Capítulo 4

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Kyara

- O que acha? – Pétros pergunta ao meu lado, inclino a cabeça para o lado e continuo averiguando as armas, potentes, pesadas, munições de todos os tamanhos. É uma bela carga, tenho que admitir, talvez ele não tenha ficado irritado por pouca coisa.

- Quem está dando mais por elas? – Eu pergunto tocando o cabo de uma Glock, tão nova que ainda tem um suave brilho de quem foi limpa.

- Doug – Ayla responde do outro lado, dou um aceno para ela e respondo com a voz divertida.

- Fale que aceitamos o preço, mas ele terá que tirar hoje das nossas mãos se não sem acordo – Fecho a caixa com um barulho suave – Não queremos nenhuma prova de que foi a gente quem roubou.

- Feito

Vejo Ayla digitando no celular e me volto para os dois do meu lado. Ao todo, somos eu, Ayla, Dylan e Pétros, o esquadrão que sempre apronta sem quem Alan saiba, eles são minha fonte segura e sabem exatamente quem eu sou.

Ayla é a minha hacker, ela basicamente sabe mais sobre computadores do que sobre humanos em geral, quando eu cheguei aqui na casa de Alan com seis anos, ela era a única menina com quem eu podia conversar. Filha de um dos guardas da casa, ela conseguiu minha confiança e eu ganhou sua lealdade.

Dylan entrou a pouco tempo no esquadrão, ele era um dos vigias noturnos quando me viu saindo para um trabalho e pediu para ir junto, fiquei esperando que ele contasse para Alan e ganhasse um posto mais alto, mas só o que ele fez foi esperar por mim na frente da casa para a próxima, ele também me ofereceu sua lealdade.

Pétros é um caso mais especial, ele trabalhava na casa de show da Madame Violet, era um dos garotos dela, ele odiava aquilo, vi sua capacidade de lutar quando um dos moleques de rua tentou me roubar dentro da casa de Violet, Pétros parecia o próprio relâmpago quando pegou minha bolsa de volta e arrebentou a cara do moleque. Então fiz um acordo com ela, e Pétros estava livre para fazer o que quisesse, mas ele se ofereceu para trabalhar para mim, não Alan, mas a mim.

Então assim compomos o nosso grupo, eu faço todos os trabalhos para Alan que ele posso vir a pedir, mas tenho em mente meus objetivos nesse jogo, e eles, esses manés que chamo de amigos são minha fonte de que nenhum plano virá falhar.

Não quero a derrota da máfia Fallen Angels, não foi para isso que eu roubei a carga, fiz isso porque devia um favor a Sage, por ter nos "ajudado" quando mais precisamos e além disso ganhei alguns créditos a mais na nossa conta bancária.

Tudo bem, isso meio que nos colocou em mira com o poderoso chefão, mas isso não quer dizer que ele virá nos pegar, ou terá algo para nos confrontar, não, isso não iria acontecer.

- Ele virá buscar daqui a algumas horas – Ayla fala e me tira dos meus pensamentos grandiosos.

- Excelente, marque dele pegar a encomenda no galpão

- Deixamos lá e saímos? – Pétros pergunta

- Sim, não queremos que ele descubra quem está por trás disso

- E como vamos fazer em relação ao pagamento? Se ele irá nos pagar? – Ayla questiona com a testa franzida.

- Bombas – Digo simplesmente e Dylan ri da cara de confusão que Ayla faz, respondo antes que ela me pergunte mais alguma coisa – Vamos colocar bombas ativas e só quando ele chegar e pagar nós a desativamos se não.... Bum!

Dou um peteleco em sua barriga e ela se afasta rindo.

- Você é insana

- Obrigada

- Não foi um elogio

- Para os meus ouvidos, foi.

....

Caminho em direção ao escritório de Alan o mais lentamente que eu consigo, não estou muito animada para lidar com a cara de bundão do Eric duas vezes no mesmo dia. Bato duas vezes e espero, Alan resmunga um entre e eu abro a porta.

- Está ocupado? – Olho para o enorme escritório e fico imediatamente feliz quando não vejo o rastro de Eric por lá.

- Não – Alan se endireita na cadeira e me olha com a expressão vazia – Descobriu algo?

- Sim – Me sento na cadeira de couro a sua frente e cruzo as pernas com a postura relaxada – A carga de Sage foi roubada.

- Roubada?

- Exato, alguém invadiu o sistema de segurança e descobriu o local que ele ia passar.

- Qual era a carga? – Alan passa a mão pelos cabelos bagunçando um pouco os fios.

- Não sabemos, mas deve ter algo importante para ele vim até aqui ver com os próprios olhos – A mentira desliza facilmente pela minha língua e eu fico dividida se isso é algo bom ou não.

- Filho da puta

Alan Hoover com seus cabelos claros e sua pele escura é um cara minimamente decente, não digo isso por ele ser meu tio, ele me criou quando não tinha mais ninguém e me deu a oportunidade de escolher o que eu quisesse, o que eu fiz, terminei a escola enquanto aprendia as técnicas de luta mano a mano, fui as festas e no outro dia aprendia a usar adagas como arma de defesa, fiz faculdade de contabilidade durante o dia enquanto aprendia sobre todas as empresas de Alan e como funcionavam.

Eu fui bem, não fiz nada impróprio que o colocasse em maus lençóis, ele confiava em mim para fazer os serviços que ninguém mais queria, eu tinha tudo sobre controle, ou a maioria das coisas.

- Fale com todos os seguranças e os deixem de aviso, não algo óbvio – Aceno afirmando e espero as outras instruções – Nós não temos nada a ver com a carga roubada mas isso não impede ele de cometer erros. Vou mandar Eric escoltarem eles da pista de pouso.

Abro a boca para contestar mas a fecho rapidamente, não é obrigação minha dizer a ele que mandar o filho mimado não é uma boa ideia. Então sigo calada só concordando com a cabeça.

- Você vai ficar o mais longe possível deles – Ergo uma sobrancelha com isso, opa, essa é nova. Alan vê minha expressão e explica – Sage não é do tipo que é gentil com familiares mulheres, sendo elas inocentes ou não, não quero você na mira dele, então só irá se encontrar nos horários em que eu estiver por perto.

- Vou ter que ficar trancada no meu quarto? – Pergunto com sarcasmo ácido

- Se eu pedir isso você vai escapar assim que eu virar as costas

Dou um sorriso de canto de boca, descruzando as pernas me levanto.

- Mais alguma coisa?

- Por enquanto não – Alan estica o braço e pega o copo de uísque da mesa, de um gole ele entorna a bebida – Se não for pedir demais, preciso que fique de olho no seu primo.

- Sim, é pedir demais – Falo dando as costas para ele, sem me importar com o que ele acha.

- Kyara, preciso que ele fique longe enquanto Sage estiver por aqui

Paro na porta e inclino a cabeça apertando as mãos em punhos.

- E mandar ele escoltar é uma boa ideia?

- Será só por um momento, o que me preocupa é os outros dias – Me viro de novo e o vejo me avaliando – Ele não sabe se controlar, só peço que fique de olho.

- Como quiser, tio

Minha voz sai rouca e engulo um xingamento enquanto abro a porta do escritório e saio, batendo os saltos no chão enquanto vou até a ala de treinos.

Preciso bater em algo, se não vou bater em alguém, e esse alguém tem nome e sobrenome. Estalo meus dedos e ando mais rápido.

A Dama de FerroOnde histórias criam vida. Descubra agora