Meu Pequeno Grande Segredo

A Vida em Cena

Bulma estava disposta a levar seus planos adiante, estava fazendo um favor a ela e a Vegeta não levando aquela gravidez acidental à frente. Mas saber disso não diminuía a aflição no peito dela.

"Puxa! A mamãe tá parecendo tão nervosa. Mamãe não precisa ficar nervosa não."

A sensação que sentia era indescritível. A angústia apertou o peito de Bulma, contorcendo suas entranhas em um nó. Ela fechou os olhos. A desolação a tomou, deixando-a vazia e com dor.

O pesar a atormentava, e ela tentava o seu melhor para tirá-lo de seu peito e coração. Chacoalhou a cabeça com ainda mais veemência e sentiu os frágeis fios que a seguravam começarem a quebrar. Um sentimento de desesperança a deixou fraca com sua intensidade, e ela tentava bravamente se desfazer dele.

Um mês havia se passado desde que acordara na cama do chefe, ou melhor, na cama com o chefe, ela se corrigiu. Não havia como dar ao incidente o ar de respeitabilidade que ele não tinha, dizer que esteve na cama dele dava a impressão de que haviam premeditado aquela noite de sexo, em vez da dura realidade.

Não adiantava brigar com o chefe. Seria perda de tempo. Tudo o que conseguira fora se passar por mais tola ainda. E dera a Vegeta uma oportunidade para humilhá-la. Tudo no que conseguia pensar era na frieza com que ele a tratara. Bulma relembrou o momento pela milésima vez.

Estava ferida emocionalmente. Bulma tentou imaginar como estaria se sentindo agora se tivesse dito a Vegeta estava grávida. Mas não chegou a conclusão alguma.

Então, por que se torturar daquele jeito? Que diferença fazia saber ou não? Tantas perguntas para as quais ela não tinha respostas.

Você tomou a decisão correta. Uma decisão difícil e penosa...

Desejava que fosse assim mesmo, porque uma voz interior dizia que estava fazendo uma tremenda bobagem.

"Eu era apenas metade de uma vida. Um minúsculo óvulo dentro do corpo da mamãe, quando meu papai, no auge de seu amor com minha mamãe, mandou a outra metade de minha vida e o milagre aconteceu."

Como se fosse uma vozinha que vinha de dentro de sua alma dizendo-lhe que seu corpo abrigava outro espírito além do dela, que seu útero alimentava uma outra vida... Que ela estava renunciando seu destino.

"Se estou aqui é porque tive permissão para fecundar, não sei por que estou aqui, mas eu sei que sou o fruto do amor que no momento mais sublime se fez vida."

Bulma descansou a mão sobre a barriga ainda chapada e sentiu um tremor de incerteza rolar por ela.

"Mamãe eu sou uma vida dentro de você!" 

Um gemido baixo escapou de seus lábios. Era um som merecedor de pena que saiu mais como um uivo sem alma. Ela fechou bem a boca, recusando-se a se render ao puro desespero que tomava conta dela.

Not sure what I have to do
And why waiting to past through
This place is filled with secrets and I'm a fault

Not sure if I should tell my soul
How to think the chains that hold me dow

Não via uma luz no fim do túnel. Tudo parecia tão sombrio...

Havia feito tantos planos, mas agora...

Mas agora eles estavam indo por água abaixo. Via seu mundo desmoronar.

Bulma saiu do prédio apressadamente, fugindo de seus pensamentos, fugindo de suas dúvidas tentando escapar da dor que a estava dilacerando. Instintos maternais que não sabia possuir cresciam dentro dela, deixando-a desesperada para se esquivar da situação atual.