Capítulo 6

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Julie estava sem palavras, "a coisa" que tanto tinha te deixado com medo, era ninguém menos do que Luke. Quando o choque passou, a garota só conseguiu dizer: 

- O que? O que você tá fazendo aqui Luke? 

- Oi Juls... E-eu... É complicado. - disse o garoto envergonhado. 

- Você passou a noite aqui? Tipo, dormiu aqui no galpão? Foi você que entrou lá em casa? 

- Sim... Eu estava com fome, achei que você já tivesse saído para sua primeira aula, que aliás, você está perdendo. - Luke tentou desconversar. 

- Não ligo... Como você conseguiu entrar? E por quê você dormiu aqui Luke?

- Eu só entrei, o galpão estava aberto e a porta dos fundos da sua casa também... E sobre dormir aqui, é complicado Juls. E-eu não quero falar sobre isso. 

- Luke, você vai me contar tudo o que tá rolando... Ontem eu achei que você realmente queria me acompanhar até em casa, não que você precisava dormir em algum lugar e lembrou que eu e meu galpão existimos. - disse Julie irritada. 

- Não Julie, eu realmente queria te acompanhar e eu não lembro de você só por causa do galpão. Não é isso... - disse Luke tentando se aproximar da garota. 

- Então se abre comigo, Luke... O que está acontecendo? - insistiu. 

- Eu não apareço em casa tem uns dias... Eu briguei com minha mãe, porque ela não aceita que eu escolhi a música. E... Se ela não gosta disso, eu não posso ficar lá. - disse Luke com a voz tremula. Julie tentou se aproximar mas o garoto se esquivou, então ela percebeu como esse assunto realmente mexia com os sentimentos de Luke. 

- Luke, você pode ficar aqui o tempo que precisar... Mas eu quero que você entenda que fugir não vai te levar a nada. No futuro você vai se arrepender disso. Eu não tenho mais minha mãe por perto e eu me arrependo a cada segundo de não ter passado mais tempo com ela. - Julie começa a se emocionar também, mas segura suas lágrimas porque não quer deixar Luke preocupado. 

- Eu sei Juls... Me desculpa, por tudo isso. E-eu, até comecei a escrever uma música sobre isso na noite passada. Mas eu não sei tenho coragem de ir lá ainda. 

- Eu posso te ajudar, Luke. - Julie tentou de aproximar de novo e dessa vez Luke não se esquivou. Julie tomou a iniciativa e finalmente pegou na mão do garoto, o que imediatamente fez com que se olhassem e ficassem mais próximos. 

- Obrigado Julie! - disse Luke passando a mão pelos cachos de Julie, sem desviar o olhar nem por um segundo. 

Cada vez mais eles se aproximavam e Julie conseguia sentir seu coração sair pela boca, sua mão ainda colada a dele, mas com um leve formigamento. Ficaram tão próximos a ponto de cada um conseguir sentir a respiração leve um do outro. E então, como em um estalo eles ouviram um barulho de carro. Era o pai de Julie chegando. Na mesma hora se afastaram, as mãos de Julie suando e a respiração de Luke ofegante. 

- Acho que é meu pai. - sussurrou. 

- Não tem como sair agora, vamos ficar aqui. - disse o garoto se acomodando no sofá, pegando seu caderno com as canções que compunha. 

Julie olhou intrigada para o caderno, sempre quis saber quais eram os versos mais intensos que Luke pudesse escrever. 

- O que você tá fazendo aí? 

- Bom, não tem como sair... Vamos escrever algumas músicas para a Sunset Curve. Vem. 

- Ok, mas não podemos fazer muito barulho. 

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