake e Rihanna, eu aperto meus dedos em seus ombros e danço com ainda mais vontade. Dallas ri, levantando meu braço e me girando na pista. Provavelmente éramos um dos mais animados. Quem olhava, já devia saber que boas doses de vodka estavam agindo em nosso cérebro.

Por mais lento e sincronizado nossos corpos estejam, eu não sentia maldade alguma em Cameron. Ele é sim muito bonito e nitidamente um cara que se eu não conhecesse direito, teria alguma tração. Mas acho que a amizade que construímos aqui dentro foi essencial para meus olhos não se encherem de maldade por ele. Creio que seu sentimento por mim é o mesmo.

Nós paramos de dançar quando alguém cutuca o ombro de Cam, fazendo com que ele olhasse por cima do mesmo e tentar identificar quem era a pessoa. Meus olhos batem em um homem. Um puta homem. A aparência madura, porém não velha, alto e o físico marcando na roupa formal que traja. Não faço ideia do porquê ele quis vir em uma boate com um traje de formatura, mas não questionei. Afinal, eu estava hipnotizada com seus olhos claros.

— Acho que agora é minha vez de dançar com a moça. — Sorri e posso ver seus dentes perfeitamente brancos. Jesus.

Cameron olha pra mim como se pedisse permissão e eu apenas aceno com a cabeça. Ele beija minha testa e murmura que qualquer coisa, estaria perto do bar. Assim que se retira, já sinto as mãos grandes do homem em minha cintura e meu sorriso aumenta.

Ao contrário do ritmo rápido e animado que eu dançava com Cam, agora nossos corpos se fixam numa sincronia lenta e bastante instigante. Cada vez mais, a força que ele aperta minha cintura aumenta e seu rosto se aproxima do meu. Nossos lábios estavam há milímetros de se tocarem, mas eu aperto meus olhos com força e uma tontura me atinge.

Claro que o álcool me cobraria alguma hora daquela noite.

— Eu preciso ir no banheiro. — Tento me soltar de suas mãos. Vendo que eu tentava sair, ele me envolve ainda mais em seus braços.

— Você não vai à lugar nenhum, meu amor. — Ele sorri e consigo sentir seu hálito de uísque batendo contra o meu rosto. Eu arregalo os olhos.

Tento me desvencilhar dele mais uma vez, porém parecia que quanto mais eu lutava, pior era a força que ele colocava pra me segurar contra ele. O homem tenta beijar minha boca e meu estômago se revira como nunca. Imediatamente, o pânico me atinge em cheio.

— Me solta! Tarado filho da puta! — Grito, sentindo minha garganta arder e provavelmente sendo falho pela altura da música. Aquele sorriso macabro aumenta em seu rosto e ele começa à beijar meu pescoço. Tenho vontade de vomitar e meus olhos marejam. Isso não está acontecendo.

Por que ninguém dá a mínima pra minha voz? Se eu estivesse com um homem, ele teria hesitado em não aceitar meus nãos?

Eu me debatia como nunca. Porém, quando a primeira lágrima escorreu e deixei escapar um soluço de puro pânico, meu coração parece errar as batidas de tão desesperado quando o homem é brutalmente puxado pra trás. Na sequência, leva dois socos fortes no rosto. Deixo meu queixo cair em choque e meu corpo todo treme. Enquanto o cara tenta se recuperar das porradas fortes que levou, as pessoas em volta já começam à se movimentar pela confusão. Mais uma vez, a pessoa desfere mais golpes contra o homem.

— Pelo amor de Deus, Nathan! Para! — Grito desesperada. É nítido o quão embargada minha voz está.

— Vai assediar mulher no inferno, filho da puta! — Empurra o peitoral do cara tonto. — Acha que vai vacilar e não ser cobrado?

E então, o que eu mais temia aconteceu. Meu estômago embrulha, a ânsia sobe em minha garganta, a visão fica turva e apenas um soco no olho é o suficiente para derrubar Nate desacordado no chão. Eu sentia que meu peito iria explodir de tanto pânico. No mesmo segundo que ele caiu no chão, dois seguranças incrivelmente duas vezes do tamanho do homem nojento o pegaram pelos braços e retiraram ele dali. Logo, outros dois tiraram Nathan do chão e o levaram pra fora da boate. Mesmo com as pernas bambas e sem conseguir me manter em pé direito, eu os segui.

Eu estou vivendo um pesadelo.

𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. •  hiatus!Onde histórias criam vida. Descubra agora