Um beijo de verdade

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"Jennie"

Meus olhos estavam arregalados, as pontas dos meus dedos tocaram os meus lábios quando ela se afastou, Lalisa sorria, talvez por conta do modo que eu havia reagido, ou talvez porque eu estivesse corada, não assustada com a situação, mas sim surpresa com aquilo.

- V-você me beijou? - sussurrei a fazendo rir baixo.

- Não, isso não foi um beijo - eu via o seu esforço pra segurar a risada, e a minha única vontade no momento era bater nela por estar rindo de mim, ou talvez a minha única vontade juntamente, era que ela me beijasse de verdade então - Preciso ir.

- Não... fica mais um pouco, por favor...

Me beije de verdade... por favor...

- Porque quer que eu fique?

- Porque eu gosto de você...- falei abaixando a minha cabeça, sentindo meu rosto arder tanto que começava a ficar dormente, mais uma vez Lalisa riu baixo se sentando na cama novamente de frente a mim, talvez ela soubesse o que eu queria, mas esperasse para que eu pedisse. Eu estava com tanta vergonha que no momento, falar, não fazia parte dos meus planos.

- Eu também gosto de você, pequena. Há mais alguma coisa que queria falar? - ela estava mais perto agora, de novo, sua respiração se chocava contra mim, era quente e refrescante ao mesmo tempo, ela tinha um perfume suave, uma essência que me fazia ficar fora de órbita por um tempo - Jen... você quer me pedir alguma coisa?

- Me beije por favor... um beijo de verdade...

Me assustei com o meu próprio pedido, nós não poderíamos, estávamos em um hospital que internava mulheres por conta do que eu havia acabado de pedir, mas eu não conseguia voltar atrás, acho que parei de raciocinar assim que as suas mãos me puxaram pela cintura me deixando ainda mais perto dela.

- Olha pra mim - pediu e mesmo contra tudo, eu a olhei.

Nossos olhos ficaram conectados durante um tempo; o tempo que ela se aproximava e eu recuava pra trás com medo daquilo. Medo não, uma palavra muito forte. E sim receio de fazer aquilo por conta do ambiente. De tanto que eu recuava para trás acabei por me encontrar deitada na cama, e quando olhei minhas mãos estavam no ombro de Lalisa que agora pairava por cima de mim, seus cabelos negros faziam uma cortina, uma barreira, mesmo que estivéssemos sozinhas, eu me senti um milhão de vezes mais confortável com aquela "barreira". Foi então que eu a olhei com mais atenção, sua franja era bem cuidada, alinhada muito bem tratada, seus olhos em um tom esverdeado com um formato puxado porém redondo continuamente, seu nariz era bem desenhado, suas bochechas eram adoráveis e a sua boca... não consegui prestar atenção porque no momento que os meus olhos caíram em seus lábios Lalisa se abaixou os grudando nos meus.

Apertei os seus ombros por um momento, incrivelmente eu me senti em paz, a paz que só ela trazia a mim, e não foi diferente naquele segundo.

Lalisa se distanciou por alguns segundos antes de selar nossos lábios mais uma vez. Ela fez isso durante um tempo, tentando ganhar a minha confiança, mas ela já tinha, sempre teve, e se eu estava ali, moldando a minha boca junto a sua todas as vezes que selinhos eram aplicados, era porque ela já tinha o meu coração em mãos.

Senti algo quente e entendi que era a sua língua querendo passagem, suas mãos que estavam sustentando o seu corpo desceram até a minha cintura, me fazendo sentir o seu corpo em cima do meu, mas não com todo o seu peso. Abri a minha boca arqueando as sobrancelhas quando minha língua acordou junto a dela, minhas mãos subiram aos poucos até se encontrarem com os fios da sua nuca, meus dedos achando uma nova diversão que era ficar entre seus cabelos negros. Lalisa se empenhava aos poucos, deixando que eu ditasse todo o ritmo do beijo, que estava lento, eu dominava a sua língua com poucos movimentos, e sorria quando percebia que ela me deixava ganhar de propósito, como se tivesse mercê a mim.

Eu flutuava com as suas mãos em minha cintura, que as vezes subiam pela lateral do meu corpo até um certo ponto e depois voltava a descer novamente, o peso do seu corpo agora não era mais um problema pra mim, pois o que importava é que ela estava ali. Arfávamos de uma forma intensa por procura de oxigênio, até que ela mordeu o meu lábio inferior e escondeu o seu rosto na curva do meu pescoço, sua respiração era descompensada, e provavelmente a minha também.

- Há uma coisa... que eu preciso te contar, Jen... - sussurrou ainda procurando ar.

- O que? - suas mãos apertaram a minha cintura, e senti por segundos que ela havia segurado a respiração e depois soltado pesadamente - O que é?

- Ninguém além de Jisoo, San e Seonghwa sabe disso, mas eu me sinto bem ao conversar com você e talvez esse peso que vive em cima de mim desapareça um pouco.

- Está me deixando com medo - murmurei preocupada mas ela apenas deixou um beijo singelo em meu pescoço.

- Não fui criada pelo o meu pai, o senhor Wooyoung. Fui criada por uma empregada que durante anos eu achei que fosse a minha mãe, mas isso é uma outra história. Eu nasci com alguns problemas, vindo disso a minha anatomia, talvez seja coisa da minha cabeça, mas durante anos eu me odiei por ter nascido assim, achei que em algum momento poderia contar ao meu pai sobre, mas depois que descobri quem ele realmente é, tudo o que eu faço é me esconder dele, esconder quem eu sou de verdade, esconder os meus sentimentos e até o meu próprio corpo. Você sabe o que é interssexual, certo?

- Sei... é uma mulher que nasce naturalmente com o órgão sexual de um homem... ou um homem que nasce naturalmente com o órgão sexual de uma mulher - falei tendo quase certeza das minhas palavras, eu e a minha amiga estudamos sobre isso escondidas dos meus pais, talvez eu estivesse certa.

- Exatamente isso, minha pequena - concluiu.

- Você é interssexual? - ela assentiu, seu corpo ficando tenso durante o longo silêncio que percorreu depois daquilo.

Puxei devagar os seus fios para que ela me encarasse e depois de um tempo relutante ela me olhou, seus olhos tinham medo, muito medo mas eu não entendia o porque porém eu quis acabar com aquilo quando a beijei. Senti que ficou incerta sobre aprofundar, mas sorriu quando a minhas mãos fizeram pressão em sua nuca para que ela não se afastasse.

- Está tudo bem - sussurrei - Você continua sendo a pessoa que me protege das pessoas más.

- E você continua sendo a minha pequena.

...

"Bebam água para o próximo capítulo, porque o negócio vai ser quente 👁👁"

1996 (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora