Incêndio acidental

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- Você quer ir comigo na próxima?

- Eu... acho que sim, pode ser - Jisoo sorriu meio de lado, olhando para as outras pacientes que andavam no jardim - Ficou estranho des que a Chae... que as três se foram.

- Sim... - mordi o lábio inferior, pensando em Jennie e nas nossas filhas em seguida. Será que ela estava bem? Provavelmente estava precisando de mim... que merda porque tudo tinha que ser tão complicado.

- No que está pensando? E porque está sorrindo?

Olhei para Jisoo, dando uma risada baixa e nasalada, não sabendo ainda se deveria contar, mas ela era minha melhor amiga, descobriria em pouco tempo, e ficaria uma fera comigo caso não contasse.

- A Jennie está grávida - sussurrei perto do seu ouvido - De gêmeas!

- O QUE?!

-Shhh! - tapei a sua boca, dando pequenos sorrisos falsos para as pacientes que olharam para nós assustadas - Ela está grávida, Jisoo! Minha mulher está grávida!

- De gêmeas? - ela sorriu assim que eu assenti - Então isso que você tem entre as pernas funciona mesmo! Parabéns! - então ela parou e pensou por alguns segundos - Ok, agora você precisa sair daqui o mais rápido possível.

- Nós precisamos sair daqui o mais rápido possível - argumentei - Eu tenho um plano... mas não sei se daria certo.

- Qual é?

Na hora que eu começaria a contar a ela, percebi os olhos de um segurança em nós duas, e por algum motivo isso me incomodou de uma forma que nunca aconteceu antes, fechei os meus punhos caminhando até ele em passos pesados e rápidos, ele não pareceu se incomodar com a minha aproximação, e eu também não me intimidaria com o seu tamanho.

- O que tanto nos olha?

- Eu sei o que você esconde do seu pai, e eu sei o que tinha com a Jennie.

- Sabe? Porque não falou pro meu pai até agora? - perguntei arqueando uma sobrancelha assim que ele deu um sorriso de canto.

- Porque eu quero encontrar a sua namoradinha e quero foder ela, até ela aprender a ser uma mulher de verdade-

O soco que eu dei na cara dele foi o suficiente para a minha mão ficar dormente por alguns minutos, e o suficiente para conseguir entortar o seu nariz para direita enquanto ele gemia de dor. Segurei a gola da sua camisa, com uma ira anormal em minhas veias, como se eu pudesse matar ele a qualquer momento.

- Escuta aqui seu filho da puta, ou você tire o nome da minha mulher da sua boca, ou eu acabo de quebrar o que você considera como rosto, me escutou? - o joguei no chão balançando levemente a minha mão, passando por Jisoo e a ignorando completamente.

Passei aquela semana com sangue nos olhos, podendo a qualquer momento matar um ser humano, calculava sem dó ou piedade como faria para libertar todas a mulheres que ali estavam, uma fuga noturna talvez, teria que ligar para a polícia eram muitas mulheres e se eu enviasse todas para a vila com certeza seria muito mais fácil achá-las, além de não confiar nelas, vai que alguma me entregasse ao meu pai, poderia estar tudo acabado.

- E se tirássemos em grupos de três? Tem cinquenta e três mulheres aqui-

- Irá ficar na cara, Jisoo, sair de três em três vai fazer meu pai perceber que alguém está facilitando a fuga e automaticamente ele focara em mim.

- Então o que você quer fazer!? Lisa, a sua namorada está grávida! Você tem que sair daqui logo.

- Eu vou conseguir sair antes que as minhas filhas nascem, isso eu tenho certeza. Porém eu não vou conseguir abandonar tudo aqui sabendo que muitas mulheres podem passar pela aquela merda de projeto. Isso é desumano, Jisoo!

- O seu pai é desumano.

- Não mentiu - continuei caminhando de um lado para o outro tentando achar alguma forma apropriada para aquilo - E se... tentássemos alugar um ônibus...

- Que?

- Será muito mais fácil tirar elas daqui-

- Você sabe dirigir?

- Não... - murmurei - Que merda!

- Aceita, Lisa, de uma forma ou outra a gente vai ter que chamar a polícia!

- A gente pode ser presa! Jisoo, eu tenho duas filhas pra criar, e uma mulher que precisa de mim-

- E eu tenho a Chaeyoung, Lisa! Eu sei o quão desesperada você está agora, pois eu também estou, não é só você que quer ou precisa sair daqui, eu quero sair daqui também! Mas não adianta nada criar planos mirabolantes sendo que em todos o resultado é o mesmo; polícia e prisão!

- Sugere alguma coisa?

- É arriscado... mas podemos tentar...

- O que? Eu topo qualquer coisa.

- Podemos tirar todas elas em uma noite e... atear fogo no hospital com os seguranças, enfermeiros e...

- Meu pai aqui dentro... - conclui balançando a cabeça - Espera?! Que? Está louca? Isso também pode levar a prisão!

- Não quando você esquece o gás da cozinha ligado... os polícias irão decretar como incêndio acidental, tiramos as mulheres daqui e deixamos todos queimar, e caso alguém sobreviva... estaremos bem longe daqui.

A encarei durante alguns segundos achando a sua ideia tão brilhante mas assustadora, que começou a ser a minha primeira opção de tentativa de fuga, poderia parecer psicopata da nossa parte, mas pra quem trabalhava naquele lugar, aquilo não era nada.

Depois de fecharmos o duto de ventilação caminhamos pela trilha, Jisoo ansiosa finalmente para ver Chaeyoung e eu claramente nervosa para ver Jennie. Uma semana parecia uma eternidade, e eu sentia que não era só eu que pensava assim.

- Hey... - sussurrei assim que Jennie se jogou em meus braços com força, igual a semana passada, ela chorava e soluçava me fazendo chorar também, eu amava tanto aquela mulher que não conseguia mais imaginar nada sem ela - Senti sua falta, meu amor...

- Eu também... eu senti muito a sua falta, Lili...

- Trouxe uma supresa para a sua melhor amiga.

- Jisoo! - peguei minha mochila do chão enquanto Jennie abraçava Jisoo, porém eu puxei o seu pulso pois aquele abraço estava demorado demais na minha opinião. Envolvi Jennie pela cintura conforme caminhávamos até a mansão, seu cheiro suave sempre era bom de se inalar.

- Temos visitas! Kai, coloque mais um prato na mesa, Lisa chegou e trouxe quem Chaeyoung tanto queria ver!

Observei calada quando a melhor amiga da Jennie desceu as escadas parando nos últimos degraus assim que Jisoo entrou na grande sala. As duas se encararam e a cena a seguir me fez sorrir; o jeito que Chaeyoung se jogou nos braços de Jisoo me fez arrepiar, pois sentia o amor das duas, e era lindo.

- Eu falei pra você que não iria se livrar de mim tão cedo, não falei? - Jisoo falou segurando o rosto da menina, que deixava as lágrimas rolarem sem controle pelo o rosto - Eu prometi que voltaria a te ver, não prometi?

- Huhum...

Olhei para Jennie escondendo o rosto na curva do seu pescoço e descansando as mãos em sua barriga, finalmente descansaria nos braços de quem eu realmente buscava conforto e segurança.

...

1996 (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora