Capítulo 29

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Kyara

O melhor momento da minha vida....

Sair do hospital, sem precisar de cadeiras de rodas ou um apoio, tudo bem, eu meio que precisava do apoio, mas fingi que estava tudo bem, mesmo sentindo leves fisgadas na minha costela abaixo do braço. Mas quem saberia além de mim, não é mesmo?

Entrar no carro foi outro problema e sair dele também, mas estou viva até agora...Sucesso. Alan e Kendrick acabaram se mudando para outro apartamento do outro lado da cidade, só para o caso da cria do demônio querer voltar e tentar roubar os dispositivos que agora estavam muito bem guardados com Kendrick.

- Quando partiremos para Las Vegas? – Ayla pergunta atrás de mim penteando o meu cabelo, não conseguir mover os braços acima da cabeça era um pesadelo.

- Acho que amanhã, porque? Está sentindo falta?

- Quero meu café e minha cama e não é como se eu pudesse dormir direito com a bandida ainda solta – ela responde e a vejo franzindo a testa preocupada.

- Pode começar a relaxar Ayla, ela não virá atrás de nós – Olho para a porta e bocejo cansada – É Sage e os dispositivos que ela quer.

Ela termina de escovar em silêncio e se deixa cair ao meu lado, com as pernas cruzadas e um sorrisinho no rosto.

- O que? – eu pergunto e ela me dá uma piscadinha, lá vem, eu penso

- E você e Sage? Como irão ficar?

- Do mesmo jeito que antes – eu respondo e tento não demonstrar nenhuma emoção na voz, não quero pensar muito nisso – Ele em Nova York e eu em Las Vegas.

- Isso não é muito romântico – ela responde com uma careta e eu dou uma gargalhada

- Desde quando eu fui romântica Ayla?

- Tem razão, mas mesmo assim, vocês são feitos da mesma matéria – Ela gira o dedo em torno de mim e eu fico esperando que ela conclua – O Pétros me contou o que aconteceu na casa de Patron, ele disse que Sage ficou te olhando como se sentisse orgulho ou algo assim.

Dou um sorriso e inspiro alto, Ayla até poderia dizer que nós éramos feitos da mesma matéria, e talvez de fato fossemos, mas não é como se fosse fácil para um de nós dois tomar uma decisão acerca do que somos se nem conversamos direito sobre isso. E no final – talvez – os breves momentos que passamos não tenham passados de breves cenas em que os dois precisam de uma escapatória da realidade, ou de se sentir como se houvesse algo bom em nós dois.

Mas, pensando bem.... Eu não me sentia assim, nenhum pouco. Mas não seria eu a dizer isso.

- Kyara? – A voz de Alan atravessa a porta e Ayla dá um pulinho na cama, talvez ela realmente tenha ficado assustada com o que aconteceu.

- Pode entrar Alan – respondo.

Alan abre a porta e olha par dentro do quarto, ele nem precisa dizer nada, Ayla se levanta e sai do quarto a fechando e ele se encosta na parede do quarto, olhando para a janela, para o chão e por último para mim.

- Sage veio até mim dizendo que Eric não merecia sua atenção, e isso quer dizer que ele muito gentilmente o liberou da surra que ele merecia levar.

- Na verdade, Kendrick até deu uma surra nele, junto com os meninos

- Mas não foi o suficiente para colocar juízo na cabeça dele – Passando a mão pelos fios do cabelo, Alan se afasta da parede e vai até a janela, olhando para fora – Tomei a decisão de tirar ele do gerenciamento dos cassinos. Eu tenho um amigo de confiança que gerencia alguns dos meus empreendimentos na Alemanha, Eric ficará uns tempos por lá, trabalhando como garçom ou alguma coisa assim.

Arregalo os olhos e abro a boca para perguntar, mas a fecho logo em seguida, mas ele me vê pelo reflexo e se vira para mim, com a sobrancelha arqueada.

- Contou para ele?

- Sim, hoje de manhã – vejo ele batucando os dedos na janela, deus, ainda tem mais coisas para ser dito? – Sei que provavelmente você tem planos para si mesma. Mas eu gostaria de deixar você a encargo oficialmente dos cassinos Kyara, não como sobrinha, mas herdeira da máfia.

- O que? – Me levanto e tento não fazer uma careta com a fisgada que corre para o meu braço – Alan, acho que isso não é uma boa ideia

- Porque?

- Primeiro, as pessoas que trabalham para você não são muito evolucionistas quanto ao cargo que era para ser de um homem – pelo menos na cabeça deles – E segundo não é como se o seu único filho fosse aceitar.

- Não me importo com o que Eric pensa, ele fez a escolha dele, escolheu trair a família dele, ponto final – Seus passos e seu olhar são seguros enquanto me observa – Quanto ao primeiro ponto, você não pode e nem deve ser questionada, homens tentaram lhe derrubar sendo você homem ou mulher, dependerá de você ser derrubada ou não por eles.

Reviro os olhos e resmungo, minha cabeça acabou de começar a doer de novo.

- Isso tudo é muito bonito Alan, mas ainda acho que é uma péssima ideia. Não sou tão boa assim como você faz parecer, eu só fiz tudo isso porque tive exemplos seus.

- Exatamente, mas não foram meus exemplos que fizeram você chegar aqui, foi você mesmo, foi você e sua capacidade inédita de ir atrás do que quer, de lutar pelo que quer.

- Isso é uma crítica vestida de elogio? Porque pude jurar que você acabou de me chamar de impulsiva.

- Talvez – Ele diz sério e eu começo a rir, meu sorriso dura apenas alguns segundos antes de cair dos meus lábio e uma expressão séria e preocupada ficar no lugar dela – Não quero que me dê uma resposta nesse momento, mas pense no que eu disse, você nunca teve medo, porque teria agora?

Ele sai do quarto com seus passos pesados e eu volto para a cama, me sentando na beirada, minha cabeça lateja e meus olhos estão pesados.

Não é uma boa hora para dormir mas é o que eu faço, porque podia jurar que quando acordasse eu teria uma decisão acerca do meu futuro na ponta da língua. Uma noite bem dormida sempre é um bom começo para decisões boas.

A Dama de FerroOnde histórias criam vida. Descubra agora