Capítulo 15 - Motivos e Aproximações

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• Rafael

— Para onde a bruxa foi? — Elliot perguntou ao olhar em volta, acabando por se afastar e me deixar sozinho para ajeitar a estante que estava prestes a cair encima de Nayelly a momentos atrás. Enquanto isso o folgado ajudou ela a se levantar.

Meus deuses, Rafael, para de estresse!, a parte racional que eu tinha e achava minhas implicâncias com meu meio irmão absurdas acabou mandando.

Maxwell também serviu de apoio para alguém, ajudando Nathália a ficar em pé.

Eu reposicionei a estante no lugar com algum esforço e peguei meu arco do chão, ajeitando a aljava em minhas costas. Seja lá para onde a bruxa achava que tinha fugido, ela não iria se esconder por muito tempo.

— Eu vou atrás dela, não podemos deixá-la sair assim — eu avisei antes de deixar a sala. Corri pelo corredor de estantes até a porta de entrada, mas parei, freando minha pressa bruscamente.

Bom, talvez eu não precisasse ir tão longe…

— Mari? — chamei devagar enquanto a mesma, abaixada próxima ao corpo de Amália, limpava sua espada na saia do vestido da mulher. Caramba. — O que você fez?

Marina deu de ombros, se levantando devagar e com algumas expressão de dor por causa dos inúmeros cortes que ela tinha conseguido. Eu havia cuidado dos ferimentos mais sérios quando a levei para longe da cena de cacos de vidro que a machucaram, mas os outros cortes e alguns hematomas ainda deviam doer muito.

Eu esperei como um idiota por uma resposta à minha pergunta já que era muito óbvio. Porém seria legal ouvir dela.

— Matei — ela respondeu simplesmente cutucando com a ponta do pé o corpo de Amália. — Essa mulher conseguiu me irritar, mata-la era o mínimo que eu podia fazer.

Assenti, me lembrando mais uma vez que eu nunca devia irrita-la. Marina era um doce de pessoa e muito altruísta, mas quando se faz algo que ela altamente abomina, a garota teria o maior prazer de ensinar uma bela de uma lição em seguida.

Nós voltamos para dentro do antiquário logo depois de afastar o corpo dali. Afinal, assustar carros que passassem e chamar a atenção da polícia para um provável homicídio não era o que queríamos. E eu não sabia se bruxas viravam pó à sua maneira ou algo semelhante, porém no fundo para mim tanto fazia o que acontecesse. Ela não era mais um problema.

A manhã pareceu se passar tão depressa quando a tarde. Nós sabíamos que estávamos perdendo tempo ali e que tínhamos que encontrar logo as armas, mas estávamos todos exaustos e doloridos demais. Fora que Marina não estava bem o suficiente para caminhar e Nayelly havia conseguido um corte feio no joelho.

Eu planejava ajudá-la quando todos nós nos sentamos juntos na sala de estar no andar de cima, mas Elliot chegou na minha frente. Como sempre. Eu assisti ele se abaixar em frente a ela, que estava no sofá, e cuidar do machucado em seu joelho. Senti um incômodo estranho quando ela sorriu para ele em agradecimento…

— Ai, droga, Rafael! — Maxwell reclamou quando acabei enrolando a faixa com força demais em sua segunda mão machucada.

— Foi mal — resmunguei, desviando o olhar dos dois semideuses para Maxwell. Afrouxei o aperto que havia feito sem querer e terminei de enrolar a faixa. — Mas a culpa é sua que ficou socando aquele negócio. Você achou que estava incorporando quem, o Hulk?

— Você diz isso porque não entende o meu desespero daquele momento — Maxwell argumentou flexionando os dedos com cuidado. Em seguida olhou para mim, a sobrancelha erguida. — Ou entende e eu tenho certeza que faria o mesmo que eu…

Os Olhos da CorujaOnde histórias criam vida. Descubra agora