Tédio. Essa é a palavra que se resume passar a quarentena morando sozinha, em meio a uma pandemia mundial. Sem querer tirar sarro, mas eu esperava que algo do tipo "zombies" ou "aliens" tornassem as coisas mais interessantes.
Enquanto a invasão nerd não acontece, vou adquirindo hábitos novos e saudáveis, do tipo jogar videogame o dia todo e virar a noite vendo anime, e decorar meu ap com flores.
Uma Samambaia ali, Espadas de São Jorge aqui, Suculentas na estante e claro, minhas flores na janela. Minhas flores vermelhas haviam chamado atenção da vizinha que elogiou e deu algumas dicas de como cuidar, por exemplo, regar as plantinhas ao anoitecer, coisa que estou fazendo agora.
Aquelas flores... eu não sabia o nome delas, mas eram verdadeiras obras de arte. Suas pétalas cor de sangue contrastavam com o caule verde, eu adorava observá-las e claro, registrar sua beleza em fotos para que fosse eterna.Só percebi que também estava sendo observada por uma pessoa do prédio da frente quando levantei os braços pra fechar a janela. Um homem com cabelos cuja cor é extremamente parecida com a das minhas adoradas flores. Sua pele branquinha contrastava com o vermelho de suas mechas, seus olhos castanho claro me encaravam sem demonstrar nenhuma reação por ter sido pego no flagra. Muito estranho, simplesmente fechei a cortina e tentei ignorar o arrepio que senti ao olhar pra ele.
/// quebra de tempo ///
Estava esparramada no sofá jogando meu game favorito, Tomb Raider, no meu básico Xbox 360, matando os filhos da mãe que insistiam em pensar que poderiam parar a famosa Lara Croft, coitados. Já havia zerado o jogo 4 vezes, mas todas elas eram únicas.Aquele jogo era uma obra prima que merecia ser aplaudido de pé, assim como a personagem principal fodidamente maravilhosa que pisa em maxo como se fosse inseto, mas como tudo que é bom dura pouco bateram na minha porta.
Rapidamente peguei a máscara, auquingel e fui atender o bendito, dando de cara com minha mãe.N/M - Filha, a quanto tempo a gente não se vê! - me abraça
- Mãe! Também estava com saudades, mas você sabe que é perigoso sair de casa, principalmente pessoas do grupo de risco!
N/M - Está me chamando de velha??
- Não, estou te relembrando da diabete! Quando vai parar de ser teimosa?
N/M - O próprio presidente da República falou que é só uma gripezinha e logo passa, não sei a causa de tanto alvoroço!
- O presidente não sabe nem quantos chifres ele já levou, mãe. Deveria confiar nos fatos verídicos e se cuidar mais.
S/N- Nem se preocupe, só vim dar uma passadinha. Isso aqui está um caos! Como consegue viver no meio de tanta bagunça?
- Nem está tão ruim...
Estava sim. Roupas jogadas pela sala, louça suja na cozinha e pacotes de Chips no sofá, fora o meu quarto/zona.
S/N- Sorte sua não morar mais lá em casa, se não levaria uns tapas! Na próxima vez que eu vier quero isso tudo arrumado! E essas olheiras, anda virando a noite no celular de novo? Esses aparelhos... são a desgraça do mundo!
- A desgraça do mundo é a fome, a sede e a arrogância, o celular é apenas um aparelho tecnológico bem útil. Mas respondendo sua pergunta, estou de folga e tenho muitos animes pra pôr em dia!
S/M- Eu realmente achava que você tinha crescido. *suspira* Enfim, vou indo meu bem, qualquer coisa me ligue!
- Certo. - dei-lhe um beijo na bochecha - Se cuida!
Olhei ela indo em direção as escadas por conta do elevador interditado. Eu moro no 5° andar, me impressiona ela ter vontade de subir tudo isso apenas pra me dar bronca.
Suspirei e fechei a porta, havia perdido a vontade de jogar. Meu ap era simples, uma sala sem divisão com a cozinha, um quarto e um banheiro. O valor não era caro e eu achava muito confortável para uma solteira morar, só falta um animalzinho.
Estava abafado lá dentro, fui abrir a cortina e por um impulso olhei na janela do menino de antes. Conseguia enxergar um... suporte de tela, pelo que parece ele é artista, interessante. Ao menos não é um total psicopata igual o ruivo de um anime que eu vejo, imagina que perturbador se ele fizesse uma marionete minha e controlasse com fios de chakra? Tô viajando muito, melhor ir deitar.
Viro pra um lado, pro outro, já são 23:44 e ainda não veio o sono. Quando percebo, já estou vendo o 283782° episódio de Naruto, são 04:47, preciso parar com esse hábito horrível ou então quando voltar a trabalhar estarei ferrada!
Sim, eu trabalho em uma empresa chamada Akatsuki e sou responsável pelas fotos nos eventos que a firma faz. Quando termino de selecionar e editar, mando em um arquivo para o Hidan, que cuida da Divulgação e ganho meu cachê. Parece simples, mas vai tentar fazer um bando de burguês olhar pra sua câmera e passe horas na base do café editando os mínimos detalhes pro Pain, o chefe enjoado, não reclamar. Ainda tem o fato de as festas geralmente serem em boates e os bêbados me confundirem com uma prostituta as vezes.
Sou tirada de meus devaneios por uma cena do anime, no qual o personagem Sasori é revivido no Edo Tensei de Kabuto. Seria realmente muita loucura se o meu vizinho de prédio se chamasse Sasori, pois eles são idênticos!
Quando o ep acaba decido ir dormir, afinal precisava ir ao mercado no outro dia e a máscara não tamparia minhas olheiras profundas que se formavam em meu rosto outrora bem cuidado.
/// No prédio ao lado ///
Suspiro. A imagem daquela garota não sai de minha mente, está atrapalhando meus desenhos. No caso, apenas consigo pensar uma janela com flores vermelhas sendo regadas por uma moça de cabelos C/C e olhos C/O lindos.Desisto de resistir a tentação e começo com os traços mais fortes, me inspirando Nela. Cheguei em um pedaço que não me lembrava mais o jeito como era a cena, precisava esperar o dia seguinte para vê-la novamente.
D- Primo, já terminou seu desenho? Posso ver?
- Depois, Deidara. Estou apenas no esboço e você não vai entender o que é.
G- Aaaah, ok. Quando acabar me mostre.
Deivid, ou Deidara como eu chamo, é meu primo de 8 anos. Perdeu os pais em um acidente quando tinha apenas 3 anos e vive comigo desde meus 18, quando saí da casa de minha avó e comprei um apartamento com a herança de meus também falecidos pais. Atualmente tenho 23 com cara de 15 e jeito de 40, pois minhas costas doem e como o loiro mais novo adora dizer, sou rabugento como um velho. Baka.
O único traço de personalidade jovem que ainda resta em mim é o meu vício em Animes, inclusive tenho o mesmo nome de um personagem de Naruto, Sasori. Até meu cabelo é vermelho igual, por isso decidi apelar e tatuei marcas em minha mão, como se fossem realmente de madeira e eu acho que ficou muito foda.
Decido ir ver o que a peste loira está aprontando, tá muito quieto pro meu gosto.
- Dei, o que tá fazendo?
D- YEEEEY AGORA TENHO BOCAS NAS MÃOS!
Ele me mostra suas bocas desenhadas como as do personagem e eu rio disso, mas logo mando limpar e o coloco na sua cama. Quando vejo que está tudo certo, finalmente tomo um banho e vou até a cozinha pegar um copo de água.
Observo meu apartamento, era espaçoso porém não exageradamente, cabia eu e o moleque tranquilo. 2 quartos, cozinha, sala e o "quartinho da arte", como Dei costuma chamar minha mini-galeria particular.
Éé, mais um dia em quarentena finalizado. Amanhã vou ao mercado abastecer o armário, preciso economizar...
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O Cara do Prédio ao Lado - Imagine Sasori
FanfictionRegava minhas flores na janela tranquilamente, até que percebo o olhar de um ruivo sobre mim. A história se passa no mundo real, em época de quarentena. 18/10/21 - #4 - Konoha 06/10/21 - #1 - Arte 07/04/21 - #2 - Pintura 13/04/21 - #4 - Quarentena