A Dama de Ferro

Capítulo 28

Kyara

Estou pesada

Como se alguma coisa estivesse em cima de mim, me pressionando para baixo, então puxo uma respiração para ver se de fato tem algo, mas só o que eu sinto é o leve aroma de café. Me forço a abrir os olhos e meu peito queima com a respiração presa no meu peito.

- Kyara? – A voz de Alan preenche o espaço vazio e eu olho de lado de onde a voz dele vem, ele estava sentado em uma poltrona bege, mas se levanta quando me vê com os olhos abertos – Hey, como você está?

- Como se um caminhão tivesse passado por cima de mim – Eu respondo e pigarreio quando minha voz falha no meio da frase.

- A enfermeira diz que é normal, vai ficar bem logo mais – Ele pega a minha mão e eu a aperto com a força que me resta – Talvez eu tenha que te colocar em uma torre e te trancar.

- Eu provavelmente escaparia antes de você virar as costas – Eu digo e vejo um pequeno sorriso em seu rosto

- Eu sei, mas não pode me culpar por tentar

- Tudo bem – Olho para o quarto a minha volta e vejo que estou em um hospital, tudo é muito branco e limpo e cheira a agua sanitária e café – Estamos em Moscou?

- Sim, não quis levar você nessas condições

- Nikola?

- Ela fugiu, junto com Patron – Bufando irritada e me sento na cama com sua ajuda, colocando a cabeça no travesseiro me apoio e tento não estremecer com a dor nas minhas costelas.

- Aquela vaca – Olho de novo para Alan – Já viu Eric?

- Sim, digamos que ele está bem encrencado – Ele aperta minha mão de leve – Não vou perdoa-lo pelo que lhe fez.

- Ele é seu filho Alan, não o culparia se o perdoasse

- Você também é minha filha – Engulo em seco e ele suspira baixinho – Sei que só é minha sobrinha, mas é minha obrigação cuidar de você, e tentei fazer isso por um longo tempo, mas quando você precisou eu não consegui.

- Eu o considero como pai, Alan. E você fez por mim o que ninguém faria, me deu uma escolha e foi o que eu fiz, eu escolhi essa vida, e não me arrependo nenhum dia sequer.

- Deveria, Sage te colocou em .... – Como se escutasse Alan o chamando, Kendrick abre a porta e seus olhos correm direto para mim, dou um sorriso e ele vem até a mim, seus braços me envolvem carinhosos, apoio minha cabeça em seu ombro e ele inspira aliviado.

- Você está bem? – Aceno confirmando e ele me aperta antes de me afastar, seus olhos procuram alguma evidencia de dor, seus olhos param em um ponto da minha bochecha que sei estar roxa e ele faz uma careta – Vou matar aquela vagabunda.

- Entre na fila – Eu digo e ele revira os olhos, mas sorri de lado – E Gabriel?

Sua expressão se fecha e eu procuro suas mãos apertando com força, ele desce o olhar para nossas mãos entrelaçadas e ouço o ranger dos seus dentes antes dele falar

- Está amarrado e pronto para sofrer as consequências

- Drick eu soube que a família dele foi ameaçada será que...

- Não, ele podia ter me contado, tudo o que ele fez foi errado desde o começo

- Eu sei, mas não poderia conversar com ele antes? – A expressão de Kendrick não sofre nenhuma mudança, então aperto sua mão e com a outra eu toco o seu peito – Por favor, ele é seu amigo

- Amor....

- Drick, só escute – Ele abaixa a cabeça e assente, dou um sorriso aliviado. Porque mesmo que eu mesma queira matar o Gabriel, sei que ele não pode ter feito tudo isso sem uma explicação e pelos anos em que ele trabalhou com Drick ele tem ao menos a oportunidade de contar o que diabos aconteceu.

- Que merda está acontecendo com vocês dois? – Alan rosna e eu pulo meio centímetro na cama, e solto um gemido com a dor que corta minhas costelas, Drick franze as sobrancelhas preocupado e se inclina para mais perto.

- Estou bem, ele só me assustou – Eu lanço um olhar acusador para Alan mas ele está encarando Kendrick com raiva – Okay, Alan sossega está bem?

- Sossegar? Você está pegando a minha sobrinha? – Alan se levanta e Drick resmunga um palavrão antes de se levantar

- Alan olha, eu não estou "pegando" sua sobrinha, eu...

- Não venha com ladainha Sage, eu sei muito bem o que eu estou vendo – Alan rosna se aproximando, olho para a mesinha e sorrio quando vejo minha adaga com cabo vermelho na cabeceira da cama – Primeiro, você chega desesperado no hospital e não quer sair do lado dela, segundo você nem ao menos quis deixa-la sozinha, mesmo que ela estivesse comigo e por último agora a chama de "amor"? Você quer morrer?

Eles ficam frente a frente, e interessantemente eles são da mesma altura, mas não importa, giro a adaga na mão antes de lança-la na direção deles, passando no meio e atingindo a parede do lado deles. Eles pulam para trás e Drick me lança um olhar de traição.

- Vocês vão parar agora? Eu estou bem aqui, e não preciso da porcaria de proteção paternalista, sou bem crescidinha Alan

- Então por favor, me explique – Ele joga as mãos para o alto como se pedindo socorro – Porque diabos com tantos homens correndo atrás de você, foi escolher logo o que não serve para você?

- Hey – Kendrick resmunga e eu dou risada da sua cara de magoa

- Olha tio, eu não o escolhi, não faça isso parecer maior do que de fato é

- O que quer dizer? – Drick fala e eu reviro os olhos

- Jesus, cadê a enfermeira para me dopar?

- Nos servimos? – Ayla pergunta e rapidamente o quarto se enche, cada um se aproxima e me abraça, até mesmo Scar e Colton

- Posso pedir um favor a vocês? – Eu pergunto e eles assentem - Podem tirar os chefões da máfia de dentro do meu quarto? Estou a um ponto de atirar em um deles.

- Parece que você já tentou – Colton fala e aponta para a parede, Scar coloca a mãos sobre a boca rindo e eu faço bico.

- Sim, mas não foi suficiente – Aponto para os meninos – Tirem eles, por favor

- Não acho que seja uma boa ideia enfrentar os chefes – Dylan fala olhando de lado para os dois.

- Ah pelo amor de deus, larga de ser frouxo – Abano a mão em direção a Alan e A Kendrick – Eles não passam de cachorrinhos com o osso.

- E você é o osso? – Ayla pergunta rindo

- Parece que sim, quando alguém toma, eles rosnam, é perturbador – Kendrick rosna ao meu lado e eu me viro para ele – Está vendo? Um cachorrinho.

Os outros riem e vejo Alan conter um sorriso, não tão bravo não é mesmo?