𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐄𝐄𝐍 ⚡️ 𝐍𝐀𝐓𝐄

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Como todas as manhãs dos últimos dias, todos da casa estavam reunidos na cozinha, esperando o veredito final de onde iríamos passar o dia. Hoje, por exemplo, havia uma indecisão entre a mesma praia que estávamos frequentando todos esses dias ou uma trilha que revelasse uma outra totalmente desconhecida pra nós. Alguns estão relutantes, batendo o pé dizendo que trilha é muito cansativo e outros não aguentam mais o mesmo mar e a mesma areia. Todo mundo precisa de ares novos e eu concordo pra caralho com isso. Estávamos viajando, precisávamos aproveitar cada canto da Califórnia como se não houvesse amanhã.

Por fim, depois de um bate-boca não muito extenso, estava decidido que faríamos a trilha para outra praia. Essa ideia me animou. Fazia tempos que eu não colocava uma mochila nas costas, um óculos de sol na cara e fazia minhas pernas doerem de tanto caminhar no meio do mato. Conheço pessoas que esse seria um programa de pesadelo, e uma delas está bem ao meu lado, com suas unhas pintadas fazendo um leve carinho meu braço.

— Céus, não sei que graça vocês veem nessas trilhas. Só serve pra cansar o corpo. — Resmunga, logo depois dando uma mordida na pera que estava no seu pratinho.

— Então fica em casa, Hannah. Ninguém tá te obrigando à ir. — Respondo, ajeitando o boné na minha cabeça.

Os olhos dela se arregalam enquanto me encaram e logo seu rosto é substituído por uma expressão de fúria. Não posso mentir. É óbvio que eu gosto de ficar com ela, sou homem e supro minhas vontades quando quero. Sei que quando eu estalar os dedos, a Hannah engatinha até mim como um bebê curioso. Mas essa situação toda já estava me irritando, tanto o seu comportamento como a forma que ela estava tratando a Bella.

A Bella... Caralho. Eu nunca fui de vacilar com ela. Em toda a minha vida, eu nunca tinha conhecido uma mulher como ela. Por isso eu tinha permitido que ela adentrasse no meu cotidiano e fizesse morada. Ela é a melhor companhia que alguém pode ter, seja numa noitada com direito à bebidas e danças animadas ou numa tarde com livros de fantasia e café coado. A energia que ela passa para todos em sua volta é extraordinariamente forte. Poderia passar o dia inteiro citando os motivos do porquê ela é a melhor amiga do mundo.

Não é um bom momento, mas não quero deixar de citar o quão bem ela fode. Puta merda.

A noite do seu aniversário ainda não tinha abandonado a minha cabeça. Não é como se eu tivesse confundindo as coisas, mas alguém que com apenas uma noite tinha enfeitiçado completamente os meus pensamentos com certeza tinha muito mais à proporcionar. As fantasias que eu crio com ela são perigosas.

Pode soar ridículo, mas depois desse chá, ela tinha me deixado completamente tonto.

E falando nela, na ponta da mesa ao lado de G, ela solta risadas. Me permito sorrir minimamente realmente feliz por ela estar fazendo novas amizades. Bella passa tanto tempo atrás do balcão daquela cafeteria que eu tenho certeza que o aroma de cappucino já estava necrosando o seu cérebro. Anseio que, um dia, ela arranje um emprego melhor e mais digno do que isso. Não que ser balconista e garçonete não fosse, mas só eu sei o quão grande é o sonho dela de se tornar enfermeira. Sei que ela consegue. Sua força de vontade é das grandes e Bella Summer é capaz de tudo, afinal.

Hayes se levanta da mesa, dizendo para todos arrumarem suas coisas que logo iríamos sair e assim a maioria faz. Me retiro da cadeira que eu estava sentado e quando estou prestes à me direcionar pra fora da cozinha, aquela mão pequena agarra o meu pulso, me impedindo de continuar.

— Me desculpa, não queria parecer tão ranzinza. — Me olha como um cachorro molhado. Respiro fundo.

— Tanto faz, Hannah. Decide logo se irá ou não. Sabe que ninguém é obrigado à te esperar.

— Por que você está agindo assim comigo? Mas que merda, Nathan. — Ela aperta seus dedos no meu pulso e eu franzo a testa, logo puxando meu braço pra longe da sua mão. — Ao invés de me dizer o que está incomodando, prefere me tratar como lixo. Quantos anos você tem?

— Para de agir como se a gente fosse um casal. — Acho que minhas palavras foram como um tiro em seu peito. Consigo ver os ombros dela murcharem, porém, não me afeta nenhum pouco. — Tá perturbando minha mente já.

São as últimas coisas que eu digo antes de apressar o passo até o quarto. Agradeço à Deus mentalmente ao perceber que ela não me seguiu. A Hannah era maneira, tinha um beijo gostoso e era gostosa, mas não há nada que me dê mais enjoo do que pessoas com síndrome de menina má. Seria vergonhoso até pros outros me verem com uma mini Regina George pendurada no meu pescoço. Tá repreendido.

Pego tudo que preciso para levar pra uma trilha e logo coloco os óculos escuros no rosto. Não muito diferente dos outros dias, o sol de hoje está escaldante. Até levaria a minha prancha, mas eu não teria saco de carregar tanto penso por um longo tempo.

Guardo na pequena pochete tudo que fosse necessário para bolar um baseado e logo saio do quarto, descendo as escadas tranquilamente. Escuto as gargalhadas conhecidas no primeiro andar e ao chegar na sala, me deparo com a cena de Bella em cima de uma prancha que estava deitada no chão. Ela está um pouco agachada e tem uma expressão divertida no rosto. Do seu lado, Cameron segura seus braços como se a ajudasse à manter o equilibro e também carrega um sorriso entre os lábios.

Eu acharia graça se não soubesse as intenções dele com ela.

— Esquece, Cam. Eu nunca vou saber fazer isso. — O apelido me faz erguer a sobrancelha levemente. A loira logo percebe minha presença. — Nate, eu tô fazendo certo?

— Se quiser se afogar novamente, sim.

Me aproximo dos dois e me inclino para agarrar os pulsos de Bella. Com o quadril, empurro Cameron que acaba caindo sentado no chão e nem sequer me importo com o olhar assassino que o mesmo me lança.

Pouso a mão sobre as costas da loira, que ajeita sua postura e flexiona um pouco as pernas para se equilibrar em cima da prancha. Não seguro o sorriso ao ver ela erguer as mãos pra cima, como se estivesse comemorando por conseguir se equilibrar e soltar uma gargalhada alegre alta.

— Eu consegui, merda! — Ela me olha por cima do ombro. — Chupa, otário.

— Essa é a minha garota. — Eu solto, só percebendo segundos depois o peso das minhas palavras.

O sorriso que ela carregava no rosto desmanchou aos poucos e o resultado foi nossos olhares trocados por tempo demais. Não faço ideia de alguém havia percebido, mas fomos arrancados de nossos devaneios por uma voz específica.

— Dia de trilha, suas vagabundas! — Nash bate a mão na parede, fazendo todos presentes no local gritar e começarem à se retirar do cômodo.

Maldita torta de climão.


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querem mais pov's do nate????

𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. •  hiatus!Onde histórias criam vida. Descubra agora