Capítulo 24 - Insights

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A chuva continuou sem dar trégua.

Os semideuses resolveram que o melhor seria passar a noite na casa do deus – situação esta que Apolo consentiu sob o pretexto de que adoraria passar um tempo com dois de seus filhos – e na manhã seguinte voltarem para a cidade e darem um jeito rápido e prático de retornarem ao acampamento. A melhor solução precisava ser encontrada.

Ao cair da noite, o jantar foi patrocinado por Apolo.

Duas caixas de pizza, uma tamanho família e outra média, mas ambas com borda recheada.

— Pizza me lembra adolescência — Maxwell comentou enquanto pegava seu segundo pedaço. Até aquele momento o grupo, sentado nos sofás grandes da sala, apenas comia em silêncio saboreando cada um o seu pedaço. Apolo observava de uma poltrona, a cara entediada.

— Não sei o que é isso — Nayelly murmurou, mordendo um pedaço grande da pizza em sua mão. Pelo seu tom, a garota não estava sendo nem um pouco irônica.

— Exatamente — o filho de Hermes sorriu em resposta. Ela havia entendido. — A pizza está aqui para nos lembrar de que por hoje somos adolescentes normais. Amanhã a loucura volta, então temos que aproveitar e relaxar ao máximo.

Nathália jogou as pernas para cima do colo de Marina que riu levemente. Estava brincando apenas, mas para ela era engraçado poder fazer isso na "casa dos outros". E o melhor é que Apolo nem parecia ligar.

— Assim? — ergueu a sobrancelha e sorriu para Maxwell.

— Acho que podia ser encima de mim, mas sim. — confirmou ele, piscando para a filha de Atena. — Esse é o espírito, gata.

Apolo suspirou repousando o braço por cima das costas do sofá e então deixando a bochecha amassada contra a mão. Emburrado.

— Vocês estão tão alegres — resmungou, o mal humor finalmente aparecendo em sua voz. — Nem parece que daqui a pouco será desencadeado um apocalipse. Não parecem nada preocupados.

Os seis se entreolharam. Hm…

— Na verdade estamos morrendo de medo. Até o Max deve estar preocupado. — Marina respondeu, apontando para o filho de Hermes que, mesmo fazendo uma careta como se estivesse prestes a contestar, acabou assentindo devagar. — Mas de que adianta ficarmos depressivos com essa primeira luta perdida? Ainda temos a guerra, então precisamos nos preparar psicologicamente.

— Marina tem razão. — Elliot concordou, abandonando a borda da pizza que restou de seu pedaço dentro da caixa. Não gostava do recheio de queijo. — Se vamos ter que enfrentar Phobos, não podemos ficar desanimados.

Apolo respirou fundo e se endireitou no sofá, pondo as mãos atrás da nuca. Eles tinham um bom ponto, mas o deus não iria admitir que estava errado em suas palavras. E de qualquer jeito, veria o resultado de toda aquela preparação depois.

Agora, estava entediado. De novo.

Olhou para os semideuses que acabavam de comer e ergueu as sobrancelhas, sugestivo.

— Vocês, caros jovens desse mundo mortal, tem alguma idéia de um jogo que valha a pena? Ainda é cedo e até onde eu sei vocês ficam acordados a madrugada inteira.

— Vivemos em um acampamento com toque de recolher, você acha mesmo que alguém aqui fica acordado até esse horário? — Rafael perguntou, franzindo o cenho. Pelo canto do olho, o filho de Apolo viu uma mão se erguer devagar. Bufou. — Abaixa essa mão, Maxwell. Eu sei que você é um dos primeiros a cair de sono e ainda reclama se é acordado.

Maxwell riu negando com a cabeça.

— Que tremenda falta de verdade.

— E do jeito que o Rafael fala parece que estávamos numa creche com horário certo para a soneca — Elliot começou a rir também, acompanhando a onda de Maxwell.

Os Olhos da CorujaOnde histórias criam vida. Descubra agora