Seja forte

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Já fazia um bom tempo que estávamos andando, eu não sabia ao certo, o sol já estava no meio do céu, e a minha energia estava acabando de uma forma claramente estranha. Eu estava enjoada por algum motivo, meu corpo estava mole e eu estava com muito sono, mas tentava acompanhar o ritmo de Seulgi e Chaeyoung que paravam as vezes quando a minha situação estava realmente crítica,

- Já deveríamos ter chegado? Porque raios essa vila é tão longe?

- Economize na água, Jen... - Chaeyoung sussurrou quando eu sentei debaixo de uma árvore - Temos só duas garrafinhas, e sabe lá quando iremos chegar nessa vila.

- Será que Lalisa nos enganou? Inferno! Estamos andando a horas!

- Ela não faria isso com a gente! - me pronunciei, mas logo me calei quando mais uma onda de enjoo me tomou - Ela não iria nos enganar.

- Você não pode ter certeza disso.

- Eu confio nela ok?

- Parem vocês duas! Vamos, vamos continuar.

As duas me ajudaram a levantar e assim voltamos a caminhar para o norte. Descansei a cabeça no ombro de Chaeyoung, minha cabeça girando um pouco, eu precisava vomitar, mas tínhamos que economizar na água, céus... porque era tão longe, porque...?

O sol se abaixava aos poucos, e eu já estava prestes a desistir, me jogar ali no chão e ficar por ali mesmo porém Seulgi parou, parou de uma forma bruta me fazendo murmurar e olhar para cima... a vila... havíamos chegado na vila.

Algumas crianças corriam na entrada, junto a mulheres com cestos de roupas, alguns cavalos, vacas e vários outros animais, casas simples, um ar diferente. Nos aproximamos devagar, parando quando uma senhora se colocou na nossa frente, Seulgi segurou meu pulso e o pulso de Chaeyoung com força, como se já se preparasse para correr.

- Eu senti que vocês viriam - a mulher falou com um sorriso nos lábios - Solte-as, não irei machucar vocês.

- Como posso confiar em você? - Seulgi tomou a frente.

- Confiou em alguém mais novo que eu, que lhe garantiu que aqui é seguro, estou errada? - os olhos escuros da senhora voaram em mim, me encarou dos pés a cabeça e depois sorriu - Agora eu entendo o motivo pelo o qual a moça do hospital quer muito a sua proteção. Jennie, não é?

- C-como sabe o meu nome?

- Eu sei de muitas coisas, eu sei o porque estão aqui, e que bom que conseguiram nos achar. Venham, me sigam.

Seulgi olhou para nós duas, e começou a caminhar sem nos soltar em momento algum. A senhora nos guiou até a maior casa daquela vila, uma casa de madeira que aparentava ter dois andares, e ser a mais sofisticada dali, as pessoas nos olhava enquanto passávamos me deixando ainda mais retraída e com medo de algo que eu não sabia.

- Sentem, vou pedir para o meu filho preparar algo para vocês.

Olhamos em volta, cada detalhe, cada quadro e cada objeto que havia naquela grande sala, me agarrei ao braço de Chayoung mais uma vez sentindo aquela sensação estranha, meu Deus o que eu tinha...? Porque eu estava passando tão mal assim?

Se passou um tempo até um rapaz se aproximar de nós, deixando na mesa de centro um bandeja com tigelas, parecia sopa e o cheiro estava muito... muito bom. Seulgi se inclinou primeiro, bebericando a sopa e depois nos encarou, assentindo para que tomássemos.

- É uma falta de educação nossa não nos apresentar para vocês, eu me chamo Eliza e esse aqui é o meu filho Kai.

- Como sabia que iríamos chegar hoje? - Seulgi perguntou.

- Mamãe é vidente - o rapaz sorriu - Ela sabe o que irá acontecer.

- Eu sei de muitas coisas nas quais vocês jovens não sabem, eu sei da onde vocês três vierem e eu sei quem as mandou para cá - mais uma vez ela me olhou - Na intenção de te proteger, Jennie.

Ela estava falando de Lalisa...

- Seulgi fugiu juntamente para reencontrar a noiva, Chaeyoung entrou no hospital propositalmente para salvar a melhor amiga, e está aqui para protegê-la, e você, Jennie... está aqui por você, por ela, e por vocês duas, não é?

Eu assenti pasma enquanto tomava aquela sopa tão saborosa, a senhora sorriu se sentando a nossa frente, eu não deveria estar assustada, mas sim, eu estava apavorada.

- Seulgi... você vai reencontrar a sua noiva, ela está a sua espera, isso eu posso te garantir. Chayoung, uma mulher... uma mulher do hospital não para de pensar em você, e vira te visitar, talvez você encontre a sua felicidade nela. E, Jennie... você vai ser feliz por um tempo... mas... apenas seja forte.

Legal, todas elas com um futuro lindo e eu... apenas teria que ser forte! Mais? Ainda mais?

- Kai, você pode arrumar um dos quarto para elas? Vocês se importam em dividirem o quarto?

- É até melhor assim - Seulgi concluiu se levantando e se sentando ao meu lado - Jennie, o que você tem...?

- Eu não sei... - sussurrei sentindo a minha cabeça pesada - Eu preciso vomitar, Seulgi...

- Banheiro, segunda porta à direita - o homem falou.

Seulgi me ergueu em seus braços correndo pelo o corredor, tempo o suficiente para mim jogar tudo fora de uma forma bruta e descontrolada, minha cabeça girando e girando e em qualquer momento eu sentiria que cairia mesmo ajoelhada diante ao vaso sanitário.

Recuperei o fôlego assim que tive a certeza que mais nada sairia para fora, que no caso, não havia mais nada para ser jogado para fora por mim, descansei a cabeça no peito de Seulgi querendo que fosse Lalisa, precisava que fosse Lalisa.

Senti algo fofo em minhas costas e quando abri os olhos percebi que estava na cama, Chaeyoung e Seulgi estavam ao meu lado e Eliza segurava as minhas mãos, seus olhos eram tristes por algum motivo.

- Lalisa vai fazer de tudo... de tudo para sair de lá, ela vai te dar algo que irá mudar a sua vida, de todas as formas, a sua vida vai mudar de várias formas, Jennie. Tanto você quanto ela irão passar por coisas dolorosas, muito dolorosas, mas ao fim, uma será o oxigênio da outra, apenas seja forte, Jennie. 

...

1996 (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora