Capítulo 12 - Polos Opostos

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• Nayelly

Eu não esperava que meu sono aquela noite fosse preenchido com sonhos novamente. Aliás, pesadelos. Eu havia tido o mesmo da noite passada, com Nath e Mari completamente indefesas na ponta do precipício e suas mãos escapando das minhas sem que eu pudesse fazer nada para impedir.

Eu preferia mil vezes ter sonhado com a história de bonecos do Max do que com isso.

Silenciosa para não acordar as meninas eu me sentei, tão sonolenta quanto irritada por perder o sono de novo graças ao pesadelo que me fez acordar. Ainda estava escuro, mas eu podia ouvir alguém andando do lado de fora da barraca. Na verdade, eram mais passos do que eu imaginava e pensei se todos os meninos haviam decidido sair de uma vez da barraca.

Abri o zíper decidindo ir averiguar a situação.

Quando sai, me arrastando devagar pela abertura que fiz na porta, ainda tentando não acordar ninguém, meus olhos demoraram a se acostumar com a escuridão pois não havia lua devido as nuvens. Eu havia tirado meu moletom para dormir e estava só de calça e camiseta, então eu sentia a queda absurda da temperatura.

Respirei fundo, prestes a me erguer do chão, quando alguma coisa parou ao meu lado. Algo grande.

Levantei a cabeça, confusa, dando de cara com um ser alto e muito magro que tinha seus braços erguidos. Chocada notei o bastão longo e espesso em suas mãos, entendendo com pavor o que aquela pose ameaçadora significava.

Minha mente resolveu deixar a sonolência de lado e começou a trabalhar rápido.

Rolei para o lado no chão me afastando da criatura bem no momento em que seus braços desceram com uma velocidade e força imensa, o bastão quase me atingindo em cheio. Ofeguei, ainda ajoelhada, quando seu ataque levantou as folhas e um pouco de terra do lugar onde eu me encontrava segundos atrás.

— Eu deixo vocês passarem fita na minha boca caso eu peça para contar outra história! — ouvi a voz de Max, vindo da barraca dos meninos. Quando olhei naquela direção vi outro ser semelhante ao primeiro, e agora era fácil saber do que se tratavam.

A marionete próxima a barraca de Max, se voltou para a minha direção e eu me levantei, odiando ter deixado minha espada na barraca. Minhas lamentações e últimos desejos só foram interrompidas quando o zíper da barraca deles enfim se abriu.

— Madeira! — ouvi a voz do filho de Hermes anunciar antes que seu pé surgisse para fora da barraca e chutasse as pernas do boneco, fazendo-o cambalear e cair encima do outro que estava em minha frente.

Com o caminho livre, tanto Maxwell quanto os dois filhos de Apolo saíram da barraca vindo para o meu lado. Nathália e Marina vieram logo em seguida, alarmadas, se atropelando para sair logo da barraca, mas com suas armas em mãos e, graças aos deuses, a minha também.

— Semideus não pode nem dormir em paz, que saco — Nath grunhiu, olhando para os bonecos que se levantavam de forma medonha, parecendo mesmo que eram controlados por cordas pois cada um de seus membros se moviam diferentes do outro.

Marina me entregou minha espada e ficou ao lado de Nathália, encarando com olhos assustados as duas figuras de madeira.

— Maxwell, você disse que tinha inventado! — lembrou ela, se afastando um passo, assim como nós, quando o bastão nas mãos do bonecos começou a ser agitado cegamente enquanto eles ainda se levantavam.

Maxwell parecia mais perdido do que nós.

— Eu disse! Mas pelo jeito era real e eu não fazia ideia!

— Não é hora para se perguntarem, vejam! — Rafael apontou para as marionetes agora completamente em pé. As duas levantaram seus bastões novamente e então, num instante, correram até nós já atacando numa brutalidade inflamada.

Os Olhos da CorujaOnde histórias criam vida. Descubra agora