Capítulo 10 - Mau Tempo

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Naquela noite, Quíron retirou a proteção que impedia as mais diferentes precipitações de atingirem o acampamento.

Sem essa "camada" protetora os semideuses no acampamento assistiram, enquanto íamos ao pavilhão refeitório, uma parede quase sólida de nuvens arroxeadas se formando a partir do Oeste. Alguns raios faíscavam por entre as nuvens vez ou outra, mandando picos de luz momentâneos e assustando alguns durante o jantar devido aos trovões altos que se seguiam.

Quíron estava completamente certo. A tempestade que esperávamos se encontrava bem ali.

— Pelo menos não demorou tanto… — Nathália comentou enquanto ainda estávamos no refeitório, logo após um outro trovão repentino fazer Marina dar um pulo de susto ao meu lado. — Quero saber é como vamos nos virar para nos proteger da chuva.

Passei um braço por Mari, confortando-a enquanto pensava.

— Hmm. Talvez possamos ter sorte e encontrar algum abrigo? — minha voz indecisa transformou a possibilidade em uma pergunta, visto que eu também não fazia idéia. A única certeza que eu tinha era de que precisaríamos nos preparar corretamente para sair.

Levando roupas mais quentes, por exemplo…

Marina desviou o olhar para cima, encarando com uma certa irritação as nuvens espessas da tempestade. Era como se estas lhe ofendessem.

— Parece que o céu vai desabar sobre nossas cabeças a qualquer momento. — resmungou ela. — Por que tinha que ser durante a chuva? Ah, aliás, não devia ser. O meio de Maio não é exatamente uma época muito chuvosa...

Nath deu de ombros.

— Zeus está nervoso. E com razão, claro. Não me surpreenderia se nevasse também…

Suspirei, meneando a cabeça. Algo me dizia que havia a possibilidade disso acontecer, ou que talvez ao menos algumas coisas possam ficar cobertas de geada. Era frio de qualquer jeito.

Quando deixamos o refeitório, um pouco mais cedo do que de costume, um bom número de semideuses se dirigiu para o Anfiteatro. Alguns filhos de Apolo planejavam aquietar os ânimos agitados dos campistas com suas músicas. Assim, seus dons tentariam influenciar no humor geral, apesar do céu não dar indícios de que seria afetado também.

Para mim essa idéia parecia ter sido de Quíron, com a intenção de manter as coisas mais naturais quanto fosse possível no acampamento. Ele realmente estava preocupado com o desenrolar da situação após a vinda de Phobos para cá e eu não o culpava.

— Você vai para o Anfiteatro? — Nath me perguntou enquanto pegava a mão de Marina, rebocando-a consigo enquanto andava devagar para a direção onde todos iam.

Hesitei com sua pergunta. Eu estava cansada demais para pensar em outra coisa que não fosse minha cama no beliche.

— Não… acho que vou me deitar. Aquele banho gelado não foi o suficiente para me despertar totalmente. — eu sorri fracamente para minhas irmãs. — Divirtam-se, depois me contem o que aconteceu de interessante.

— Tudo bem. Boa noite, Nay — ambas me desejaram e acenaram vagamente para mim, seguindo em direção ao Anfiteatro. Antes que eu me virasse para seguir até os chalés, ouvi uma voz alta e animada correr até as duas, pedindo para esperarem. Maxwell.

Eu ri quando ele se pendurou em Nathália, como adorava fazer sempre que eu via os dois juntos, e ela ameaçar, numa voz brava, que se acabasse com torcicolo por causa daquilo iria fazer pior com o pescoço dele.

Dei as costas, fazendo meu caminho até o chalé 6. Eu ia devagar, aproveitando o quase silêncio que havia por ali para me deixar ficar um pouco pensativa, principalmente sobre a profecia. Agora que o choque inicial havia passado e eu não tinha ninguém do meu lado para me apoiar, eu sentia medo.

Os Olhos da CorujaOnde histórias criam vida. Descubra agora