𝐅𝐎𝐑𝐓𝐘 𝐅𝐎𝐔𝐑 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀

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O caminho até meu apartamento foi uma tortura cruel

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O caminho até meu apartamento foi uma tortura cruel. Hayes me ofereceu apoio diversas vezes, tentando pegar em minha mão e dizendo para eu me acalmar, que já tinha passado e que ele estava ali, mas entendeu que eu precisava de espaço. Portanto, o resto do trajeto até o meu prédio foi um silêncio total, escutando-se apenas a música baixa da rádio e os meus suspiros. Meus olhos estavam presos nas ruas enquanto eu deixava as lágrimas encharcarem meu rosto. Era como se tivessem esmagado meu coração com os próprios dedos. Toda a ira que eu senti ao extremo na frente daquele restaurante, tinha se transformado na mais pura angústia. Eu estava desmoronando. Nem Hayes, Nathan ou qualquer outra pessoa disponível para me dar apoio conseguiria segurar os meus caquinhos nas mãos. Meu corpo se fragmentou em pedaços.

Até então, Hayes não sabia o motivo de eu ter tentado arrancar os dentes da minha irmã com as próprias mãos, e sinceramente, eu não tinha psicológico para tocar nesse assunto de novo. Mas, também sabia que se eu continuasse guardando tudo, eu iria explodir novamente. Eu pisava em ovos para lidar com a minha própria cabeça.

O silêncio permaneceu quando o Grier mais novo estacionou seu carro, me acompanhou no elevador e adentrou meu apartamento junto de mim. Ele deixou um beijo em minha cabeça e virou as costas para ir embora, mas eu não conseguia. Eu não poderia ficar sozinha naquela hora, com o meu coração dilacerado e uma vontade irreparável de fazer uma besteira. Então, solucei e apertei os dedos no braço de Hayes.

— Por favor, não me deixa sozinha, Hayes. — Praticamente imploro.

Seus olhos azuis me fitam por alguns segundos e ele balança a cabeça, me envolvendo em seus braços mais uma vez na busca de tentar me reconfortar. Descanso a cabeça em seu ombro e choro mais um pouco. Era provável que o resto do dia correria assim, comigo tentando reunir todos os fragmentos do meu peito e controlando a respiração. Naquele momento, eu não queria estar só, não mesmo.

Passei um bom tempo chorando no colo de Hayes. Ele sempre tentava abrir a boca pra falar algo, mas ao perceber meu estado, sabia que não era a melhor hora. Só percebi o quão deprimente era minha situação quando senti minha cabeça latejar fortemente pela quantidade de horas longas que passei soltando tudo que estava preso dentro de mim por meio do choro. Por isso, pedi para que Grier pegasse um comprimido e um copo d'água pra mim, o que ele não demorou pra fazer. Logo quando me entrega os dois objetos, noto seu olhar pesando em cima de mim. Acabo suspirando.

— Para de me olhar como se eu fosse um cachorro abandonado. — Resmungo, colocando o remédio na língua e bebendo da água de forma cuidadosa.

— Todo mundo tem seus dias ruins, Bella. — Se senta ao meu lado novamente. — Não pense que te julgo por isso.

— Você tá me encarando o dia todo feito um cara com dinheiro observando crianças sem teto — Prendo meus cabelos num coque desajeitado. — Se sua preocupação é que eu me jogue da sacada do meu apartamento, pode respirar, isso não vai acontecer.

Ele acaba rindo com minha frase e dá um empurrãozinho no meu braço. Seu gesto me faz sorrir fraco, o primeiro verdadeiro que eu tinha dado naquele dia. Porém, logo sua expressão suave some e ele volta à ficar sério. Eu sabia o que viria por aí.

— Bella — Me olha. — O que aconteceu?

Engulo em seco. Respiro fundo, passando as mãos pelo meu rosto, preparando meu psicológico para entrar naquele assunto maldito. Coloco minhas pernas em cima do sofá, pousando as mãos em cima dos próprios joelhos, pensando um pouco antes de soltar a voz, o que não demorou tanto pra acontecer. Explico tudo, desde o dia do meu aniversário até a mais recente notícia de que tudo não passou de uma mentira fajuta de Hannah para me afastar de Nathan. À cada palavra que saía da minha boca, Hayes arregalava mais os olhos num semblante assustado. No final, ele estava com os braços cruzados e o cenho franzido. Assim como eu, se manteve em choque, não acreditando que uma garota daquele tamanho e com aquele porte poderia ser tão traiçoeira.

— Bella, isso é loucura — Me olhou novamente. — Essa garota precisa de um psiquiatra.

— Desde pequena, ela sempre quis tudo que era meu, ou melhor — Aperto ainda mais meus joelhos, lembrando da minha infância. — Eu nunca deixei de ser uma irmã presente, de ama-la com todo o meu coração. Claro que falhei algumas vezes, mas o ser humano é falho. Nunca em anos pensei que ela poderia chegar à esse ponto por causa de uma paixonite.

— Obsessão. — Hayes me corrige. — Isso é atitude de gente obcecada. Não aceitou um pé na bunda e criou toda essa história. Ela deve estar achando que vive na Disney.

Novamente, Hayes me faz rir. Conversar com ele estava sendo um alívio perfeito. Mesmo que minha angústia ainda se mantenha presente no peito, boa parte do peso que eu carregava nas costas tinha se aliviado, apenas com seu apoio.

— Mas, Bella — Tiro meus olhos do chão para encarar seu rosto. — Quando vai contar pro Nate?

O Nathan. Eu respiro fundo.

— Eu não sei se tenho coragem para olhar nos olhos dele e contar uma coisa dessas, essa atitude tinha que vir da Hannah — Ao dizer o nome dela, sinto um gosto amargo na língua. — Não faço a mínima ideia, Hayes.

— Não pode esconder isso dele, é uma parada muito séria. — Diz preocupado.

— Ele estava tão animado — Nego com a cabeça, recordando das palavras de Hannah dizendo que tinha comprado algumas lembrancinhas pro bebê. — Ele tava deixando de trabalhar nas músicas dele pra focar na criança, Hayes.

— Exatamente por isso que não pode esconder essa merda dele. Não pode seguir os passos da sua irmã. — Torço o nariz ao escutar sua comparação.

Acabo suspirando e coçando os olhos. Os olhos de Hayes pesam sobre mim mais uma vez e eu logo volto à fitar seu rosto. Me aproximo, o abraçando forte que logo foi retribuído.

— Obrigada por estar aqui, Hazzie. — Ele acaricia minhas costas e ouço sua risada nasalada.

— Que apelido bosta, hein. — Dou um tapa em seu ombro quando se afasta. Logo, acaricia meu rosto com sutileza. — Pode sempre contar comigo, loirinha.

Apesar de tudo que rolou na viagem, eu não sentia maldade em seu olhar. Conseguiu me passar segurança e conforto naquele momento tão difícil, e eu nunca iria esquecer disso. Sei que quando ele precisasse, também estaria lá, lhe dando todo o ombro e colo como fez comigo hoje.

Eu iria dizer tudo à Nathan, só precisava de tempo. Não sei quanto, não sei como, mas minha necessidade maior era me reorganizar. Aquela situação tinha me abalado por completo. A gravidade do problema é grande, mas como sempre, eu precisava vir em primeiro lugar. Tudo tem seu tempo e eu respeitaria o meu.

𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐒𝐄𝐗, 𝗺𝗮𝗹𝗼𝗹𝗲𝘆. •  hiatus!Onde histórias criam vida. Descubra agora